Preciso ser forte

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Só de ver a fachada da minha casa,já era uma tortura pra mim,imaginei como seria daqui pra frente sem Cristian,acordar sem seus olhos que me davam tanta esperança.

Paro diante da porta e as lágrimas foge dos meus olhos.

Eu não era digna de entrar ali.

Minutos se passaram e eu ainda estava juntando forças para entrar.

Por fim eu respirei fundo.

Vamos Nora, você consegue!

Posicionei a chave no buraco da fechadura,mas a minha mão começou a tremer instantemente,dificultando o processo.

O suor desciam na minha testa,e a chave escorregava o tempo todo da minha mão,enquanto o corpo de Maria pesava nos meus braços.

O simples fato de abrir a porta se transformou em um grande tormento.

Acho que estou começando a pagar pelo o que eu fiz.

Como será que Jason,está com tudo isso.Será que ele está bem?

Balancei a cabeça e foquei no que realmente importava,afinal de contas a última coisa que quero é pensar no passado.

Foi tão difícil dar o primeiro passo,minhas pernas tremiam,meu coração estava acelerado,e eu não conseguia respirar.

Encarar o silêncio perturbador,e o imenso vazio daquela casa,os nossos retratos, foi extremamente doloroso,uma sensação horrível que não desejo nem para o meu pior inimigo.

Fechei os olhos,e vi um filme passar na minha cabeça,de tudo que vivemos e presenciamos naquela casa,momentos íntimos,de alegria e até os pequenos conflitos.

Subi para o nosso quarto e encontrei algumas coisas dele ainda ali reviradas,como se a qualquer momento,ele fosse entrar pela porta, com sua estranha mania de  organização,e arrumar tudo.

Tampei a boca,para conter o desespero e fechei os olhos me recusando a olhar pra minha vida vazia e fracassada.Sentindo uma dor queimar em meu peito.

Coloquei Maria em cima da cama,e corri para o banheiro e vomitei exausta,a beira de um ataque de pânico.

Sentei no chão e agarrei os joelhos apavorada.

____Eu não consigo fazer isso - Solucei aparando as lágrimas que caiam sem parar.

Eu estava quase me entregando ao desespero,quando me lembrei da minha filha.

Levantei com um pulo do chão,e corri para a porta,sem hesitar eu me joguei para aparar Maria que estava prestes a cair da cama.

Como não pensei em como seria perigoso deixá-la ali.

Que tipo de mãe eu sou.

Ela por outro lado,começou a rir,como se achasse tudo,uma grande brincadeira.Mas não era,e eu queria que fosse,eu queria está rindo agora ao lado de Cristian,e não chorando com a morte dele.

Mas ouvir o som da sua risada inocente, foi o que me fez perceber,que não importa o quão machucada eu esteja por dentro,eu tenho que me esforçar pra está bem por fora.

E tenho que fazer isso por ela.

Entendi que estar viva,não depende mais só de mim.

Ao mesmo tempo que eu imaginava,como seria ve -la  crescer sem um pai,sem alguém para protegê-la,ensina-la ser forte e corajosa,e pior o que eu faria se um dia ela descobrisse que fui eu a culpada disso tudo.

Dói só de pensar.

Mas irei enfrentar tudo o que vier pela frente,e vou fazer isso do meu jeito.

Ao começar por uma faxina.

Aos poucos eu fui me desfazendo de todas as coisas dele,roupas,retratos objetos pessoais,tudo.Ignorando completamente a dor latejante em meu peito,de ter que me livrar de tudo aquilo,mas eu precisava se quisesse recomeçar,e eu não queria que Maria crescesse com a ilusão de que sempre teve mais alguém ali,suas perguntas me mataria.

E se um dia ela me perguntar sobre o pai,eu vou dizer apenas coisas boas a respeito dele.

Se depender de mim,Maria nunca saberá de nada.

Quando eu fui esvaziar umas das gavetas encontrei uma foto em que Cristian aparece sorridente e radiante com uma camisa branca.

Por um instante,viajei nas memórias.

___Sorria você está sendo fotografado - Falei admirando o seu belo rosto pela a lente da câmera.

___Nora,para com isso,não é hora pra foto - Resmungou bloqueando a lente da câmera com a mão,mas não antes de eu captar um dos seus melhores sorrisos.

____Mas amor,você está tão bonito.

____Mas estou atrasado- Ele disse levantando da cama de camiseta e cueca. Deixa eu terminar de me arrumar,e aí você pode tirar,mas será só uma, ok.

___Ok - Pulei empolgada na cama.

___Pronta amor?

Mordi os lábios de excitação,em seguida  fiquei de joelhos na cama,e procurei um ângulo que seria melor.E a luz forte  do flash, é o que acaba me despertando daquela lembrança,voltando a minha triste realidade,onde Maria está prestes a se cortar com um caco de vidro.

_____Filha,onde achou isso - Falei tirando o caco com cuidado de suas mãos e jogando nas sacola de lixo.

Pego a foto novamente,e logo vejo os pingos de lágrimas dos meus olhos,mancharem o rosto de Cristian.

____Sinto tanto a sua falta.

Por fim,não consegui me desfazer daquela foto,então guardei ela em um lugar bem discreto,junto com a aliança que também não consegui me livrar.

Eu morria de medo que o rosto de Cristian,se apagasse completamente da minha memória.

Depois de pôr tudo dentro das sacolas,carreguei elas pra fora,em seguida fechei e tranquei a porta do escritório.

Suspirei.

___Com tempo isso não será mais do que um cômodo empueirado.

As pessoas escolhem como querem viver com as lembranças,e confesso que me livrar de algumas coisas,foi um pouco reconfortante.

Com o passar do tempo,aquela casa foi ganhando uma nova vida,novos nuances,e eu diria até um toque mais infantil e divertido.Todos os dias eu me ocupava,arrumando a bagunça que Maria fazia.

Minha rotina era resumida em fazer compras,arrumar a casa,cozinhar e brincar,tudo ao mesmo tempo.A sensação de ter um filho era boa,apesar de ser esgotante.

Amo a minha filha,seria capaz de fazer qualquer coisa por ela.

Mas sempre quando a noite caia,e ela dormia,eu chorava baixinho,agarrada o travesseiro preferido de Cristian,perdida em lembranças de um passado de não volta mais.

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