Pronta para a próxima!

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???-Ei! Ei!

Alguém estava me chamando? Eu sentia uma dor latejante na cintura, senti que recobrava a consciência.

???- Eii! Tá acordada?

Alguém começou a me cutucar? Que voz era aquela? Acho que já tinha ouvido em algum lugar...
Eu abro os olhos e dou de cara com os olhos cianos e cabelos escuros de Muichiro Tokito.

Kai- O quê você...

Muichiro- Ah! Acordou!

Kai- Tokito-san? Onde está Shinobu?-Digo, ficando sentada na cama do hospital.

Muichiro- Shinobu? Acho que ela foi... Ah, não me lembro...

Kai- E o quê você está fazendo aqui?

Muichiro- Boa pergunta... Acho que eu estava em uma missão, aí eu percebi Shinobu e Tomioka, estavam te trazendo pro hospital. Você estava sangrando bastante, sabia?

Lembro da minha ferida na cintura, não estava doendo tanto, agora que estava enfaixada. Meu ombro também estava medicado, mas ainda sentia dor ao movimentar o braço.

Kai- Quanto tempo eu dormi?

Muichiro- Uns dois dias...

Kai- DOIS DIAS? ENTÃO QUER DIZER...

Muichiro- Sim... Amanhã é seu aniversário!- Diz ele, começando a sorrir.

Tokito é um cara estranho. Não lembra de nada. E está sempre observando as nuvens. Como ele apareceu em um banquinho do lado da minha cama hospitalar eu não sei.
E amanhã seria meu aniversário, eu faria 17 anos. Que droga, por que eu dormi tanto?

Kai- Tá, mas como você lembrou do meu aniversário?

Muichiro- Ele me contou.- Diz ele, apontando para a porta no momento em que ela se abria.

Tomioka- Kai-chan, já acordou?- Diz Gyuu, entrando pela porta.

Kai- Já, obrigada por me trazerem até aqui...

Tomioka- Sim, te levamos ao hospital da vila, onde o médico fez pontos em sua cintura e ombro. Depois, te trouxemos para a vila dos caçadores, com a ajuda de Tokito. - Ele explica.

Shinobu também entra no quarto, trazendo um pacote de plástico com bolinhos de feijão dentro.

Shinobu- Kai-chan! Acordou! Trouxe alguns bolinhos para você!- Diz ela, colocando o pacote na mesa do lado da cama.

Kai- Acordei, Shinobu, agora já estou pronta para a próxima, talvez daqui uns dois ou três dias eu já esteja curada. Vou poder continuar as missões!

Tomioka- Sim, que ótimo. Nós... Temos duas notícias, Kai. Uma boa, e outra que você não vai gostar muito...

Kai- Espera, o quê aconteceu? A boa primeira, por favor!

Shinobu- A boa é que logo mais todos os hashiras vão estar aqui, para vê-la. Até Shinazugawa estava preocupado.

Kai- Que bom, mas... E a ruim...?

Tomioka- Kai-chan, Rengoku não vai estar aqui. Ele foi morto.

Meu treinamento com Kyojurou passou diante dos meus olhos, uma pessoa em quem eu confiava e admirava, um professor, tanto na luta de espadas quanto na minha própria vida. Rengoku faleceu, e eu não pude ajudá-lo, por que estava inconsciente.

Kai- Kyojurou? Só pode ser um engano! Ele... Vocês olharam direito? Tem testemunhas, provas? Sangue? Eu quero ver o exame de sangue! O dna é dele?

Tomioka- Inosuke e Tanjiro viram a luta com os próprios olhos. Zenitsu acordou quando Kyojurou morreu. Sinto muito mesmo.

Eu comecei a chorar. Eu não podia perder alguém de novo. Mas eu perdi. Eu sentia as gotas quentes escorrendo pelo meu rosto. Eu não podia acreditar naquilo...
Os três me observavam enquanto eu chorava, em silêncio. Não disseram uma única palavra, o que era bom, não iriam me fazer ficar pior. Até que Muichiro interrompeu.

Muichiro- Por quê está chorando? Alguém morreu?

Eu, Tomioka e Shinobu fitamos Tokito, que estava com uma cara inofensiva. Estava me perguntando se ele realmente não tinha ouvido a nossa conversa.

Shinobu- Estávamos falando dele. Não faz nem um minuto.

Muichiro- Ah, é? Não prestei atenção, desculpem-me.

Kai- Você realmente não ouviu? Nada?

Muichiro- Não. Por quê?

Ignorei Tokito. Estava um pouco aborrecida por causa da sua ignorância diante a morte de meu amigo, mas o quê eu poderia fazer? Brigar com ele? De certa forma, ele não tinha culpa.
Tomioka, Shinobu e Tokito se retiraram do quarto hospitalar. Tirei um bolinho de feijão do pacote e comecei a mastigar. Minha mãe sempre fazia bolinhos para mim. Até o dia em que... Bem... Vocês sabem.
Passados alguns minutos, haviam sobrado somente dois bolinhos no pacote. Ouvi uma batida na porta do quarto.

Kai-Pode entrar!

Mitsuri abriu a porta e olhou para mim. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela falou:

Mitsuri- Soube? O que aconteceu com Kyojurou-san?- Perguntou

Kai- Sim... Eu nem consigo acreditar... Eu estava desmaiada com pequenos cortes superficiais, enquanto Rengoku entregava sua vida para proteger os passageiros do trem.

Mitsuri- Não se culpe tanto, não foi culpa sua, você estava muito machucada, além do mais, ele lutava contra uma lua superior, não um simples oni.

Kai- Eu acabei de lutar com uma lua superior, e sobrevivi, porém sem conseguir matá-lo!

Mitsuri hesitou um pouco. Ao que parecia, Shinobu ainda não havia contado sobre o encontro desagradável com a lua superior 2, Douma.

Mitsuri- Não sabia que era uma lua superior. Mas Shinobu nos falou das suas presas. Então quer dizer que você...

Kai- Eu sou uma meio-oni. Desde criança.

Aquilo saiu mais desagradável do que parecia. Onis são os seres mais horríveis do mundo, e agora eu era, de certa forma, parte deles.

Mitsuri- Hum. Vou deixar você descansar. Hoje a noite todos os hashiras vão vir aqui para comemorar seu aniversário.

Kai- Nossa. Obrigada a vocês, não precisava.

Mitsuri- Imagina!

Ela saiu do quarto. Eu deitei na cama novamente e fitei o teto. Não pude salvar Kyojurou, não pude decapitar o oni, deixei ele escapar. Maldito. Eu iria caçá-lo até o inferno! Mas aquele sorriso... Eu nunca admitiria para ninguém, mas aquele sorriso me fez sentir algo desconfortável e feliz ao mesmo tempo, impossível de explicar. E com o rosto de Douma em minha mente, eu adormeci.


Aqui acaba mais um capítulo, obrigada a todos que estão acompanhando a história, tá dando trabalho escrever mas vale a pena. Não esquece da estrelinha e até o próximo capítulo!

~~Abraços, a autora~~

Uma paixão peculiar...Onde histórias criam vida. Descubra agora