Minha única chance

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Ela estava prestes a desistir de procurar, quando relutante olhou para a porta do banheiro. Acompanhei
seus passos lentos indo em direção a pequena porta no canto do quarto.

Quando ela passou por mim, meu coração disparou e a raiva, deliberadamente borrou os meus olhos, me impedindo de enxergar com clareza, outras possibilidades.

"Você não vai machucar as pessoas que eu amo, sua bruxa".

Abri cuidadosamente a porta do guarda roupa, ignorando todos os pensamentos de auto defesa que surgiam pela frente, e me joguei  em cima dela fazendo a
arma que ela estava, cair de sua mão, indo parar embaixo da cama.

____ Sai de cima de mim, sua maluca - Ela gritou sacudindo meu corpo, enquanto eu arranhava seu rosto ferozmente, sentindo um prazer incomum, sentindo seu sangue escorrer em minhas mãos. Eu estava distribuindo toda a raiva que eu havia armazenado dela, por anos.

Por fim ela bateu meu corpo várias vezes contra a parede, até eu me soltar dela e cair no chão. Fiquei  deitada de bruços  impossibilitada de levantar por
conta da dor extrema causada pela queda.

Ela pegou a arma que estava embaixo da cama e se aproximou de mim. Levantei os olhos e me deparei com seu rosto levemente desfigurado.

Ela rapidamente se limpou com a manga da blusa preta que estava usando.

____ Sua bruxa - Balbuciei.

Ela sorriu friamente depois apontou o revólver na  minha cabeça.

____ Eu não queria fazer isso Nora, mas você me obrigou.

Engoli a seco.

Por um instante ela virou o rosto, e encarou o seu reflexo no espelho, e ficou horrorizada.

___ Olha só o que você fez com o meu rosto - Ela se voltou pra mim furiosa, abri um sorriso de satisfação. Eu queria ter arrancado os olhos dela.

Enfurecida ela chutou meu rosto.

Chorei de dor, sentindo meu rosto queimar.

____ É bom ferir as pessoas agora.

Ela agarrou o meu cabelo e levantou o meu rosto, olhei diretamente em seus olhos, sentindo o gosto de sangue na minha boca.

____ Sabe por que você não vai fazer isso, porque você é uma covarde, aliás sempre foi, e vai morrer como uma.

Ela soltou o meu rosto violentamente, e voltou a apontar a erma na minha direção , mas quando ela estava prestes a atirar. Cristian surgiu na suas costas e a empurrou, fazendo ela se atrapalhar e acertar o tiro em outro lugar.

Ela conseguiu se levantar e apontou a arma na direção dele, mas eu a agarrei pelos pés, fazendo ela perder o equilíbrio. Ela caiu e o revólver caiu de suas mãos. Cristian tentou pegar o revólver, mas em questão de segundos Eva se levantou e o impediu, acertando em cheio sua cabeça com um vaso artesanal.

Eu me apressei para impedir que ela pegasse o revolver, que era a minha maior preocupação, chutando ele para debaixo da cama novamente. Levantei e tentei parar ela , mas fui novamente derrubada no chão.

Ela estava descontrolada, frenética, mas suas ações consistia mais em se defender do que atacar.

Embora ela fosse mais velha, sua força era maior do que a minha, parecia que ela praticava algum tipo de arte maciais.

Seus movimentos eram precisos e certeiros. Ela sabia muito bem se defender, enquanto eu estava contando apenas com a força do ódio para revidar.

Como eu já estava caída no chão, ela me arrastou pelo cabelo pra fora do quarto. Em seguida me jogou  brutalmente pela escada, fazendo
meu corpo rolar até lá embaixo.

Foi possível sentir o osso da minha perna estralar com o impacto, provocando uma dor insuportável que me deixou totalmente imobilizada.

"Não, por favor não".

Tentei a todo custo me levantar, mas cada movimento era mortal.

Eu estava em desvantagem total, e vulnerável a qualquer ataque.

Era o fim.

"E agora, Cristian está desacordado, e  aquela louca vai achar minha filha.

Maria!

Com toda essa confusão, nem pensei nela. Nem imagino o medo ela passou presa naquele banheiro. Mas como vou salva-la, se mal consigo me levantar.

Fechei os olhos, me espremendo, soltando gemidos de dor e agonia.

Meu deus! Tenha misericórdia, eu sei que eu tenho sido uma filha ruim, e cometi muitos erros, mas por favor, não permita que essa mulher leve a minha filha, eu te imploro.

Gritei de dor.

Então subitamente eu  virei o rosto e olhei para o espingarda embaixo da escada. E lembrei que apesar de ter quase atirado em Cristian, ainda havia sobrado uma bala.

"Bom, se ela pegar minha filha, com certeza vai sair pela porta da frente, então essa é a minha chance de salva-la".

Eu estava sem nenhuma esperança, ainda mais tendo apenas uma única bala. Dessa vez eu não podia errar.

Aquela mulher não vai sair por aquela porta, a não ser que seja no caixão.

Senti o ódio subir para os meus olhos.

Enquanto eu tentava fazer um esforço
absurdo para me arrastar até o lugar onde estava a espingarda.

Um tiro foi disparado.

"Cristian".

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