Capítulo 2 - Último neurônio

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Mina estava se sentindo uma barata tonta, seu dia foi o pior possível. A começar que foi obrigada a ficar na clínica veterinária onde é estagiária depois do horário, já que a recepcionista havia saído mais cedo e alguém precisava cobrí-la. Saiu uma hora depois do esperado e ficou pensando "pronto, o menino foi até lá e desistiu porque eu demorei muito", e de certa forma, foi aquilo mesmo que havia acontecido. Ficou andando pela estação até que o horário de pico acabasse, na esperança de que encontraria ele depois que a poeira baixasse. Mas tudo o que aconteceu, foi ela comprando dois pacotes de batatas chips e uma lata de coca cola de uma máquina dentro da estação. O caminho de volta pra casa nunca foi tão deprimente quanto naquele momento.

— Achou ele? – Yumi perguntou animada assim que Mina entrou em casa e não precisou um "a" para que elas entendessem.

— Vai tomar banho, eu vou comprar sorvete e chocolate pra gente. – Minsun disse pegando a carteira e Mina balançou a cabeça enquanto tinha um biquinho entristecido no rosto. Eram quase onze da noite quando as três jogaram os colchões na sala e colocaram um filme de romance água com açúcar para passar.

— Eu estava pensando em anunciar no jornal, funcionou para o vizinho encontrar o cachorro dele.– Yumi encheu a colher com sorvete e entupiu de chantilly por cima.

— Demorou de você falar isso, eu mesma ia sugerir já. – Minsun disse risonha e apesar de estar triste por Mina, ela não estava tão preocupada com aquilo.

— Bem, dez anos passam rapidinho, não é? Talvez dê tempo de eu perder uns quilos, fazer uma plástica e quem sabe, morrer. – Mina disse dramaticamente e enfiou uma colherada de sorvete na boca.

— Tecnicamente você ainda tem dois dias, já que você encontrou ele de noite. – Yumi continuava a motivar Mina, mesmo que ela já tivesse desistido antes de começar de verdade.

— Já pensou em simplesmente não procurar ele? Tipo, talvez a graça seja não procurar e a coisa acontecer sozinha. – Minsun sugeriu e Mina cogitou a ideia. Fazia sentido, uma vez que o Akai Ito justamente se tratava de coincidências feitas pelo destino.

— Eu faria isso se não fosse tão ansiosa, eu sei que vou acabar zanzando por aquela estação de novo amanhã. – Mina disse afastando o pote de sorvete de flocos vazio e esticou as pernas.

— Tenta de novo amanhã, e sai perguntando para as pessoas. Descreve ele, procura aos arredores da estação. Eu e a Yumi vamos te ajudar com isso, é só você escrever num papelzinho a descrição dele e nós damos um jeito de procurar. – Minsun disse determinada e Mina sorriu, mesmo que estivesse desanimada.

— Ainda bem que eu tenho vocês duas pra me impedir de pirar completamente. – Mina disse ajudando Yumi a levar as coisas para cozinha. Assim que voltaram, Minsun já estava deitada e pronta para desligar a televisão.

— O que você pretende falar pra ele quando achar ele? – Yumi perguntou enquanto fitava o teto, brincando com os próprios dedos. A pergunta fez a mente de Mina entrar em pane, já que nem havia pensado naquilo.

— A Mina vai gaguejar e acabar rindo no fim da frase mal formada. Vai ser engraçado, eu quero estar lá quando acontecer. – Minsun disse risonha e Mina gargalhou enquanto concordava e sacudia o braço da prima.

— Eu sei lá... acho que só vou me apresentar e perguntar se ele também viu o fio, só para induzir ele a me chamar pra sair. – Mina esticou a mão na frente do rosto e às vezes imaginava que um anel vermelho brilhava fracamente em seu dedo mindinho. Ilusão ou não, ela o sentia ali e sentia que aquilo era mais real do que muitas pessoas poderiam imaginar.

Red Line - Stray KidsOnde histórias criam vida. Descubra agora