Capítulo 11 - Rosa Unicórnio

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San estava bolando um novo argumento para convencer Yumi de acompanhá-lo em um festa de gala, onde seus pais fariam uma grande parceria e se tudo ocorresse de acordo com o plano, os lucros deles aumentariam.
— Estamos a um passo de deixar de ser parcialmente ricos para sermos totalmente ricos, e você não quer participar desse momento? – San perguntou indignado, com as mãos na cintura. Yumi estava morrendo internamente, queria muito ir a tal festa mas tinha certeza que aquele Akai Ito era perigoso e esperto demais, e com certeza acabaria encontrando o rapaz dos cabelos vermelhos justamente na festa.
— Você fala como se você também fosse ficar rico. Moramos de aluguel, mesmo que _você_ fosse parcialmente rico, não estaríamos aqui. Seus pais no máximo vão aumentar sua mesada. – Yumi disse tranquilamente enquanto passava delicadamente o terno que ela mesma havia feito para San usar na festa. Ele bufou e sacudiu os braços de um lado para o outro como uma criança birrenta e se jogou na cama de bruços.
— Tá, então eu não vou também. – San disse se sentando e cruzando os braços, fazendo um biquinho e empinando o nariz como se estivesse decidido.
— Eu fiquei dias fazendo a porcaria do seu terno de acordo com o que a sua mãe ficou me exigindo, se você não for, eu taco fogo em você e nesse maldito terno! – Yumi disse tentando ter um tom agressivo, falhando miseravelmente porque aquela não era sua habilidade. San fez careta e se levantou para pegar a roupa que Yumi estendia. — E também, é capaz que sua mãe venha te buscar pessoalmente. Esse é o peso que você carrega por ser o homem mais bonito do mundo. – Yumi disse, rodeando a cintura de San com os braços e ficou na ponta dos pés para beijá-lo. — Entenda só dessa vez, por favor. Prometo que nunca mais recuso um convite. – Yumi não arrumou desculpas para não ir, ela simplesmente falou que não poderia e San não pediu mais explicações. Yumi estranhou ele não questionar ao menos uma vez, mas aquilo compensou o fato de que ele estava insistindo há dois dias que ela o acompanhasse.
— Não sei porque você não quer ir, você ama qualquer tipo de festa. Mas se você não quer ir e também não quer contar, então eu não vou insistir. Vou me arrumar e já venho te dar um ataque cardíaco. – San disse convencido e soltou-se dos braços de Yumi que riu, dando um tapinha na bunda dele que correu para o banheiro dando gritinhos. San realmente poderia causar um infarto facilmente em qualquer garota, apenas de olhá-la por dois segundos e Yumi sentia-se privilegiada em saber que ela era a única garota a qual San olhava incessavelmente. 
— Não se preocupe em voltar tão cedo, eu sei que você sempre encontra o Wooyoung e o Mingi nessas festas e os dois gostam de aprontar. Apenas se divirta, Minsun vai vir pra cá com o Minho para me fazer companhia. – Yumi disse enquanto acompanhava San até a saída, depois de tirar uma casquinha dele.
— Não faz uns dois dias que ela disse que os dois não se vêem casualmente? – San perguntou enquanto Yumi arrumava sua gravata e viu ela rindo.
— Talvez seja algo relacionado ao Akai Ito, eles sempre acabam se vendo depois de um tempo longe. Ele ligou para ela dizendo que faltava uma última parcela para acabar de pagar o Felix e queria contar ou comemorar, uma coisa assim. – Yumi abriu a porta e San fez uma careta ao perceber que teria que tomar conta de si mesmo naquela noite, sozinho.
— Eu vou estar com o celular, qualquer coisa me ligue. – San beijou Yumi e logo saiu. Nenhum dos dois eram crianças, mas ambos ficavam preocupados quando estavam separados, talvez pelo fato de serem igualmente avoados.
