14 Dias (KiriBaku - BakuShima)

Capítulo 12 - Dia 10

— Kiri!
— Huh? — Kirishima se levantou, bem a tempo de ver o último de seus colegas saindo da sala de aula. Midnight estava na frente, mexendo em sua bolsa. Um pouco confuso, seus olhos piscaram para a direita para ver Ashido inclinada sobre sua mesa, seus olhos pretos e dourados arregalados de preocupação.
— Ei, você está bem? — ela perguntou, cutucando-o na testa. Kirishima recuou, batendo em sua mão de brincadeira. — Você ficou totalmente distraído o dia todo. — Kirishima piscou.
— Já acabou o dia? — Claramente, essa foi a resposta errada, porque lhe rendeu um suspiro preocupado e sobrancelhas franzidas. — O que há de errado, Kiri? Você pode me dizer — Ashido prometeu, com um tom sincero.

"Ah sim, claro. Minha alma gêmea parece ser uma idiota que não fala comigo, eu tenho uma queda por um cara que tem uma alma gêmea, e ontem à noite eu tive um sonho super assustador sobre nossa vida doméstica. Mas eu estou bem!"

— Apenas... uma noite estranha — Kirishima murmurou, empurrando sua cadeira para trás e ficando de pé, pegando sua bolsa e jogando-a por cima do ombro. Ashido estava bem ao lado dele. Ele odiava ter pensamentos tão agressivos, especialmente para seus amigos, mas essa parte dele era algo que ele não conseguia silenciar. Dando um sorriso para a garota de cabelo rosa, eles saíram da sala juntos, apenas para uma voz cadenciada chamá-lo de volta.
— Oh, Kirishima! Posso falar com você? — Piscando algumas vezes para limpar sua mente da neblina que parecia ter se instalado nela, Kirishima se virou.
— Claro! — Ele enviou um sorriso brilhante para Mina, que lhe disse que estava indo para os dormitórios antes de sair pela porta, seu cabelo rosa balançando no ritmo de seus passos.
— Sobre o que você queria falar comigo, Midnight-sensei? — Kirishima perguntou educadamente, voltando para sua mesa. Sua professora estava vasculhando sua bolsa por um momento antes de soltar um grito de alegria de vitória, puxando uma folha de papel e batendo-a com força desnecessária em sua mesa. Rindo para si mesma, Midnight ergueu os olhos para olhar para Kirishima, que estava completamente confuso, mas tentando não demonstrar.
— Eu fiz algumas pesquisas sobre o que você me perguntou sobre almas gêmeas. — Ao ver seu olhar vazio, ela elaborou. — Sobre algumas pessoas não tê-las?
— Oh! — Kirishima sentiu um rubor subir em suas bochechas. — Você não precisava fazer isso, sensei. — Midnight deu de ombros, sem se incomodar com seu aparente constrangimento.
— Eu queria. Tópicos como esse são interessantes para mim. — Ela pausou, então baixou seus olhos escuros para o papel solitário na madeira. — Você me perguntou se era possível alguém não ter uma alma gêmea, e suponho que a resposta que dei foi incorreta.
— pessoas que não procuram uma, certo? — Kirishima murmurou, a memória retornando e momentaneamente afastando a sensação desconfortável em sua mente.
— Exatamente! — Midnight declarou, pegou a folha e virou para ele, um dedo fino apunhalando o segundo parágrafo ou algo assim. — Mas eu encontrei isso! — Ela se virou para encará-lo e começou a ler. — "Pode-se supor com segurança que, se alguém pode ativar as vantagens de sua conexão com a alma gêmea, então a alma gêmea está lá fora, esperando. Somente se não houver brilho em seu antebraço você pode declarar com confiança que sua alma gêmea está perdida ou nunca existiu. Em primeiro lugar." — Midnight olhou para ele animadamente, mas não disse nada.
— Então... — Kirishima meditou. — Se você não pode se comunicar com sua alma gêmea, você não tem uma?
— Precisamente! — Midnight puxou a manga da blusa amarela para cima e arrastou o dedo mindinho pela superfície delicada de sua pele. Uma fina linha azul apareceu sob seu toque. — Se eu fizesse isso e nada acontecesse, eu não teria uma alma gêmea.

E assim, um peso foi tirado dos ombros de Kirishima. Claro, sua alma gêmea não falaria com ele, mas pelo menos ela estava lá. Viva. Talvez não tenha certeza, mas Kirishima prometeu encontrá-la.
— Obrigado, Midnight-Sensei — Kirishima disse, tentando não parecer muito grato, mas ainda querendo parecer satisfeito.
— É um prazer! Os jovens e seus interesses são tão intrigantes, fico feliz em ajudá-lo! — ela sorriu suavemente, e Kirishima teve um salto extra em seu passo quando ele saiu.
— Tchau! — ele disse, então praticamente correu todo o caminho de volta para os dormitórios. Ao entrar na sala comunal, Kirishima descobriu que não conseguiu ver Bakugou, Kaminari, Sero ou Mina. Ainda assim, isso não foi suficiente para tirá-lo da pequena felicidade que ele parecia ter adquirido. Ele tinha uma alma gêmea.
Ele tinha uma alma gêmea. Agora era apenas uma questão de encontrá-la.