Something Great

undecim (11)

recomeço; s.m
ato ou efeito de recomeçar.
"aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira."

Daroit tinha ao redor de seu corpo o cobertor que Léia tinha deixado sobre sua cama, o cheiro da morena estava presente em todas as partes da peça e a loira só queria permanecer abraçada a ele.
Quando suas amigas chegaram, ela não falou nada. Sheilla a puxou para deitar a cabeça em suas pernas e começou um carinho calmo em seu cabelo.
Macris sentou de frente para as duas e começou a falar com a loira, que não ouvia uma palavra sequer.

- Pri, tá me ouvindo? - a levantadora chamou.

- Me diz, Macris, por que tive que falar aquilo pra ela?

- Quer nos falar o que aconteceu? - questionou Sheilla.

- A Gattaz não veio? - ela tentou adiar o assunto.

- Ela e a Neri foram pra casa da Léia, conforme comentei antes - disse Macris.

Priscila fechou os olhos com a menção do nome e decidiu compartilhar o que tanto lhe consumia.
Ela começou a falar desde a noite anterior, sobre a troca de mensagens e seu convite no escuro para a morena se juntar a ela. Depois, falou do turbilhão de sentimentos que a invadiu quando viu-a parada em frente a sua porta segurando um cobertor para passar a noite.
Ela também não escondeu o fato de que se sentiu segura como a meses não se sentia, apenas por ter aquele corpo perto do seu e a promessa de que ela sempre viria para si.

Conforme Daroit falava, mais lágrimas surgiam em seus olhos, mas desta vez ela as segurava para que sua voz não ficasse embargada e a atrapalhasse de continuar falando.

- A nossa manhã estava repleta de carinho, eu estava planejando um café da manhã para ela e depois um passeio para que pudéssemos curtir mais uma a outra. Mas aí ele apareceu e.. tudo ficou cinza. Eu apenas não queria que ela fosse afetada por ele, pelas palavras dele, mas não consegui segurar as minhas e acabei magoando-a.

- O que você falou pra ela? - perguntou Sheilla que ainda mantinha o carinho nos cabelos da loira.

- Eu mandei ela sair. - Daroit fungou - Não dei explicações, apenas disse pra sair que depois falaria com ela. Depois ela veio segurar minha mão e tentar dar um beijo em minha bochecha e eu apenas a afastei, como se não fosse merecedora de coisas boas só pelo fato dele estar no outro cômodo.
Mas ela entendeu como se não fôssemos nada. Eu não a culpo por ter interpretado dessa maneira mas agora não consigo mostrar o contrário.

- Você tem que esperar ela se acalmar.. - comentou Macris com cautela - ainda está tudo recente, as cabeças ainda estão processando as informações.

- Mas e se eu esperar e depois for tarde demais? - ela olhou para uma amiga de cada vez - e se eu estiver me apaixonando por ela? Eu simplesmente não vou conseguir suportar perder outra pessoa assim.

x.

No andar debaixo, Léia deixava suas lágrimas correrem soltas, disfarçadas por uma comédia romantica que passava na TV mas ela sequer sabia o nome. Nenhuma palavra tinha sido trocada desde que Gattaz e Neri haviam passado pela porta, elas somente ofereceram um sorvete e uma companhia silenciosa. A líbero estava agradecida por elas entenderem seu momento.
Quando os créditos finais rolavam pela tela, a morena finalmente achou seu momento para falar.

- Sabe.. eu realmente achei que seríamos mais que um caso de uma noite. E o irônico é que nem tivemos uma noite.

Neri segurou sua mão para mostrar apoio e ela continuou a desabafar.

- Estávamos tão bem, com planos para o dia, para o Jonny... como pode ter ido tudo por água abaixo só porque ele chegou?
Talvez.. Só talvez, se eu não tivesse recusado o convite da Thaísa pra gente sair pra beber aquele dia; talvez se eu não tivesse que olhar justo pro maldito sorriso dela, por que ele teve que ser o mais bonito da multidão? Por que o abraço dela tem cheiro de casa? Por que que até o nosso cachorro tinha que ser o mesmo?

Ela ja estava sem forças para continuar falando. Então, apenas aceitou o abraço que Gattaz lhe ofereceu.

