5. Good with the hands

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A noite de Seokjin não estava correndo tão bem quanto gostaria. Em casa, antes de ir para o trabalho, acabou tendo uma briga bastante desagradável com Hoseok, e Seokjin odiava brigar com quem quer que fosse. Era certo que a culpa não era sua. Hoseok sempre implicava demais consigo, e Seokjin buscava levar da melhor forma uma vez que entendia o ciúme do rapaz em relação a si. Porém, daquela vez tinha sido um pouco mais tenso; Hoseok tinha exagerado em suas implicâncias de um modo anormal, e Seokjin perdeu a paciência, revidando à altura. A gritaria acabou chamando a atenção de Yoongi, que se posicionou ao seu favor, inflamando ainda mais os ânimos de seu meio irmão.

No fim, quando saiu do apartamento para ir trabalhar, já tinha se arrependido de ter se exaltado, e se sentia culpado por ter provocado uma rachadura entre os irmãos. Toda essa situação o fazia pensar no quanto necessitava, com a maior brevidade, sair da casa do amigo e ir para um canto todo seu. No entanto, a julgar pelo o que ganhava, isso ainda levaria um certo tempo, tempo este que Seokjin não julgava possuir, e isso o estava deprimindo.

Se ao menos tivesse se esforçado para estudar mais, ou tivesse um talento específico ao invés de ser relativamente bom em tantas coisas aleatórias, sua vida poderia estar sendo diferente. Pelo menos agora tinha um emprego, que se não pagava tão bem assim, lhe dava uma quantia certa de dinheiro e lhe devolvia a dignidade sempre que podia contribuir com as despesas que Yoongi tinha. Tal perspectiva, porém, não estava sendo o bastante para o animar daquela vez.

— Com licença, ahjussi.

Seokjin se assustou duplamente ao ver, na base do balcão, uma garota o chamar. Primeiro, porque não a viu entrar e, segundo, devido ao uso do termo ahjussi. Os anos estavam passando, mas sabia que não aparentava estar tão velho a este nível. Era uma moça bastante pequena, e não fosse pela evidente maturidade da pele, julgaria ser uma criança.

— Pois não?

— Vocês por acaso têm uma ala de medicamentos aqui?

— Sim, claro. Medicamentos padrão apenas.

— São os que eu preciso.

— Muito bem — falava com educação, solícito. — Eles ficam naquela prateleira. Quer ajuda para buscar o que procura?

— Não, ahjussi. Muito obrigada.

A moça lhe fez uma reverência, e mais uma vez Seokjin se assustou com o uso do termo geralmente utilizado com homens de meia idade. Quantos anos aquela garota achava que ele tinha? Se ela o chamasse de ahjussi mais uma vez, provavelmente se sentiria ofendido. Não faria nada quanto a isso, claro, mas nada o impediria de se sentir ofendido. Estava na casa dos vinte anos, na flor da idade. Como alguém podia olhar em seus olhos e o considerar um ahjussi?

— Boa noite!

Alguém cumprimentou ao entrar na loja, e Seokjin se virou no mesmo instante, sorriso a postos para responder. Quando viu quem era, um lampejo de reconhecimento brilhou em sua mente. Não se recordava do nome, nem do sobrenome, mas tinha certeza que já tinha visto aquele rosto antes. Era o cliente das camisinhas, aquele que ficou o encarando pelo reflexo do vidro noites atrás.

— Boa noite — respondeu também com polidez, no entanto, um pouco menos forçada.

— Será que ainda se lembra de mim? — O rapaz questionou, indo até o balcão e se apoiando ali.

— Sim... — Apertou os olhos, fitando o cliente.

— Kim Namjoon.

— Sim, claro. Kim Namjoon.

— Eu deveria ficar chateado por ter esquecido meu nome... — Aproximou-se um pouco, lendo o crachá na camisa. — Kim?

— Não deve ter muito direito de ficar, pelo visto. Kim Seokjin.

Ride (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora