13. Only a shower, and a dream

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Voltamos! Uma hora dessas, graças à Deusa, né non? Antes tarde que mais tarde...

***

Dry Martini podia ser um drink perigoso. O sabor era forte, marcante, mas bem gostoso, o que tornava difícil tomar apenas uma dose. Para quem não tivesse o hábito da bebida, era possível que a embriaguez viesse sem sequer a pessoa sentir. Beber não era corriqueiro para Seokjin, mas era um ótimo recurso quando se sentia ansioso, nervoso ou alguma emoção nesse sentido. Por isso, não protestou quando Namjoon preparou mais dois drinks para ambos, consequentemente alongando a conversa. Quanto mais álcool pudesse beber, e quanto mais tempo pudesse ter para relaxar, menos perturbado ficaria com todas as coisas que estavam fervilhando em sua mente naquele começo de noite.

Já tinha notado o interesse que Namjoon o despertou — por culpa de Yoongi, nunca se esqueceria de frisar isso —, mas de alguma maneira vinha conseguindo despistar quando a coisa ficava mais crítica. A sensação avançava, e então Seokjin a segurava pelo pescoço e a impedia de sair correndo mais rápido quando chegava o momento. Enquanto as coisas vinham lhe ocorrendo em público, na conveniência, era mais tranquilo fingir que nada estava acontecendo. No apartamento de Namjoon, não. Naquele ambiente privado, onde só os dois estavam e não havia distração, era bem mais complicado. Tinha que fazer um esforço monumental para se segurar, para impedir que as ideias quisessem tomar uma forma mais definida. E o pior de tudo era não saber por que exatamente estava se segurando tanto. Era óbvio que Namjoon tinha interesse, portanto, não tinha que lutar por nada. Essa parte já estava garantida. Seria tão somente questão de deixar a imaginação fluir e ver no que dava. Não fazia sentido tentar escapar, mas era o que fazia. E isso o cansava.

Quando estava em casa, deitado na cama ao lado da de Yoongi, ficava pensando o que realmente o assustava tanto na ideia de poder estar interessado em um homem. Aquilo nunca tinha sido uma questão para ele. Homens se relacionando com outros homens, mulheres que amavam outras mulheres, pessoas que não se identificavam com os gêneros que lhe foram designados ao nascer, outras que afirmavam terem gêneros diferentes dos estabelecidos... Às vezes era um pouco complicado de compreender uma ou outra coisa, porém nunca foi algo que o agrediu, na esfera que fosse. Sempre lhe pareceu muito tranquilo respeitar as pessoas por quem elas eram, sem tentar impor a elas algo que não lhes representava só porque assim a sociedade achava melhor. Não havendo crime, não sendo maldade, não ferindo ninguém, por que haveria de ter algum incômodo? Seokjin podia não conhecer sobre tudo, mas sua mente sempre foi aberta para as possibilidades. Em tese, não tinha por que se sentir acuado ao perceber que mesmo ele, que se considerava heterossexual, em um dia já não tinha tanta certeza assim. Mas ele se sentia um pouco assim. Tinha ali, dentro dele, um certo receio, um pouco de medo, talvez, de se deixar levar. E isso era incompreensível para ele. Como poderia ser tão aberto à quebra de padrão alheia e, quando parecia estar acontecendo consigo, achar que precisava fugir disso?

Desde que começara a frequentar o apartamento no intuito de dar aulas para Namjoon, vinha se questionando isso. Depois de tanto sufoco para se forçar a não sentir nada, não avaliar nada, não pensar em nada, vinha a dúvida do porquê, no fim das contas, se via em posição de fugir tanto. Se não havia problema nenhum com essas questões quando se tratava das pessoas ao seu redor, seria lógico que também não tivesse sobre si próprio. Mas estava assustado, e quando enfim conseguia dormir, tinha muito mais raiva de si mesmo do que qualquer coisa.

Por que não conseguia transpor a barreira que só existia em sua cabeça para se deixar levar pelo que quer que estivesse o consumindo? Namjoon queria aquilo. Estava disposto e não fazia o menor segredo sobre isso. Era só estender a mão para o alcançar. Mas enfiava tanta caraminhola na cabeça que não conseguia ir além de si mesmo e aceitar que, se estava se vendo numa situação tão conflitante e complicada, era por estar sendo covarde. Sim, não tinha nenhuma outra palavra capaz de representar o papel que ele vinha desempenhando. Não adiantava culpar Yoongi por o ter alertado, isso não mudava o fato de que estava sendo um grande covarde nisso tudo.

Ride (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora