14 Dias (KiriBaku - BakuShima)

Capítulo 3 - Dia 2

Bip. Bip. Bip. Bip. Bip. Bip. Bip.

— Tudo bem! — Kirishima bateu a mão em seu despertador, errando o botão na primeira tentativa, mas esmagando-o diretamente na segunda, um silêncio feliz envolvendo-o enquanto o barulho repetitivo calava a boca.

A primeira coisa que fez foi voltar o olhar para o antebraço, uma parte dele ainda esperando, ainda acreditando que haveria uma resposta, uma resposta, mas é claro que era nua. Não olá, não bom dia, nada. Kirishima sentiu a tristeza aumentar, mas a descartou. Afinal, Kirishima há muito se acostumou com o fato de que ele era provavelmente uma das únicas pessoas no mundo que não tinha uma alma gêmea, então, em vez disso, puxou o edredom até o pescoço, tentando evitar olhar para o braço.

Sua cama estava deliciosamente quente, edredom enredado em suas pernas e um braço pendurado frouxamente sobre a borda. Decidindo que poderia passar mais cinco minutos aproveitando o calor que havia gerado durante a noite, Kirishima se aconchegou mais abaixo, com um pequeno sorriso no rosto. Após passar muito mais de cinco minutos e possivelmente adormecer novamente, Kirishima relutantemente jogou o edredom e se levantou, prestes a se preparar para o dia em que seus pés encontraram algo desconhecido. Algo macio e saltitante estava sob as pontas dos dedos dos pés, ainda quente. Kirishima olhou para baixo e viu o futon, lembrando de repente que Bakugou estava com ele. Ele olhou ao redor da sala, febrilmente lançando seus olhos para frente e para trás, mas não vendo ninguém. Imaginando que deveria ter saído cedo, Kirishima continuou com sua rotina matinal.

Primeiro foi tirar o pijama, o que ele fez, colocando uma calça de algodão e um moletom sem mangas, ambos em tons neutros de cinza contrastante. Ele apreciou o conforto de ambos, feliz por decidir buscar o aconchego em vez da moda. Talvez isso não fosse muito viril da parte dele, mas... Afastando o pensamento de sua mente, Kirishima disse a si mesmo que conseguiu a quantidade certa de estilo e opulência, entrando em seu banheiro e começando a pentear o cabelo, cobrindo as mãos grandes com gel e cobrindo os fios com ele. Para seu desgosto, Kirishima notou o início de suas raízes negras começando a aparecer, e lembrou que não tinha mais nenhum corante.

"Depois eu compro mais tinta de cabelo" ele observou mentalmente, espetando os dois 'chifres' da frente, como ele gostava de chamá-los, indo até à parte de trás. Depois de alguns minutos, ele terminou, a rotina não demorando quase tanto quanto costumava, e Kirishima admirou seu trabalho no espelho por um momento.

Um menino olhou para ele, mas não o que ele costumava ver. Este menino era ousado, confiante. Ele não tinha medo de nada, era amigo de todo mundo. Ninguém sabia que esse menino tinha inseguranças, medos ou fraquezas. Esse menino era forte. Kirishima acenou para o menino, que acenou de volta, e então ele saiu, pegando seu telefone enquanto saía da sala. Curiosamente, Kirishima não encontrou ninguém no caminho para a cozinha, e ele se perguntou por quanto tempo ficou na cama, mas não estava muito preocupado. Era fim de semana, afinal, e não havia ninguém para gritar com ele por dormir até tarde, então Kirishima foi vagarosamente até o elevador, apertando o botão que apontava para baixo e esperou.

Deixado sozinho com seus pensamentos, a mente de Kirishima começou a vagar, e o rosto de seu pai flutuou para a frente. Apesar de não querer saber, não querer se importar, Kirishima se viu imaginando como estaria sem ele ali. Kirishima sempre foi o único a limpar a casa, cozinhar o jantar, certificar-se de que a correspondência fosse ordenadamente classificada em trabalho, pessoal e manutenção da casa. Seu pai seria capaz de fazer tudo isso em cima de seu trabalho urgente? Uma parte cruel e desagradável de sua mente esperava que ele não conseguisse, que ele não estivesse lidando com isso e queria Kirishima de volta para ajudar. Talvez se ele voltasse, seu pai iria tratá-lo melhor, apreciá-lo em vez de desprezá-lo como sempre fez.