— Ué, onde está o seu grude? Achei que a dona lábios de mel viria com você hoje. – Wooyoung disse com deboche ao ver San chegando na mansão do Jung desacompanhado. A sala não era exatamente um enorme salão de festa chiquérrimo, mas tinha um belo lustre, taças de cristal e um sofá brando enorme.
— Seu ciúmes é hilário, saiba que a Yumi também não é muito sua fã – San disse risonho ao cumprimentar seu melhor amigo. — O Mingi já chegou? – Ele perguntou pegando uma taça de champanhe que o garçom lhe ofereceu.
— Infelizmente, foi atrás do Yunho para fugirmos para a dispensa dos Jung. Parece que tem muito chocolate e bebidas lá. – Wooyoung disse e San riu, sentindo que a noite seria longa e divertida. Por mais que soubesse que Yumi adoraria participar daquele momento, ele sentiu-se mais aliviado em não tê-la ali. Da mesma forma como ela precisava de um momento sozinha com suas amigas, ele também necessitava. Yunho e Mingi vieram logo depois de dez minutos, Mingi com uma bandeja de aperitivos e Yunho com uma garrafa de champanhe em mãos. A maioria dos convidados já eram familiarizados com a infantilidade dos jovens e alguns até se divertiam com suas palhaçadas, e mesmo sendo meio idiotas, todos tinham o senso de serem educados e se esforçarem para conversar amigavelmente com pessoas que tinham influência. San era famoso por ter a maior lábia quando se tratava de falar com gente poderosa, ensinou alguns truques de socialização para os garotos e numa brincadeira dessas, conseguiu um novo investidor para empresa alimentícia de seus pais.
— Vocês viram a senhora Park arrumando a prótese dos dentes dela? Foi asqueroso, eu tive ânsia. – Mingi disse fazendo careta ao entrar na dispensa que tinha o tamanho do quarto de Yumi e San.
— Pior que isso, só a peruca do senhor Jung voando com o vento do ar condicionado. Eu quase tive um AVC em tentar conter o riso. – Yunho disse pegando um pacote de cheetos e sentou-se no chão.
— Ainda não entendi porque a Yumi não veio com você hoje. – Seonghwa disse, encarando San que estava bebendo vinho branco direto do gargalo.
— Ela não quis contar, mas ela parece doente esses dias. Ela quem fez esse terno. – San parecia orgulhoso quando falava de Yumi, e os garotos achavam aquilo legal.
— Ninguém botava fé em vocês, já que os dois tinham a mesma fama de pegadores na faculdade. – Wooyoung pegou a garrafa de San e depois encheu a boca de bombons noruegueses.
— Todo mundo duvidou e agora estamos quase casados, mesmo com tantos comentários nada nos atrapalhou. – San disse com o olhar distante um sorriso orgulhoso de si mesmo e do relacionamento que conseguira. Mingi estava pronto para fazer uma piada sobre San, quando ouviram a porta da dispensa abrindo. Todos se levantaram espantados e quase relaxaram ao ver que não era ninguém da família Jung.
— Opa, eu acho que alguém teve a mesma ideia que eu. – Era uma jovem de cabelos coloridos em tons de rosa e roxo, que estavam trançados em duas partes e caiam sobre os ombros. O vestido rodado de cetim vermelho combinou perfeitamente com seu batom e com o fio trançado que a conectava com San. — Olha só parece que eu encontrei mais uma coisa, além dos chocolates suíços da vovo. – Ela disse sorrindo para San, enquanto entrava e ia até o fundo da dispensa, usando um banquinho para alcançar uma caixinha preta com tampa dourada nas prateleiras de cima. O sistema de San pareceu travar completamente, a única coisa que ele conseguia fazer era olhar o fio e a garota, tão boquiaberto que parecia prestes a babar.
— Encontrou o que? – Mingi perguntou fazendo careta e Seonghwa que parecia ter entendido a situação, fez uma expressão de desgosto.
