a driade e a feiticeira

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Fazia três dias que os elfos haviam partido, Calisto estava na casa da feiticeira limpando o enorme fogão a lenha ao lado dos ramos de alecrim e louro secando. Ela se aproximou da janela onde uma chuva fina caia serena, ela conseguia ouvir o som das gotas caindo pela terra, o cheiro de chuva subindo, os filhotes de passarinho piando em seus ninhos pedindo comida, um pica pau ao longe que continuou a bicar um tronco morto e um João de barro que aproveitava o tempo para juntar o barro em seu bico e construir sua casa em uma árvore próxima. A driade se pegou refletindo sobre quando foi a ultima vez que ela parou para observar a beleza da natureza na qual ela deveria fazer parte, ao pensar nisso sua feição mudou para uma de enorme tristeza, ao ver a jovem feiticeira ela tentou disfarçar cheirando os ramos de louro.

- tudo bem? - perguntou Sidônia entrando na cozinha - saudade dos seus amigos elfos?

- eles não são meus amigos... Sou grata à eles por terem me tirado daquele lugar,mais... não somos próximos.

- entendi

- e você? É amiga deles há quanto tempo? - indagou a driade.

- há quase uma década, salvei a vida deles uma vez.

- me conte mais por favor - disse a driade se sentando na cadeira e dirigindo sua atenção à Sidônia.

Sidônia não gostava de falar sobre si mesma porém estava muito interessada de onde a driade tinha vindo e sabia que para ela se abrir ela teria que ter confiando nela. Então a feiticeira suspirou, ascendeu o fogão e pois uma água para o chá para ferver, se sentou na cadeira ao lado e começou a contar.

- Bom, eu vim de uma vila ao sul do pais, meus pais morreram de uma peste quando eu tinha cerca de 16 anos, eu tinha apenas dois caminhos trabalhar em alguma lavoura como uma escrava ou então me prostituir... Eu não queria nada disso, meus pais sempre se mataram de trabalhar para me dar as coisas e sempre diziam que eles faziam isso para eu ser livre. Então eu fui em busca dessa liberdade, tinha um mago nas redondezas da vila, no meio da floresta, ou pelo menos eram o que diziam então eu fui atrás dele. Eu andei muito. Ate chegar em uma casa com uma mata fechada mas quando eu ia sair dela para bater em sua porta uma cobra me picou e eu sai correndo desesperada batendo de cara em um campo de força de proteção que tinha na casa. - a feiticeira olhou para calisto que estava quieta ouvindo a história com atenção então ela continuou.

- eu achei que era o meu fim, mas acordei em uma cama com uma toalha na cabeça e um homem enfiando uma água com gengibre e casca de árvore na minha garganta. Ele devia ter uns 40 anos, o nome dele era Philippus Aureolus, ele ficou bem conhecido pois era um grande médico e ajudava as pessoas. Seus tônicos eram mágicos, ele usava a alquimia e a astronomia em seus remedios, ele me ensinou tudo o que sei durante 7 anos, ele morreu logo em seguida... Seis meses depois Eu fui presa por " bruxaria".

- e não é verdade? - indagou confusa a driade.

- não! Há muita diferença entre uma feiticeira e uma bruxa! Uma bruxa precisa de toda a preparação ta?! Eu consigo por exemplo controlar o clima sem ter que pegar uma "varinha de condão" ou fazer qualquer preparação! Mas enfim, voltando a história eles me prenderam e quando eu cheguei lá os elfos estavam presos também, fizemos um acordo e eu ajudei eles a fugir com a condição de que me levassem tambem. E desde então somos amigos, parceiros de negócios e tal.

- ah entendi, isso faz muito sentido - disse Calisto rindo

Sidônia sorriu de volta e foi fazer seu chá, ela havia contado para ela a história porém não a história completa, ela tirou todos os sentimentos que sentiu nessa pequena " aventura" e deixou de contar também os acontecimentos que procederam essa parceria dela com os elfos.
Ela coou o chá lembrando da primeira vez que beijou Fëanor e soltou uma risadinha nostálgica servindo o chá.

- que tal após esse chá eu te mostrar um pouco do que sou capaz? Eu posso curar esta marca - disse a feiticeira calmamente pondo a mão sobre o pulso com o símbolo entalhado da sua amiga driade. Calisto estremeceu quando ela tocou na marca e tirou o braço delicadamente de perto da mão dela.

-não, não precisa fazer isso. Eu estou bem, obrigada - disse a driade tentando não soar ofensiva à oferta da amiga. Ela não estava pronta, não para sentir alguem tocar em uma ferida tão profunda deixada não só em sua pele, mas também em seu coração.

- ah...tudo bem - respondeu Sidônia meio triste. - então te ensinarei outras coisas, escudos protetores, controle dos elementos, você é uma criatura da floresta, magia verde para você será facil!

- tudo bem - sorriu a driade

Sidonia a puxou para seu salão onde seus livros estavam e ambas começaram a trabalhar.

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