Something Great

septem (7)

presente; adj.
que se presencia;
que se encontra, que se dá a alguém.

"Eu não"?
Foi a primeira coisa que Léia pensou quando deitou na sua cama naquele fim de noite.
"Como assim, eu não? Será que estou ficando louca por um acaso?
É óbvio que eu sinto muito, que ideia é essa Léia?"
Falas como essa estavam recorrentes desde que havia entrado em sua casa. De onde surgira aquela coragem de repente para falar que não estava sentindo muito por ter beijado a amiga sem querer?

Ok, a líbero sabia que não tinha sido um beijo de verdade, na verdade estava mais para um toque de lábios assustados. Porém, aquele arrepio que percorreu todo o seu corpo quando os lábios se encontraram, ela jurava ter visto passar por Daroit também. Só não sabia se isso era uma coisa boa ou não, tampouco sabia a razão de estar pensando tanto naquilo.
Não havia tempo para ter decifrado o sabor daqueles lábios, - talvez teriam gosto de vinho igual sua coloração depois de tantas taças bebidas aquela noite, - por isso, aquele friozinho na barriga lhe falando que queria mais, ela empurraria para bem fundo do seu ser e deixaria o desejo trancado lá.

- Espero não ter estragado tudo. - falou em voz alta e se forçou a dormir.

x.

No decorrer daquela semana Léia realmente pensou ter estragado tudo.
Priscila estava mais distante nos treinos, não ria de suas piadas e também não tinha chamado mais a morena para passear com o pequeno Jonny.

Tal distância acabou afetando Léia em um daqueles dias, quando ela chegou perto da loira lhe oferecendo um caloroso sorriso e um raro abraço, na tentativa de uma oferta de paz, e os dois foram recusados, lhe restando apenas uma distância fria.
Depois daquilo ali, a libero alegou estar com dores fortes na barriga e pediu pra ser dispensada o resto do dia.

Macris e Neriman, que viram toda a cena de longe, puxaram Daroit em um canto e fizeram a loira falar o motivo daquele gelo. Macris fez, enquanto Neriman apenas a olhou como quem olha uma criança que apronta.

- Tá, você vai dizer o que está acontecendo agora mesmo ou eu vou descobrir dos meus modos.

- Não está acontecendo nada. - rebateu.

- Vocês se beijaram. - Ozsoy afirmou. Pri abriu a boca para negar mas parou quando viu a mão da oposta levantada - Não estou perguntando.

Macris olhou as duas com os olhos semicerrados. Por sorte, conhecia a loira bem o suficiente para saber que ali ela estava tentando esconder a verdade.

- Ok. - suspirou a vegana - conta pra gente o que aconteceu naquela noite.

Daroit, sem saída, decidiu que contar de uma vez poderia ser a melhor saída.
Então, ela começou desde o seu nervosismo que lhe fez chamar reforços até todas as conversas que tiveram e a maneira como abriram o coração uma à outra.
Quando chegou na parte da despedida, hesitou antes de falar da troca que tiveram na frente da sua porta, porém, talvez suas amigas pudessem lhe ajudar com suas opiniões vendo a questão de fora.

- E foi assim que eu estraguei tudo. - ela levou as mãos para cobrir o rosto - como pude ser tão tola assim? Eu sabia que ela iria virar o rosto e forcei o meu pra mesma direção. Agora não consigo olhá-la nos olhos sem lembrar disso.

- Não acho que você tenha estragado tudo.. - falou Macris - ela está a semana toda correndo atrás de você e você a ignora.

- Acredito que você nao tenha visto, mas depois da cena de hoje ela pediu dispensa do treino o resto do dia. - Neri falou e colocou uma mão no ombro de Daroit para lhe passar apoio - talvez seja a hora de vocês conversarem de novo.

- Mas eu não sei como conversar com ela.. uhg! - ela resmunga frustrada - Léia estava sendo tão boa pra mim e eu apenas... fiz aquilo..

- Ok, eu tenho um plano. Confia em mim.

Disse Macris e a loira aceitou. Ela só não sabia onde aquele plano iria levar.

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Daroit chegou na frente da porta da líbero e perdeu toda a coragem que tinha juntado no caminho ate em casa.
Ela havia saído do treino, comprado o que Macris tinha instruído e estava seguindo todas as recomendações, talvez um pouco mais rápido do que os dois dias que a levantadora a tinha pedido para esperar para dar tempo a outra, mas ela sentia que precisava ser naquele momento.
Por fim, ela bateu na porta e aguardou ser aberta.

Demorou um pouco para ser atendida mas ela pode ouvir que era apenas por hesitação da líbero do outro lado da parede.

- Oi.. o que você está faze..

- Não. - Daroit a cortou - deixa eu falar primeiro, por favor.

A morena apenas assentiu com a cabeça.

- Eu quero te dar isso. É um cacto que chama " Estou sendo idiota com você, por favor me perdoe". Ele é bem fácil de cuidar e acredito que você nao terá problemas. Mas não que você precise de cactos para ser uma mulher completa, não estou falando isso, apenas que eu não sabia como chegar em você e se chegasse de mãos vazias poderia parecer que eu não estava tão interessada assim..
- ela tomou um fôlego para conseguir continuar seu monólogo, mas deixou sua mão levantada para demonstrar que ainda falaria e não queria ser interrompida.

Léia segurou seu sorriso com aquela cena, cruzou os braços e se encostou no batente da porta para continuar ouvindo a outra divagar.

- Também queria dizer que sinto muito por ter estragado nossa noite aquele dia, eu sei que fui impulsiva e me deixei levar pelo carinho e conforto que você estava me oferecendo, mas juro que não vai mais acontecer. Eu só quero ficar de bem com você... e se nada disso der certo eu apenas vou até a casa da Macris agora, primeiro dar um tapa nela pelo conselho que ela me deu e depois pedir colo e carinho. Mas você pode esquecer que eu disse isso.

Léia deixou seus ombros caírem, se aproximou da loira e envolveu seus braços ao redor dela. Ambas não sabiam o quanto aquele contato fez falta na semana.

- A gente pode mudar o nome dessa planta? - a morena questionou depois de um tempo, ainda mantendo seu rosto na curvatura do pescoço da loira.

- Apenas se você disser que estamos bem.

- Não vamos mais nos afastar, por favor.

- Eu prometo. - disse Daroit.

Quando elas viram que seria hora de encerrar o abraço, a loira segurou delicadamente o rosto da mais baixa e lhe deu um beijo, dessa vez na bochecha.
Léia fechou os olhos com aquele contato e deixou um suspiro escapar no meio de sua respiração.

- Agora sim está certo... boa noite fófis. - Priscila sorriu ainda tendo o rosto da líbero em suas mãos.

- Você não quer ficar?

Ela queria, mas decidiu que já tinham tido emoções demais para apenas um dia. Então apenas negou levemente, assegurando-a que já estava tarde e elas se veriam no outro dia.

Com um último e singelo toque nas mãos, elas se despediram mais uma vez.

Léia ficou olhando a outra sair e depois levou a mão à bochecha, sentindo ainda o fantasma daquele beijo que a incendiou completa por dentro.

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oi, pessoal

como estamos com esse capítulo?

queria agradecer a todo mundo que tem votado e comentado na história. isso me deixa muito feliz para continuar 😊

espero que tenham gostado,

até o próximo!