— O fio vermelho aqui, trançado igual meu cabelo. Bacana, não é? – Ela disse sorrindo para San que ainda estava estático. — Você parece bem chocado. Meu nome é Jung Hana, quando estiver menos paralisado, pode me procurar. – Hana disse bem sorridente e acenou para os garotos antes de sair da dispensa. 
— Sério, ainda não entendi. Que fio vermelho ela tava falando? O San nem está usando vermelho hoje, aliás, ela quem estava! – Mingi disse alto enquanto via os amigos indo até San que piscou os olhos rapidamente.
— Parece que ninguém atrapalhou você e a Yumi, até agora. – Seonghwa disse dando tapinhas no braço de San que estava virando a garrafa de vinho toda. Mingi cutucou Yunho e perguntou em um sussurro sobre o que estavam falando.
— Toma aqui seu nobel da burrice, Mingi. –  Wooyoung disse, estendendo uma vassoura para Mingi que mostrou a língua. — O San acabou de ter o Akai Ito com a garota esquisita que entrou agora. – Ele explicou e Mingi fez um "ah" antes de arregalar os olhos e segurar San pelos ombros.
— Não se preocupe amigo, nós estaremos aqui para sua fossa. Se você decidir terminar com a Yumi… será que você pode me dar o número dela? – Mingi perguntou e sorriu descaradamente ao fim da frase.
— Não! Eu não vou terminar com a Yumi! Eu só preciso ficar três dias sem ver essa garota de novo e aí eu ganho mais uns dez anos de tempo para pensar.– A voz de San saiu mole porque o álcool fazia efeito rápido em seu organismo e também, porque bebeu a garrafa toda do vinho.
— E você pretende ficar aqui o resto da festa para não vê-la? – Wooyoung perguntou, assistindo San abrir uma garrafa de whisky e virar um tanto logo em seguida.
— E quem disse que aqui dentro também não é uma festa? Temos álcool, chocolate, salgadinhos e ramen apimentado. – San disse risonho e riu quando viu Mingi comendo ramen cru.
— Resumindo, o San decidiu encher o rabo de álcool para esquecer o fato que está prestes a terminar com a Yumi. – Yunho disse rapidamente, encarando os amigos que concordaram imediatamente com ele.
— Eu não vou terminar com a Yumi! –  San gritou exasperado e fez careta ao beber mais whisky puro. Wooyoung tentou tomar a garrafa dele, mas foi estapeado por San e empurrado para longe. Os dois começaram a fingir que eram ninjas e inventaram golpes malucos, por mais que não estivessem atingindo um ao outro. Talvez os risos e gritarias que partiram de Mingi e San tivessem denunciado a estadia dos cinco ali, já que repentinamente um segurança apareceu ali, parecendo bem paciente com eles.
— Rapazes, é melhor vocês saírem antes de expulsarmos vocês. – Ele disse e Yunho segurou San q    ue estava de olhos miúdos, bochechas rosadas e bem tonto.
— Só bebemos duas garrafas de vinho, um whisky e uma bebida que demoramos meia hora pra descobrir que era conhaque. – Wooyoung disse tão alto quanto San, vermelho como pimentão.
— Soldados, formação! Não quero ver aquele cabelo colorido de novo. – San balbuciou e cada um foi para um canto, deixando ele andar sozinho até a cozinha. Mingi gritou para ele ir com eles até o jardim dos fundos, mas a mente de San o direcionou para a cozinha. Seu corpo estava fora de controle, sendo guiado por uma força maior. Ele só entenderia aquele momento no dia seguinte, isso se ele lembrasse de alguma coisa.
— Olha só, o homem estátua que eu tive o akai ito. Como vai gracinha? – Hana perguntou sorridente, sentada de perninhas de índio em cima da ilha da cozinha, feito de mármore preto.
