Se eu morrer, que seja pra te proteger

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"Não pensou em seus atos e não mediu as consequências apenas se adiantou segurando o rosto de seu príncipe e o grudou seus lábios, e os do loiro eram macios exatamente como imaginara, doces como o figo.

Desejava permanecer daquele jeito o resto da noite, mas infelizmente as coisas não eram como queria."


Seu vislumbre do Olimpo não durou muito já que foi emburrado com violência e bateu a cabeça no apoio da cadeira. Olhou para o príncipe e viu seu rosto transformado pela surpresa e raiva.

— Nunca mais faça isso — a voz apesar de baixa soou como gritos para o garoto que tinha o coração partido — eu sou seu príncipe herdeiro, futuro rei, me deve respeito e jamais, jamais esqueça seu lugar filho do general.

Nico assentiu fracamente sentindo seus olhos arderem, mas não choraria ali, já havia se humilhado o suficiente.

— Dispensado.

O menino pôs a mão na cabeça que latejava e sentiu os dedos molhados, a batida havia lhe causado um ferimento na parte posterior da cabeça, provavelmente nada sério, mas sangrava.

Segurou sua túnica branca na altura do coração e foi se arrastando antes de recuperar as forças das pernas e conseguir se por de pé para correr.

Will despencou na cama sentindo o peso de tudo que acabara de acontecer. O rosto triste de seu amigo ao mirá-lo, aquele olhar o perseguiu até mesmo quando se retirou para os braços de Orfeu.

Dias e semanas se passaram, todos sabiam que algo havia acontecido com o príncipe e seu Therapon para estarem tão distantes um do outro, isso deu margem para outros garotos se aproximarem com a intenção de ocupar aquele lugar.

Sempre que os olhos de Nico seguiam Will ele estava acompanhado de seus abutres, todos querendo apenas o que ele representava naquelas terras. Agora comia sozinho, treinava sozinho, comparecia apenas ele nas aulas de lira que tinha com o príncipe, passava as tardes preso em solidão, mas o que realmente o doía era ser ignorado por quem amava.

Implorou para o pai o tirar daquele palácio e estava de malas prontas pra ir morar uma temporada no que antes era seu tártaro, a casa de seu Erastos, mas pior para si era continuar a ver todo dia o sol iluminar os cabelos de mel do seu príncipe e não poder tocá-los.

Não teria como fugir, afinal aceitaria com mais facilidade o que queriam de si mesmo que lhe doesse a alma. Não era um coitado e sabia que podia ir contra seus estudos, mas tinha apenas duas alternativas: matar seu mestre enquanto ele dormia ou tentava tocá-lo, ou ainda confrontar seu pai e dizer que não gostaria de continuar seus estudos.

A primeira alternativa era a mais provável de ocorrer, já havia falado com seu pai e naquele dia pensou que teria uma adaga cravada no meio do seu crânio e quase teve de fato, agradecia por todos os compromissos do pai que evitaram que ele lhe matasse.

Foi se despedir do rei e da rainha por educação, eles haviam o aceitado em sua família quando se tornou Therapon de Will e agora deixava o palácio por tempo indeterminado.

O príncipe havia levado Heitor para almoçar junto consigo naquele dia, e então quando sua mãe o contou quem viera se despedir de si minutos antes, sentiu seu mundo parar, nunca imaginara que Nico teria a coragem de deixá-lo, havia feito um juramento de nunca o abandonar e agora o estava quebrando.

Ele precisava esperar seu tempo não era mesmo? Will ia falar com ele alguma hora, mas quando estivesse pronto. Agora se perguntava o porquê de Nico nem sequer ter tentado falar consigo uma última vez.

Luminous angel || SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora