Malditos sanguessugas

0 0 0
                                    

O silencio ensurdecedor tomou conta da sala, a voz de Sidonia cortou o ar ríspida.

- Não sou nada sua, não sabe o que está falando.

- Eu reconheceria minha filha em qualquer lugar e idade.

- Eu não tenho família!

- Claro que tem querida, Minha filha por que está fazendo isso? - A mulher chorava e se mexia nas cordas tentando chegar mais perto dela.

- O que você se tornou criança? - Disse o homem em tom firme e com desgosto na voz.

- Eu não tenho família desde o dia que você me entregou para ser queimada viva!

Elbereth deixou uma bandeja de prata cair no chão.

- Nos fez invadir a casa de seus pais?

- A casa é minha, eu sou a herdeira e meus pais estão mortos para mim, só não achei que se lembrariam da filha já que decidiram me entregar para o clero. - Respondeu Sidonia rindo sarcasticamente - vocês viram alguma pintura minha? Alguma coisa que indique que eles tiveram filhos? Meu quarto virou um escritório e minhas coisas sumiram.

- Você partiu e nunca mais voltou... - Disse a mãe.

- Aquilo que você fazia não era natural, as escapadas a noite sozinha, as palavras esquisitas que você sussurrava, o caderno escrito em códigos, nada disso era natural.

- Foi isso que salvou sua vida seu desgraçado! Chegou aqui em casa sangrando e doente, não sabia nem nossos nomes de tanto delírio, mamãe chorou a noite toda de desespero! Foi eu! Eu quem ficou do seu lado velando seu corpo quando o médico disse que não havia salvação foi graças aos meus feitiços e as minhas poções que está vivo e você já me agradeceu ? Não, quando percebeu que tinha sido salvo por uma bruxa, quando percebeu que a magia corria em minhas veias assim como correu nas veias da sua mãe, você convenceu sua mulher a me matar, tão submissa, sempre pondo panos quentes em tudo não é mamãe? Aceitou que esse era meu destino, morrer como sua sogra! Só descobri minhas origens anos depois e não graças a vocês! eu tinha 15 anos, 15 anos! E vocês me entregaram para morrer. - Lágrimas escorriam pelo seu rosto, não sabia quando Feannor tinha chegado até ela, mas ele a segurava, para manter ela distante de seus pais e impedir que ela caísse de joelhos no chão, sentia as labaredas da lareira arderem a suas costas um pouco distantes, um fogo cada vez mais alto e raivoso.

- Vamos lá para cima um pouco. - Feannor saiu carregando Sidonia nos braços e subiu as escadas entrando em um grande quarto de casal, o quarto de seus pais.

Ele a colocou na cama deitada e se jogou ao seu lado ficando em silencio, ela já havia parado de chorar, mas seu rosto estava quente como se estivesse queimando por dentro.

- Excelente jeito de conhecer meus sogros, acha que causei uma boa impressão? - Disse Feannor cortando o silencio e a olhando.

Sidonia o encarou por alguns segundos e gargalhou o abraçando.

- Foi uma apresentação incrível.

Enquanto isso na sala a mulher amarrada chorava incessantemente enquanto o homem ficava em silencio ao lado de sua esposa.

Elbereth vigiava os prisioneiros e arrumava tudo que tinha achado de prata pela casa, essas coisas precisavam ser uteis então ela colocou a panela mais grossa que havia no meio da lareira e jogou alguns talheres dentro para eles derreterem.

- O que está fazendo com nossa prataria? -  Questionou o homem.

- Vai por mim, precisamos mais que vocês. - Ela pegou uma pequena forma de metal que achou na cozinha com vários buracos usados para fazer doces e despejou um pouco do metal derretido dentro de cada forminha, a forma quase cedeu, mas ainda sim aguentou o calor.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 31 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

um novo mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora