Capítulo 7

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Naquela manhã os dois levantaram-se antes do nascer do sol, nenhum dos dois sentia vontade de se afastar, mas não poderiam correr o risco de ser vistos ou apanhados. Ambos sabiam que caso algum desses cenários acontecesse os dois seriam separados á força e o castigo não seria leve, principalmente para Misa.

Ezequiel, embora bastardo, é filho do rei então o castigo por adultério seria no máximo exílio. Mas para Misa poderia terminar em execução. Sendo mulher e rainha deixa-a com um grande alvo nas costas e para infelicidade de ambos, aquele ambiente está repleto de víboras que fariam de tudo para prejudicar alguém na esperança de receber algo em troca, sem pensar duas vezes.

Após se limparem e vestirem, colocaram a máscara que mostravam á sociedade todos os dias. O jovem foi o último a chegar ao salão, a enorme mesa já estava pronta com todos já sentados nos seus devidos lugares.

- Bom dia meu filho. - cumprimentou olhando-o andar até á mesa.

- Bom dia pai. - disse num tom baixo, mas suficiente para ser ouvido.

O seu irmão mantinha a sua típica expressão de desprezo no rosto. Misa tentava manter a sua concentração na comida, estar tão perto do jovem príncipe sem ser durante os seus encontros secretos deixava-a extremamente tímida e desconfortável.

- Quais os teus planos para hoje meu filho? - pergunta levando a sua caneca aos lábios.

- Irei com os soldados para a tarde de treino nas colinas. A última batalha além de inesperada foi muito exaustiva e tirou as forças de todos os homens, então nada melhor do que uma tarde de treino para recuperar as forças e astucia. - disse fazendo sinal á servente para que enchesse os copos de todos.

- Leva os mais novos contigo, deixa os mais velhos e experientes aqui, não podemos dar-nos ao luxo de ficar sem soldados para proteger o castelo. - disse continuando a comer, agora em silêncio.

- Ontem á noite desapareceste irmãozinho, não estavas a gostar da festa?! -  a voz de Karl é ouvida por todo o salão.

Como sempre Karl não conseguia conter a sua vontade de criar e provocar desordem. A sua inveja era gritante e apesar do mesmo negar com todas as suas forças, até para si mesmo, afirmando que apenas sentia desprezo por Ezequiel, a sua vontade de criar desordem e caos para o mais novo era maior que qualquer sentimento negativo.

- Não te consegues conter pois não Karl, sempre a destilar veneno. - disse o jovem encarando o seu irmão. 

- Apenas fiz uma pergunta irmãozinho, desapareceste de repente e não te vi pelo resto da noite. E  não foste o único, agora que penso nisso...minha querida madrasta, também desapareceste ontem á noite e só te vi esta manhã. - disse virando o seu olhar para Misa.

A jovem aproximou o copo dos seus lábios dando um longo gole, após pousar o copo e soltar uma respiração presa virou o seu olhar para o príncipe. - Eu sentia-me cansada, precisei de recuperar as minhas forças, então decidi deitar-me cedo. - disse ajeitando-se de novo na sua cadeira, virando a atenção para a sua refeição.

Um sentimento de, talvez nervosismo, tomava conta do rei. O velho sabe como ambos os seus filhos se comportam, como os dois são diferentes. 

- Só achei estranho o vosso súbito desaparecimento, fiquei apenas eu e o pai no meio daquelas sangue sugas. - disse apoiando o cotovelo sobre as costas da cadeira. 

- Que estás a tentar insinuar Karl? - pergunta o mais novo encarando o irmão de rosto franzido.

- Não tento insinuar nada irmãozinho. Apenas achei estranho, curioso...o facto de os dois terem desaparecido praticamente ao mesmo tempo, apenas com diferença de alguns minutos...por acaso não se encon...

Uma batida forte e estrondosa sobre a mesa assustou todos, imediatamente o príncipe ficou em silêncio.

- MAS O QUE É ISTO? QUANTAS VEZES JÁ DISSE QUE HÁ HORA DAS REFEIÇÕES QUERO APENAS CONVERSAS DE TEMAS AGRADÁVEIS, A MENOS QUE SEJA SOBRE TEMAS POLÍTICOS. - gritou o rei, todos presentes no salão encaram a mesa e os seus ocupantes.

- Pai eu apenas... - começou voltando a ser interrompido.

- A tua madrasta e o teu irmão estavam cansados, os últimos dias têm sido muito stressantes e cansativos para todos aqui presentes. Não admito que ponhas em causa a honestidade e valores de qualquer um aqui presente.

Todos as aias e serventes voltaram ao trabalho, nem uma palavra saia dos lábios dos quatro sentados á mesa. Em alguns minutos o pequeno almoço terminou, após a mesa ser levantada o mais velho levantou-se indo em direção da porta, mas antes virou-se de novo na direção do seu pai. 

- Hoje irei fazer uma caçada, levarei alguns homens comigo. - disse ajeitando as suas roupas.

- Muito bem. A que horas voltarás? - pergunta ajeitando-se na cadeira.

- Estarei em casa por volta da hora de jantar. - disse vendo o mais velho assentir. 

- Uma boa caçada meu filho. - disse levantando-se da sua cadeira.

- Até mais tarde, majestade. - disse fazendo uma vénia e indo em direção da porta.

Ezequiel: O Meu Bravo Cavaleiro ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora