17. Seokjin hyung, where are you?

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De volta! :3

***

Hoseok era bom em ser discreto, quando queria. A intenção se tornava mais fácil nos momentos em que tal discrição tinha que ser gasta com pessoas como Seokjin. O eterno crush de seu meio-irmão — infelizmente, porque se pudesse mudar isso, mudaria —, era daqueles tipos de seres humanos que não davam muita trela para o derredor, não prestavam grande atenção ao seu entorno. Coisa típica de quem vinha do interior, supunha. Yoongi, no início de sua vivência na capital, tinha esse mesmo jeitinho de agir. Chegava a ser fofo. Foi com o tempo que foi adquirindo mais malícia e passou a compreender que, numa cidade tão grande quanto a que morava na atualidade, todo cuidado era pouco. Seokjin ainda estava na fase de não ter essa visão. Segui-lo sem ser notado, por conta disso, tinha sido bem fácil.

Estava bem no encalço de seu hyung quando o viu parar diante da entrada de um prédio. Nesse momento quase fez um movimento errado, que seria capaz de o fazer ser pego, mas foi mais ligeiro e arrumou uma forma de evitar o pior. Esperou que Seokjin entrasse, e como quem não queria nada, voltou a andar e deu passos bem lentos na portaria, dando uma olhada no nome do prédio e na numeração do local. Anotou mentalmente as informações e, com passos mais largos, seguiu a caminhada como se fosse um transeunte qualquer, sem nenhum objetivo específico naquela área. Entrou numa cafeteria e se sentou, fazendo um pedido desinteressante, somente para passar o tempo. Tinha acabado de comer a excelente comida de Yoongi, não estava com fome. Só queria ter um pouco o que fazer para seguir com seu plano mirabolante de tentar descobrir quem Seokjin estava visitando naquele edifício.

Bebeu um café ruim e comeu um bolinho seco nesse processo. Enquanto se lamentava pelo dinheiro gasto numa comida insalubre — uma tristeza sem tamanho, perder grana assim —, deu uma verificada na internet sobre informações do prédio no qual Seokjin tinha entrado. Ficou sabendo, com isso, que o lugar era frequentado, em sua maioria, por pessoas de um poder aquisitivo considerado bacana, mas nada demais. Os moradores eram bem de vida o suficiente para não serem considerados pobres, mas não tinham renda o bastante para serem vistos como ricos. Isso intrigou Hoseok. Quem Seokjin conheceria nessa classe social? O único que correspondia a esse padrão que pensava ser do círculo de Seokjin era o próprio Yoongi. Não imaginava que Seokjin tivesse tempo ou oportunidade para conhecer pessoas desse tipo no local onde trabalhava, e antes de começar a sair com frequência, ele não era de ter uma vida social. Seokjin saía de casa apenas para trabalhar, levar a roupa para lavar e fazer compras. Dava para conhecer gente de um nível econômico superior com uma rotina dessas?

Talvez Hoseok estivesse sendo muito simplório em sua forma de pensar, mas achava que não. Ele mesmo, que vinha de uma família mais ou menos dentro do padrão de Yoongi e que se relacionava com todo o tipo de gente, desde os mais abastados até os mais castigados pelo sistema, por conta de seu trabalho, não tinha lá muitos conhecidos que fossem de uma realidade tão diferente da sua. Era incomum, não era? Pelo menos na vida real. No lado virtual quem sabe nem tanto, mas assim, ao ponto de Seokjin poder frequentar a casa da pessoa... Podia ser preconceito ou algo similar, porém Hoseok estava achando esquisito.

Estava super disposto a ficar pensando nisso e investigando morador por morador daquele prédio enquanto refletia, mas um de seus contratantes o chamou por mensagem e Hoseok ficou completamente aturdido com isso. Tinha se esquecido de que, naquele dia, teria uma espécie de reunião por videochamada com uma fanbase, e odiava fazer isso no meio da rua. Muito barulho, muita gente achando ruim que ele estivesse conversando com uma tela em público. Achava um puta saco. Mas não teria tempo de voltar para casa, então, abriu a chamada ali mesmo, naquela cafeteria de qualidade duvidosa, e começou a reunião com uma de suas empregadoras.

O encontro virtual demorou mais do que o esperado. Tinham muitos pontos que aquela fanbase queria discutir, e a conversa foi tomando rumos inesperados até que se tornasse algo bem maior do que o imaginado. Quando desligou a chamada, Hoseok teve que enfrentar os olhares nada agradáveis dos demais clientes do café, que mal podiam acreditar na sua ousadia de agir de maneira tão indelicada no meio de todo mundo. Encarou cada um com o orgulho que somente os que não tinham outra alternativa possuíam, e então pediu a conta. Conforme ia conversando com as donas da página, foi solicitando um ou outro alimento e bebida, sem prestar atenção nos preços nem nas quantidades. Assim que o garçom voltou com o valor final de seus pedidos, Hoseok quase perdeu a compostura que tinha conseguido manter até então. A dor de pagar um preço exorbitante por uma comida ruim voltou com força, mas não tinha o que fazer. Novamente se apossou daquele orgulho de quem não tinha saída e pagou o que devia, mas só o universo sabia como estava por dentro.

Ride (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora