• Tempestade •

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O copo ainda continuava no chão, com várias de suas partículas de vidros espalhadas, se misturando com o líquido amarelado no piso branco. O silêncio já se mostrava incômodo, quando Joshua se sentou e passou o braço ao redor de meu ombro e encarou os olhos do irmão com um certo deboche estampado em seus lábios. Eu gostava de Joshua, estava gostando, era um fato, mas era preciso reconhecer que ele estava agindo sem pensar e era vidente que era para provocar Jason de propósito, chegava a ser infantil.

— O que foi Jas? – questionou em um tom debochado enquanto me soltava, se levantando. – Está se sentindo bem? – foi até o irmão em um ato sarcástico de tocar sua testa, mas o que recebeu foi um empurrão forte pelo peito.

— Saiam daqui, agora. – disse calmamente, o que me surpreendeu. Simplesmente caminhou até a porta e segurou na maçaneta a abrindo totalmente. Era possível notar seu maxilar cerrado, e a mão livre fechada em punho. Ele mantinha seu olhar nos pés, e seu peito subia e descia como se tivesse corrido uma maratona. Talvez eu tivesse observado demais o garoto que me odeia.

Qual o seu problema uh? – Joshua o confrontou estufando o peito, quis rir, mas a situação era séria. – O fato de Teca e eu estarmos juntos, te incomoda?

Assim como o mais velho, eu estava atenta a resposta – que provavelmente não viria – e as reações de Jason Miller. Não que eu me importasse com o que ele achava ou sentia ao meu respeito, eu sabia que ele me achava horrorosa e me odiava, mas no fundo, estava meio curiosa da razão de Joshua insistir nessa mesma ideia idiota de que o irmão gosta de mim.

— Eu falei para se retirarem do meu quarto... – disse puxando o ar para dentro, parecia estar se esforçando. – Por favor...

Joshua suspirou cansado e negou agarrando a minha mão, enquanto eu me preocupava em pegar minha mochila e a jogar sobre os ombros de qualquer jeito. Talvez eu tivesse feito uma loucura porém, aproveitei o fato de Jason ter se virado de costas, e guardei com pressa seu casaco de qualquer jeito na minha bolsa, recebendo um olhar confuso e questionador de Joshua, mas ignirei, saindo do quarto primeiro. E quando ambos estávamos ao lado de fora do quarto do irmão mais novo e arrogante, a porta bateu com força.

— Por quê faz isso...com ele? – eu questionei quando estávamos caminhando no jardim da casa rumo ao portão. – Sabe, você parece querer vê-lo com raiva...

— Sério? – sorriu sem humor. – Eu só queria... o meu irmão de volta... – suspirou triste, me deixando confusa. – Eu confronto, porque quero que ele coloque para fora algo além de raiva... ou ódio...agressividade... entende?

— E... o que você espera que ele demonstre? – questionei incerta. – Ele é assim...

— Não. – disse parando no meio do caminho, a me olhar. – Ele não era assim, não antes.

Como assim? O que...aconteceu com ele então? – questionei curiosa tocando o braço do meu "namorado".

—  É um assunto...dele Estéfane. – suspirou. – Eu não posso te contar, me desculpa. – disse enfiando as mãos nos bolsos enquanto encarava o céu escuro.

— C-certo. – disse sem graça.

— Eu sei que ele gosta de você. – afirmou. – Queria que ele colocasse isso para fora, queria que... ele demonstrasse... – bagunçou os fios loiros. – Queria que ele demonstrasse que ainda está vivo, de alguma forma. Eu sinto que ele deu uma quase nada melhorada depois que conheceu você.

— O quê? – dei risada. – Depois de me humilhar você quer dizer, me humilhar faz bem pro ego dele, ele se diverte ele...

— Não Teca, ele.... é só uma casca... – suspirou negando. – Enfim, esqueça esse assunto, você chega em casa com segurança? É bem ali do outro lado, ou você quer que eu te leve até o portão? – sorriu.

*Finalizada* Os Clichês não Existem Onde histórias criam vida. Descubra agora