Era irônico pensar que as duas mulheres, separadas por um andar e dois corações machucados, se encontravam na mesma posição, sendo consoladas por suas amigas por conta de palavras mal trocadas que acabaram criando essa confusão.

- A gente tinha prometido estar juntas mesmo se estivéssemos perdidas.. - falou a líbero por fim.

- Eu tenho medo de termos nos perdido tanto que não vamos mais nos achar no caminho. - Daroit suspirou cansada.

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( avanço de 1 mês no tempo)

Dizer que aqueles últimos tempos estavam sendo os piores era praticamente eufemismo para as duas jogadoras.
Daroit e Léia haviam tentado uma reaproximação cautelosa nos primeiros dias. A líbero deu a chance para a outra falar tudo o que sentia e não ficou para trás no quesito de expor seus sentimentos.
Em uma conversa tarde da noite, Léia deixou escapar no meio de uma discussão as palavras que tinha reconhecido dentro de si há algum tempo, mas que não havia proferido até então.

" Eu não posso fazer nada, apenas estou apaixonada por você e não consigo lidar com isso agora."

Depois desse dia, as duas apenas voltaram a se afastar, como promessa de esquecerem os sentimentos. Dois vínculos ainda ligavam as mulheres: o vôlei e o pequeno Jonny. Porém, este ultimo havia enfraquecido desde então, Léia respeitou o espaço que a loira havia lhe pedido e entendeu que o pequeno já não lhe faria visitas tão frequentes.
O trabalho, por outro lado, não estava diferente de quando começaram, mas o entrosamento das duas era possível qualquer um ver que era apenas forçado.

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Era uma quarta feira chuvosa e Léia estava preparando as malas que iria levar para o próximo jogo. Um raio cortou o céu assim que seus olhos bateram em uma certa camiseta jogada no canto da cama.
Ela ainda a tinha desde aquela manhã, tanto quando sabia que nunca mais teria seu cobertor de volta.

Quando pegou o tecido em mãos, ela o levou próximo ao nariz para sentir o cheiro. A muito não tinha mais o perfume da loira, mas somente de ter aquele tecido em mãos, seu peito batia mais forte com a esperança de casa.
Seria aquilo algum tipo de sinal?
Ela não podia negar mais que a falta de abraços não a afetava, que o fantasma dos beijos trocados não rondava sua mente vez ou outra. Tampouco podia dizer que já tinha a superado.

Ela suspirou e decidiu que iria dar seu último passo. Caso não desse certo, a esqueceria de vez e seguiria sua vida. Talvez em outro apartamento ou outro clube, mas não iria conseguir seguir sua vida se não tentasse mais uma vez. E somente mais uma.

Com a camiseta em mãos, ela saiu de seu apartamento e foi em direção ao andar que a muito já nao era frequentado por si.
Tudo estava exatamente igual mas é como se até respirar pudesse ser diferente ali.
Ela parou na frente da porta, bateu com um fio de esperança e esperou.

Quando foi aberta, Daroit ficou surpresa com a presença da outra mulher ali, por isso deixou ela falar antes de se pronunciar.

- Eu vim devolver isso.. - ela estendeu a camiseta - mas eu queria saber se você realmente a quer de volta.

A loira olhou pra mão estendida e depois para os olhos da morena, se perguntando o que ela queria dizer ali.

- Se você pegar ela de volta, eu vou te garantir que sumo da sua vida. Mas caso não, saiba que nada em mim mudou e eu queria que você desse mais uma chance pra mim, e pra nós...

A líbero pode ver a batalha inteira que a mulher em sua frente travava. Havia sido pega de surpresa ali.
Daroit se concentrou por um momento na chuva que batia incessantemente nas janelas, até que mais um raio chicoteou o céu. Ela percebeu ali que as palavras estavam dentro de si a muito, e a resposta não teria como ser diferente:

- Sabe... eu sempre achei que essa camiseta ficava melhor em você.

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oi, pessoal

a pedidos.. veio aí 🗣

nao tenho previsão de novo cap agora mas vou tentar atualizar de novo no meio da semana

espero que esse tenha amenizado o sofrimento da volta as aulas de vocês,

até o próximo!