— Ah nem vem com essa, cabelo de unicórnio. – San disse enquanto abria a geladeira de duas portas, achando que estava em sua casa.— Eu sou comprometido, tenho uma namorada mil vezes mais bonita que você. – Ele disse, pegando leite, sorvete de morango, gelo e leite condensado.
— A graça do futebol é ter um goleiro no gol. Não é porque ele está lá, que você não possa fazer um gol. – Hana observou San abrindo todos os armários, à procura de algo. — O liquidificador está no armário em cima da sua cabeça. – Ela disse risonha e acabou rindo quando San colocou as mãos na cabeça e depois gesticulou como se tivesse tirando algo dali, mas logo sua mente funcionou e ele abriu o armário para pegar o liquidificador.
— Uma filosofia interessante, já usei isso antes. – San estava preparando um belo milk shake de morango para ele tomar no caminho para casa.
— E funcionou? – Hana perguntou curiosa, virando o corpo na direção dele para assisti-lo fazer o milkshake.
— Olha a minha cara de deus grego, é óbvio que funcionou. – San disse fazendo uma expressão de obviedade engraçada. — Esse fio é ridículo, me atrapalha a colocar o gelo dentro do liquidificador. – San já tinha derrubado três pedras de gelo, por conta da falta de coordenação motora causada pelo álcool. Ele balançou a mão duas vezes tentando se livrar da imagem do fio, mas em vão. Ele continuava brilhando como uma lâmpada de led neon.
— Você vai tentar escapar de mim nesses três dias, não vai? – Hana perguntou e San balançou a cabeça positivamente, ligando o liquidificador logo em seguida. Ela esperou que ele servisse o milkshake em dois copos e assim que San entregou o copo dela, Hana pulo do mármore e encarou San com seriedade, enquanto ele bebia o milkshake de canudinho.  — Pois saiba que você não vai conseguir, eu vou atrás de você. Esperei anos pelo meu Akai Ito, porque tudo o que eu tive até agora foram dois chifres e muitas desilusões amorosas. Sinto muito por ser egoísta, mas você vai ser meu. – Hana parecia assustadoramente determinada e sem nenhum peso na consciência em querer acabar com um relacionamento. Muitas pessoas fizeram aquilo com ela, e daquela vez o jogo estava em suas mãos. Ela não permitiria ter o coração partido mais uma vez e ainda esperar dez longos anos para talvez viver um romance de verdade.
— Você parece desesperada por atenção, minha amiga Minsun diria que você passou por desafetos familiares e por isso arrumou diversos relacionamentos com pessoas de caráter duvidoso. Seu desespero por um pouco de amor fez você se meter nos piores, mais abusivos e tóxicos relacionamentos amorosos possível. – San repentinamente disparou aquelas informações e bebeu mais um pouco do milkshake antes de continuar. — Você pode vir atrás de mim e acabar com meu relacionamento, mas isso não significa que isso vai me fazer se interessar por você. Pelo contrário, quanto mais desesperada e sem amor próprio você parecer, menos eu vou te querer por perto. – Ele sorriu ao fim da sua declaração e pegou o milkshake de Hana, usando seu canudinho para bebê-lo. Hana estava sem reação e sentia-se sem graça e envergonhada por ouvir tantas verdades de um cara bêbado que a conheceu há meia hora. — Espero que tenha uma boa noite, senhorita Jung Hana. Eu vou embora, limpe o liquidificador pra mim tá? – San disse dando as costas, cambaleando para fora da cozinha.  Hana ficou dez minutos pensando nas palavras dele e em seguida lavou o liquidificador.
No fim das contas, estava convencida e determinada a primeiro fazer San ficar solteiro e depois ela o faria se apaixonar. Afinal, se o Akai Ito existia e estava os conectando, é porque estão destinados e aquele relacionamento aconteceria mais cedo ou mais tarde. Fosse pelo caminho fácil ou não, Hana estava determinada a ter algo de valioso em sua vida, porque estava exausta de viver na solidão e no meio de tantas pessoas desalmadas.

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