*Finalizada* Os Clichês não Existem

•Vocês se conhecem?•

Os dias anteriores ao pior dia da minha existência - diga-se de passagem - não foram nada interessantes, problemas em casa, todos preocupados com o vovô, Roger acabou voltando para a cadeia, porque ele só havia saído para o dia de ação de graças (que aliás foi uma merda, agradecer o quê?) e eu fiquei solitária novamente, exceto pela Júlia me enchendo de mensagens no instagram.

Então, eu prefiro não falar sobre o que ocorreu antes mas sim, o que ocorrera no dia anterior, a festa de aniversário de Jason Miller.

Eu havia acordado tarde, já que era um baita de um sábado nublado, aquele friozinho que te segura até mais tarde na cama e o cheiro agradável de café vindo da cozinha, minha mãe tinha mania de fazer café o dia todo, pois gostava dele fresco. Quando acordei, tomei um bom banho, me arrisquei em lavar o cabelo e coloquei uma roupinha folgada, mas antes de fechar a porta do guarda-roupa, dei uma última olhada na fantasia de porco pendurada no cabide, a fantasia que eu seria obrigada a usar naquela noite. Vocês devem estar pensando, "Mas Este, você não é obrigada a ir!", "Não faça o que ele quer", só que vocês definitivamente não conhecem o Jason, ele pode ser muito cruel quando é contrariado, principalmente comigo.

O dia todo tentei esquecer que teria que passar por aquilo, então ajudei minha mãe com o almoço, aparei as plantas no nosso quintal, dei banho no cachorro, limpei o quartinho da bagunça e ainda tive tempo para assistir os dois episódios novos da minha série favorita. Mas foi por volta das oito da noite quando Júlia chegou em casa com aquela fantasia de salsicha que o meu mundo caiu, estávamos realmente passando por aquilo.

- Pelo menos você não é um porco. - eu disse olhando-me no espelho. - Jason definitivamente me odeia, não resta dúvidas.

- Sério, eu ainda acho que a gente devia mandar ele ir a merda e não ir nessa festa. - Júlia resmungou.

- Júlia, sabemos do que ele é capaz se não formos. - murmurei baixo só ao pensar na hipótese.

- Ele exigiu que você fosse, mas não falou nada sobre mim. - deu de ombros.

- Mas você é minha amiga!!! Não pode me deixar nessa sozinha! - me irritei.

- Você vai se arrepender disso Teca, você vai se arrepender...

[...]

Como o esperado, o som altíssimo e milhares de pessoas que não conhecíamos, entravam e saíam da casa de Jason, e ninguém estava fantasiado, ótimo, havíamos sido tapeadas, eu deveria desconfiar. Antes que eu pensasse em agarrar o braço de Júlia e dar o fora dali, Erick nos viu e abriu um sorriso maldoso caminhando em nossa direção.

- Olha se não são as esquisitas...! - deu risada. - Vocês vieram com as fantasias mesmo! - nos alisou de cima a baixo. - Parabéns estão mais feias que o normal.

- Escuta aqui seu vag...

- Teca...?

Minha amiga foi salva pela voz de um anjo que me reconheceu naquela fantasia horrível, Joshua. Ele estava impecavelmente bonito, da cabeça aos pés, jeans escuro, coturnos... camiseta simples preta e um perfume maravilhoso que inundou minhas narinas me deixando levemente tonta quando ele se inclinou para selar o meu rosto.

- Apesar de estar adorável... - ele segurou o riso. - Por quê está vestida assim? - questionou cumprimentando Júlia em seguida.

- Advinha! - fui meio sarcástica.

- Não acredito que ele te obrigou a isso, meu irmão é um otário! - parecia meio irritado. - Espero que tenha um boa roupa por debaixo disso, porquê vocês vão tirar essas fantasias ridículas agora mesmo!