Um susto daqueles

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Maria estava crescendo,e junto com ela a minha insegurança e o meu medo,mesmo não querendo,eu tinha que contar a verdade para ela,só isso iria estabelecer uma relação de confiança entre a gente.

Seus tropeços aos poucos foram se transformando em passos firmes e precisos e ela já articulava bem algumas palavras,me orgulhava o fato dela está se desenvolvendo muito rápido,ao mesmo tempo que também me entristecia por está perdendo esses momentos tão incríveis.

Um dia ao acordar,percebo que ela não está do meu lado na cama,levanto assustada e começo a procurar por todo canto.

Procuro embaixo da cama, dos móveis e atrás das cortinas.E nem sinal dela.Meu desespero aumenta,assim que vejo a janela aberta,e um banco escorado próximo a ela.

Como eu não pensei em colocar grades antes, que tipo de mãe eu sou.

Gelei,pensando na possibilidade de Maria ter pulado.

Me aproximei ofegante da janela.Meu coração parecia uma bomba relógio,prestes a explodir,assim que cheguei perto,fechei os olhos rapidamente,me recusando a olhar.

"Meu deus,por favor não".

"Como pude deixar isso acontecer".

"Minha mãe nunca vai perdoar".

A realidade na minha mente,já estava em níveis extremos,comecei a fazer mil orações a deus,pedindo para que eu estivesse totalmente enganada.

Quando abri os olhos e olhei para baixo,senti um alívio tão grande,que foi demais para as minhas pernas suportarem,e eu caí no chão de joelhos.

Soltei um suspiro trêmulo,e olhei para o céu em agradecimento.

Mas ainda faltava encontrá-la.

E se ela caiu da escada.

Ou simplesmente está se escondendo,ela adora fazer isso.

____Maria!

Chamei atordoada,mas não obtive nenhuma resposta,havia tantos perigos naquela casa,que ainda não era totalmente adaptada para crianças.E isso me deixava ainda mais preocupada.

Será que eu dormi mais do que deveria?

Desci as escadas tropeçando nos degraus,chamando por ela incessantemente,até ficar rouca,e chegando lá em baixo, continuei a minha busca.

Procurei por toda parte, enquanto os pensamentos ruins circulavam soltos pela minha cabeça.

A rua,objetos cortantes,a máquina de lavar que só precisava apertar um botão,e eu sei que Maria deve ter decorado isso,por que eu tenho costume de pôr a roupa pra bater,com ela no colo.

Passei a mão pelo cabelo aflita.

Por fim vou até a cozinha,onde por incrível que pareça foi um lugar que eu nem pensei,e era exatamente lá que ela estava.Na mesa havia um copo de leite.E ela estava em cima de uma cadeira, equilibrando com dificuldade uma caixa de cereal.

Assim que ela me,abriu um sorriso genuíno,e com as duas mãos ela estendeu a caixa na minha direção.

___Quer mamãe?

Junto com o sentimento de alívio,veio uma faísca de raiva,pelas coisas ruins que eu senti com o seu sumiço.

____Você nunca mais faça isso entendeu? Repreendi

Sem perceber eu estava segurando firme o braço dela,e quando me dei conta disso,soltei imediatamente.

Ela me olhou assustada,e não demorou muito pra começar a chorar.Então abracei ela e comecei chorar também,por conta do susto,por causa da minha atitude impulsiva,por tudo que estou tendo que passar sozinha.

Depois do susto,mandei colocar grades nas janelas,um grade de proteção nas escadas,trancas reforçadas nas portas,e muitas outras medidas de segurança,que garantia tanto a segurança dela quanto a minha.

Todas as noites eu fechava a porta do quarto antes de dormir,mesmo tendo avisado,isso não eliminaria a hipótese dela tentar de novo, afinal,ela era uma criança de dois anos.

Ela era imprevisível igual ao tio,e o engraçado era que ela nem era filha dele.

Como se não bastasse o susto,recebi um telefonema logo depois.

Deixei Maria tomando café e fui atender.Quando atendi, uma voz rouca e grotesca respondeu do outro lado, fazendo os cabelos da minha nuca se arrepiarem.

[ Olá Nora.

[Quem está falando?

[Não está reconhecendo minha voz,sou eu sua tia,Eva.

Larguei imediatamente o telefone,e o sentimento de raiva e medo me invadiu completamente.

Meu coração batia acelerado,e eu fiquei estática.

___Quem ela mamãe? Maria perguntou surgindo na sala,logo depois de eu apanhar o telefone e pôr de volta no gancho.

___Não era ninguém meu amor.

Olhei para ela e sorri,mesmo estando um caos por dentro.

Passei o dia inteiro me questionando sobre essa ligação.

"Por que ela estava ligando pra mim,o que será que ela queria?

Não deve ser nada bom,se tratando dela.

Logo meu corpo começou a tremer e o suor frio escorrer pelo meu rosto pálido.

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