Fim

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Por fim as coisas voltaram ao normal, minha perna já havia melhorando e eu já estava conseguindo andar sem ajuda da muleta. Mas o médico recomendou que eu não pegasse peso por um
tempo e nem forçasse muito o local da fratura, além de não faltar a nenhuma  sessão de fisioterapia.

Meus pais voltaram pra casa depois do ocorrido e tentaram viver uma vida normal e eu prometi que visitaria eles sempre que eu pudesse. Principalmente por que o meu pai descobriu um câncer recentemente e vai precisar de todo o apoio necessário.

E mesmo sendo martelada pelas as dolorosas lembranças que presenciei naquele lugar, eu não poderia me afastar deles por causa disso.

E quanto a Alan, mesmo ele tendo provado que era inocente, e também deixado claro que Maria e eu éramos tudo para ele. Eu resolvi dar tempo ao tempo, até porque depois de tudo que eu passei, não sei se estou preparada pra enfrentar novamente um relacionamento.

Eu tinha sim uma divida enorme com
ele, mas eu não poderia paga-la, fingindo que éramos uma família completa e feliz. Embora Maria gostasse muito dele.

Ele sempre vai poder visitá-la quando quiser, mas ciente de que entre eu e ele, não haverá nada além de uma simples amizade.

Cristian vai ficar um bom tempo preso para pagar pelos crimes que cometeu, e eu vou fazer o que for preciso para garantir que ele apodreça na prisão e que fique bem longe de mim e da minha família.

No natal, Zoe e Sebastián vieram nos  visitar e além de presentes, trouxeram uma notícia maravilhosa.

_____ Estamos grávidos - Os dois disseram juntos, após contarem até três.

____ E de gêmeos - Completou Sebastián emocionado.

____ Nossa, eu estou muito feliz por vocês.

Abracei os dois, mas por mais feliz que eu estivesse, ainda havia uma angústia sem fim me corroendo por dentro. Zoe logo percebeu.

_____ Amor, vai lá preparar alguma coisa pra mim comer - Ela ordenou a Sebastian, porém com os olhos voltados pra mim.

____ Mas você já comeu - Ele diz coçando a cabeça.

_____ Sim, mas eu quero comer denovo, nāo esquece que agora somos três.

_____ Tá bom, eu vou lá - Ele deu meia volta, fazendo Zoe suspirar impaciente. Pode ser macarrão, depois que aprendi não consigo mais parar de fazer - Ele sugeriu com uma risadinha estranha.

____ Pode, some daqui.

Depois que ele saiu, ela se voltou pra mim e sorriu.

_____ Detesto macarrão, mas tudo pra tirar ele daqui, nāo é que eu não goste dele por perto, é que nesses
momentos  ele meio que dá uns palpites desnecessários sabe e eu...

Todo aquele falatório de Zoe estava me deixando ainda mais nervosa, então comecei chorar do nada, mas não
por causa da tagarelice dela e sim por que eu estava afim de por pra fora essa sensação ruim, e não tinha outra forma.

_____ Nora o que houve? Porque você está assim -  Ela buscou meu olhar, pois eu estava cabisbaixa

_____ Jason, morreu..

_____ Eu sei, eu sinto muito.

Eu não consegui chorar o dia que recebi a terrível notícia de que Jason estava morto, mas agora ao lembrar dele, me veio essa vontade repentina, como se a ficha só caísse agora.

Todas as memórias se agruparam de uma vez só na minha cabeça, e comecei a sentir um misto de sentimentos, entre ele a raiva.

_____ Eu ...estou com raiva Zoe. Levantei do sofá, nervosa, e
comecei caminhar pela sala. Porque eu não queria que acabasse assim, eu estou com raiva de mim mesma, de ter permitido que as coisas chegasse a esse ponto, não era pra ele ter morrido, eu nunca quis isso, eu estou com raiva do
destino, de Deus, do mundo, eu também estou com medo e decepcionada..eu não sei o que sentir, nem se vou lidar muito bem com isso.

Enterrei o rosto nas mãos. E entrei em total desespero até ser contida por Zoe.

____ Nora, não fica pensando no passado, pense que agora você está bem, sua filha também e que estamos prestes a comer o pior macarrão da
história.

Sorri em meio as lágrimas. Porque só mesmo Zoe pra me fazer rir em um momento como esse.

Ela recolheu uma lágrima presa no canto do meu olho.

_____ Isso tudo vai passar, você já passou por coisas piores e sobreviveu, então isso  é  fichinha, perto de tudo que você teve que passar, eu te admiro muito pela mulher guerreira e corajosa que você é, estou muito orgulhosa de você de verdade.

Abri um sorriso, mas lá no fundo eu  ainda estava preocupada com o futuro.

Mesmo que fugir nāo fosse a melhor
escolha, decidi aceitar a proposta de passar um tempo na casa da Zoe, agora que ela estava de licença a maternidade, poderiamos ficar juntas e
discutir vários assuntos de mãe pra mãe.

Maria estava bastante animada com a ideia de que havia dois bebês na barriga da tia dela, como ela
a chamava. E nos enchiam com as suas perguntas imaturas.

E tivemos que comer o macarrão horrível de Sebastián por um bom tempo, com tanto que ele
ficasse afastado das nossas conversas.

Alan me ligava todos os dias pra saber como a gente estava, até não ligar mais. Eu sentia pena por não poder estar do lado dele, mas estava cansada de pensar nos outros, precisava de um tempo pra pensar em mim, e quem sabe até rever minhas atitudes como mãe, para ser uma boa mãe para a minha filha.

Tive que fazer terapia por um tempo, para controlar um pouco os meus acessos de raiva, e aprender lidar com os meus traumas.

Mesmo atormentada pelo o medo constante de Cristian sair da cadeia, eu tenho tentado levar uma vida normal, sempre colocando o bem estar da minha filha acima de tudo. Somos como
uma só, inseparáveis, unidas por um amor difícil de ser compreendido.

E eu prometi para ela que aconteça o
que acontecer nada e ninguém vai separar a gente outra vez.

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