Não Hoseok

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Ontem falei para Hoseok sobre o visto e meu namorado reagiu melhor do que imaginei, falou que daríamos um jeito. Hoje me chamou para jantar com seus pais, estou usando uma calça de alfaiataria e uma T-shirt verde.

A família Jung me recebe muito bem, como de costume, estou conversando com senhor Jung sobre a riqueza da culinária brasileira, senhora Jung e a filha estão arrumando a mesa de jantar, tentei ajudar, mas falaram que eu era convidada.

A campainha toca e fico surpresa quando os meninos chegam, porque Hoseok não me falou nada. Mas nada demais também.

Namjoon está acompanhado de uma coreana, baixinha com cara de metida, deve ser a Yumi, jiwoo me falou que Namjoon estava namorando com a irmã de um amigo de Jin, herdeira de um conglomerado de alimentos.

...
A tal de Yumi passa a noite toda me olhando com cara de nojo ou me ignorando. Provavelmente é uma xenofóbica. Apesar das situações constrangedoras que vivi com Namjoon e Hoseok, os dois estão bem e eu e Namjoon, apesar de não sermos melhores amigos, até porque continuo evitando esse mundo do Hoseok, conseguimos conviver sem constrangimentos.

— Você tá linda Bra! — Bossa-nova fala e eu o abraço.

Ficamos conversando sobre ritmos musicais para desespero do meu namorado que tenta ficar a sós comigo, mas não consegue.

— O jantar está servido — senhora Jung anuncia e vamos para a mesa. Me sento ao lado de Hoseok. Meu sogro entrega um vinho, que percebo ser caríssimo, para o genro, que serve a todos. Hoseok se levanta e eu o olho sem saber o que está acontecendo, pelo visto sou a única que acha estranho. Todos estão sorrindo e as mulheres da família Jung estão com olhos marejados. — que não seja o que estou pensando—. Minhas mãos começam a suar, fico nervosa.

— Hoje eu queria declarar meu amor por você Bra, na frente de todas as pessoas que são especiais para mim. — Hoseok me olha sorrindo e eu torço para que eu esteja errada. — Eu te amo muito. Quero que você fique comigo aqui na Coreia e na minha vida. Nem pense em voltar para o Brasil mocinha. — balanço a cabeça em negação, o desespero tomando conta. Falo não com os olhos e com os lábios, sem emitir som. Mas Hoseok não percebe.

— Aceita ser minha mulher? Casa comigo? —Eu começo a chorar, quando meu namorado se ajoelha e abre uma caixinha revelando um solitário que eu não ouso cogitar o quanto custa. Mas choro porque sei o motivo desse gesto e porque não posso aceitar.

Eu não respondo e o sorriso de Hoseok começa a sumir de seu rosto. Vejo medo, insegurança surgirem no seu olhar.

— amor? —  Hoseok segura minha mão, ouvir isso corta meu coração, o ambiente fica em silêncio.

— Eu não posso casar só por causa do visto amor ...

— Não é só por causa do visto, a gente se ama. — Hoseok fica completamente de joelhos na minha frente, seu nariz está vermelho e sei que está quase chorando.

— Mas a gente só tá juntos há um mês.

— Mas nos amamos há anos.

— Eu não posso aceitar— Hoseok começa a chorar e eu fico completamente mal, como se eu o estivesse ferindo.

— Eu não vou suportar um relacionamento a distância. — sua voz mal sai e deita a cabeça em minhas pernas.

— Eu ainda posso conseguir um emprego— falo acariciando seu cabelo.

— Nós dois sabemos que isso não vai acontecer em dois meses, não quando você recusa a ajuda de todos os seus amigos — Hoseok me joga na cara que não aceitei trabalhar com um conhecido de jiwoo, mas não é na minha área e o salário não pagaria minhas despesas. Obviamente Jiwoo não sabia disso, nem Hoseok.

— Eu só quero conseguir por mérito próprio— justifico.

— Trabalha comigo — meu namorado apela.

— A vida não funciona assim Hoseok, você tá parecendo um menino mimado.

— E você tá parecendo uma orgulhosa, é tão difícil aceitar o meu dinheiro? A minha ajuda? — é a primeira vez que Hoseok levanta a voz e eu não gosto.

— Não vamos entrar nesse assunto. Não podemos ter tudo Hoseok. Eu não quero seu dinheiro, quero que você me entenda e me apoie.

— Eu não consigo entender, porque você não me aceita? É tão difícil? Você não me ama? — as lágrimas do meu namorado já molharam toda a minha roupa — você não gosta do meu mundo, não gosta do meu dinheiro, só gosta do meu corpo?

— Nós não estamos sozinhos. — falo olhando para o coreano que me encara de rosto e olhos vermelhos— eu vou embora quando você quiser conversar como adulto, só me fala.

— Bra se você for embora, acabou.

— Filho — ouço senhor Jung

— Eu vou embora Hoseok, você sabe meu endereço. — fico de pé e encaro todos, me curvo formalmente — Peço desculpas senhor e senhora Jung, desculpas todos — me viro e saio.

O melhor amigo da história (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora