Capítulo 31

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― Eu vou atrás dele. ― Emma diz de repente, quebrando o silêncio no quarto, e começa a andar de um lado para o outro, inquieta.

― Quem? ― A Rainha e Regina perguntam ao mesmo tempo. Em seguida, entreolham-se encabuladas.

― Aquele homem que tentou nos atropelar. ― Swan esclarece, referindo-se a Gregory, o faz de tudo de Fiona. ― Tenho certeza de que foi ele quem deu uma poção para Henry. ― Fala mais para si do que para as outras duas.

― Emma, não importa se foi ele quem fez... ― Regina murmura pouco animada e a loira a olha com uma expressão confusa. ― Ele deve estar sob maldição, talvez até sem coração, só deve estar fazendo tudo que Fiona manda. ― Rapidamente a imagem de Sidney e Graham tomam conta da sua mente. Eles eram exatamente assim. Sem os corações no peito, faziam tudo que ela mandava. Um arrepio percorre seu corpo e ela chacoalha a cabeça rapidamente. Não gostava de relembrar as coisas ruins que fizera no passado. ― Se tem alguém que devemos ir atrás, essa alguém é ela. Fiona.

Emma a escuta com atenção e fica pensativa.

― É, você tem razão. ― Diz por fim e se joga na cama, onde a Rainha estava sentada há algum tempo, com o olhar perdido no chão. Ao ver sua expressão triste, Emma fica preocupada. ― Ei, você está bem? ― Senta-se no colchão e se aproxima mais dela. O momento se assemelha à quando as duas estavam na Floresta Encantada e Emma descia escondida dos pais para lhe fazer companhia e levar comida. Sempre que a encontrava com uma expressão triste e o olhar perdido, ficava preocupada com a mulher e queria saber o que a estava atormentando.

A morena de cabelos mais longo se remexe no lugar, mas não responde. Estava perdida em seus pensamentos. Desde que havia contado tudo que tinha acontecido na noite anterior, estava com o sentimento de culpa correndo o seu ser, julgando-se responsável pelo que aconteceu ao Henry. Em sua mente, ela acreditava que se não tivesse concordado em o garoto sair do quarto e ir buscar o chocolate quente para ela provar, ainda mais porque ela só queria provar para se sentir mais perto dos dois, principalmente da loira, nada disso teria acontecido. Ela e o Henry ainda estariam dormindo após uma longa noite animada de vídeo game e ele ainda se lembraria dela e de todo o resto.

Uma solitária lágrima desce por seu rosto e Emma percebe.

― Ei... ― Tenta mais uma vez, mas não tem sucesso. ― Sua roupa está manchada de sangue, está doendo? ― Swan pergunta ainda mais preocupada, acreditando que esse era o motivo da lágrima. A Rainha finalmente olha para ela e a loira aponta para a sua coxa e para a barriga. ― O que aconteceu?

Mais afastada das duas, Regina andava de um lado para o outro, em um modo pensativo. Estava tentando imaginar como contariam para o Henry sobre tudo.

― A culpa é minha, Princesa... ― Finalmente fala, ignorando a pergunta sobre os machucados. ― Se eu não tivesse concordado com ele ir buscar a bebida, nada disso teria acontecido. ― Ela abaixa a cabeça e cobre o rosto com as mãos. ― Agora ele não se lembra de mim... ― Ela começa a chorar baixinho e o seu choro chama a atenção de Regina, que ao direcionar sua atenção para ela sente um aperto no peito e fica com os olhos marejados. Ela conhecia bem a dor que a Rainha estava sentindo naquele momento. Já havia a sentido antes, quando teve que deixar um Henry sem memória de si com Emma e voltar para a Floresta Encantada sem ele. Ver a mulher daquele jeito a fazia lembrar de si e se imaginar em seu lugar. E o fato de ela ser uma versão sua, tornava a imaginação ainda mais fácil. ― Eu sinto muito, Princesa...

― Ei... ― Emma a puxa delicadamente pelo ombro e a gira completamente para si, porém a Rainha levanta o olhar e o crava no teto. Estava se sentindo envergonhada. ― Olhe para mim. ― Pede gentilmente, mas a morena não o faz, permanecendo com o olhar perdido no teto do quarto. ― Por favor, olhe para mim. ― Insiste e ela a contragosto a atende. ― Você não tem culpa do que aconteceu ao Henry. ― Fala com firmeza. ― A lanchonete da vovó e esses quartos eram considerados seguros e achávamos que ela nunca nos atacaria enquanto estivéssemos aqui ou lá. Você não fez nada demais e não tem culpa alguma do que aconteceu. Não era nada demais o Henry descer para comprar um chocolate quente. Ele já havia feito isso diversas vezes e nada nunca aconteceu. ― Dá de ombros. ― Você não tem culpa, ok? ― Repete para deixar claro e a morena assente. Contudo, seu sentimento de culpa ainda não tinha a abandonado. ― Agora, tire isso da cabeça, por favor. ― Emma sorri e ela sorri de volta. ― Agora, sobre esses machucados... ― Toca de leve ao redor do machucado na barriga e mesmo assim a morena faz uma careta. ― Parece que alguém não cumpriu as ordens da médica... ― Olha rapidamente para Regina que balança a cabeça negativamente por causa da teimosia da sua outra versão em não ficar de repouso até ficar completamente curada.

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