Eu poderia simplesmente começar falando sobre o quão inútil e tediosa é a minha vida adolescente, mas creio que vocês já saibam disso. Ou então me descrever como nerd e excluída, tendo a aparência de uma garota gostosa que apenas usa um óculos de grau, e que ridiculamente é apaixonada pelo popularzinho escroto do colégio que não dá a mínima para ela mas que após um trabalho tosco de Biologia ou sei lá que matéria, acaba a notando como mulher e não um pedaço de bosta.
Errado, muito errado.
Que tipo de livros vocês estão lendo? Vocês sabem que esse conto de fadas não existe né?
Pois bem, eu me chamo Estéfane, um nome comum e sem graça que faz jus a minha pessoa, e foi dado pelo meu pai no início da gravidez. Porém, com o passar dos anos meu avô começou a me chamar de Teca, e o apelido pegou tanto que atualmente eu até me esqueço do meu nome original. Tenho os meus adoráveis ou não dezessete anos, e estou no último ano do ensino médio, aquele ano de pressões, mesmo sabendo que eu já estou aprovada, sabe como é né? Eu também preciso fazer aquele draminha.
Para a infelicidade de vocês, eu não sou a garota gostosa que apenas usa um óculos de grau e é taxada de nerd, eu realmente sou uma nerd, e de gostosa eu só tenho a pizza no microondas que não terminei de devorar ontem! Eu sou alta, talvez até demais... considerando o padrão para garotas, mas eu não dou a mínima pra isso, talvez um pouco, mas nada que me faça ficar desesperada ao ponto de amaldiçoar meu nascimento ou coisa assim. Eu sou acima do peso!!! SIMMM !!! Uns dez quilos a mais do que eu realmente deveria pesar, já tentei fazer dieta mas é uma perda de tempo quando passo em frente a padaria do seu João, gasto toda a minha mesada com doces e bombons, e não me arrependo, nem mesmo quando os 82 KG brilham com vigor no visor da balança.
Meu cabelo não é hidratado, eu só lavo com sabonete e água. Eu não sei definir se ele é liso, ondulado, cada dia está de um jeito mais feio, pra piorar minha humilde situação, devido a isso eu só vivo com ele preso pois além de ser mais frizzado que um ouriço, é seco e volumoso, então... se vocês me verem andando de cabelo solto, principalmente no colégio, saibam que eu desisti da minha vida.
Maquiagem? Eu não tenho tempo nem dinheiro para gastar com esses bobagens, eu devo ter um batom ou dois, algum pó, que eu só uso em ocasiões muito importantes ou seja, quase nunca, julgando pelo fato de eu ser anti social pra caramba. Eu não tenho amigos, nem dentro e nem fora do colégio, e prefiro assim! O único amigo que eu tenho na minha vida é o Roger, mas uma hora dessas ele deve tá capinando os fundos da penitenciária.
Isso mesmo que você leu, meu irmão está preso há três anos. Crime: Ser burro demais.
Há uns quatro anos ele teve um rolo com uma garota, que ele se apaixonou loucamente, mas que na primeira oportunidade se revelou, e o colocou atrás das grades. Mais de 300 KG de cocaína e 200 de crack no capô do carro na via estadual, não teve outra, ela ainda bancou a filhinha de papai medíocre que é e disse ser inocente, armou todo um teatrinho de lágrimas falsas, enquanto meu irmão era algemado. Adivinhem? Meu irmão é negro, e sim ela não teve voz alguma.
Claro que o meu pai tentou provar a sua inocência, mas sem sucesso, meu pai outro negro, agricultor, hmpft! O que ele poderia conseguir com isso? Já a mãe de Roger não estava nem aí, já tinha lavado as mãos com o garoto e agia como se não tivesse um filho! Desde a separação dela com o meu pai, deixou o meu irmão com ele e se mandou para o exterior sem nenhum ressentimento. Meu pai conheceu a minha mãe, e então ambos terminaram de criar o Roger com muito amor para ele ser o burro o suficiente de cair nas garras de uma loira aguada. (Nada contra loiras, só algumas *)
Mas está tudo certo, em alguns anos ele sai, eu espero, e aí poderei ter um pouco de emoção novamente nos meus dias. E ah, ele vai poder dar bronca no Sr Roberto por ligar a droga do cortador de grama às 5 da manhã !
— Bom dia Teca! – sorriu com as gengivas a mostra. — Está indo para o colégio?
Não imagina...
— Sim Sr Roberto. – disse séria montando na minha bicicleta velha.
— Boa aula querida, cuidado com o trânsito.
Ta repreendido em nome de Jesus, toda vez que ele fala algo assim eu caio vindo pra casa!
— Obrigado, até mais. – tentei ser simpática começando a pedalar em direção a prisão, quer dizer ao colégio.
Como sempre, quando cheguei o colégio estava meio vazio, exceto por alguns outros nerds como eu que gostavam de chegar mais cedo para ter tranquilidade na biblioteca. Guardei minha bicicleta, verifiquei se estava mesmo presa e joguei a mochila por cima dos ombros. Abaixei a cabeça como sempre fazia e caminhei em direção aos corredores, meu objetivo era ir em direção ao meu armário pegar os livros e já ir para a sala, mas meu celular começou a tocar justo na hora, era a vovó.
"Bom dia querida, quando vai vir nos visitar?"
— Ah oi Vó, no feriado de Ação de Graças talvez. – suspirei olhando para tudo que é canto. — O Vô está bem?
"Aquele velho abusado? Mais que bem!! "
— Que bom... – então percebi que mais pessoas já preenchiam o local.— Viu vó, preciso desligar, ligo no fim de semana, beijos!
E encerrei a chamada antes que ela dissesse algo, suspirei aliviada, e abri meu armário pegando meus livros. E foi quando o burburinho cessou que eu entendi, eu não pretendia me virar, mas foi inevitável.
Lá estava eles, os quatro caminhando graciosamente pelo corredor enquanto iludiam milhares de garotas idiotas.
Jason: Capitão do time de basquete, 1,89 m, loiro, olhos claros, a merda de um padrão nato. O "chefinho" do grupinho tosco.
Max: Não pratica esportes, prefere jogar jogos de tabuleiro, baralho por exemplo valendo alta grana, 1,80 m, branco, rico, outra merda de padrão check.
David: Moreno, cabelos cacheados, rato de academia, 1,83 m, vice Capitão do basquete, conhecido por ser o mais ignorante do grupo, você fala um "a" pra ele e ganha uma vassourada haha brincadeiras a parte.
Erick: Negro, lábios gost... digo, lábios agradáveis... diferente dos amigos, esse jogo futebol e é capitão, fiquei sabendo que canta, tem 1,90 m o sonho de toda garota... MAS NÃO O MEU CLARO.
...
Todos estupidamente perfeitos e alinhados. Até parecia cena de filme!
E você deve estar pensando que isso ainda vai virar um clichê dos grandes e um deles vai se apaixonar por mim não é?Não se engane, clichês não existem, e pessoas como eu não tem nenhuma chance com pessoas como eles, é a realidade.
Vocês não vão querer conhecê-los! Não quando o Max empurrou a Kátia, uma emo da nossa turma, e saiu pisando em cima dos seus livros enquanto dava risada com os outros três babacas.
Não quando o Erick passou por Lydia a menina que ele trepa mas não assume e deu um tapa nojento e estrelado na sua bunda enquanto se vangloriava para Jason.
Não quando o próprio Jason, cuspiu no pé de Flávio, um nerd da nossa turma que não estava fazendo absolutamente nada.
Então, se vocês querem desistir da minha trágica história de vida, o momento é agora! Mas se... são corajosos o suficiente para esse desafio, fiquem e apreciem como eu sou um zero à esquerda.
E por favor, não se apaixone por nenhum dos quatro cretinos!
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*Finalizada* Os Clichês não Existem
FanficTudo o que Estéfane não queria, era ser notada pelo grupinho mais popular do colégio, composto pelos quatro garotos mais bonitos do lugar, porém, os mais cruéis que ela já teve o desprazer de conhecer. Quando a garota chegou ao colégio, a um ano atr...