Capítulo 22

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Christopher Uckermann

Eu. Beijei. a Dulce. Minha melhor amiga de anos, eu a beijei, e se não fosse a quantidade de álcool na minha cabeça ontem, eu provavelmente nunca teria levado isso adiante. Mas eu fiz. Meu Deus, o que foi que eu fiz?

Após nos beijarmos (três vezes), Anahí a puxou para algum lugar e eu apenas fiquei ali parado olhando para o nada, ouvindo Christian dizer coisas que, no momento, não faziam sentido para mim.

Só me encontrei com Dulce novamente no fim da noite, por volta das quatro da manhã, estávamos todos bêbados e apenas Christian seguia sóbrio, então era a hora de voltar pra casa. Não me lembro de muita coisa depois disso, só sei que agora estava acordando em minha cama com a maior ressaca moral desse mundo, além de uma dor de cabeça fudida.

E o pior? Não podia contar isso a Christian, ele surtaria. Ou Anahí. Ou até minha mãe. Mas como será que Dulce se sentia? Será que ela estava na mesma confusão mental que eu me encontrava?

Alcancei meu celular na escrivaninha e abri minha conversa com ela. Nenhuma mensagem não lida. Aquilo, de certa forma, me deixou um pouco ansioso, e eu não conseguiria agir de outra forma a não ser conversar sobre.

Christopher:
Bom dia, Dul.

E eu fiquei encarando aquele celular por horas, e vinte minutos depois, ela ficou online e finalmente me respondeu.

Dulce:
Bom dia, Chris. Como você tá? Eu estou com a maior ressaca da minha vida, por que você me deixou beber?

Ótimo, o clima estava leve, nada constrangedor, obrigado, Dulce!

Christopher:
Tentei te impedir mas você brigou comigo. Eu estou morrendo de dor de cabeça também, não se preocupe, o privilégio não é só seu.

Dulce:
Que droga!

E de repente me vi travado em uma conversa em que eu não conseguia desenvolver, mas eu precisava me forçar a isso, ou eu ficaria com aquilo preso na garganta.

Christopher:
Mas outra coisa tá me incomodando...

Dulce:
Eu sei, também está a mim, mas é tranquilo resolver, certo? Vivemos nossa vida como se nada tivesse acontecido e continuamos melhores amigos.

Não sei porque mas aquela mensagem, em vez de me tranquilizar, me deixou puto, e até ansioso, eu não queria esquecer aquilo, eu queria mais, mas eu não deveria estar agindo assim.

Christopher:
É, claro, pode ser.

Eu fui grosso, eu sei, mas nada mais saía de mim.

Dulce:
Não senti firmeza nisso, quer me dizer algo, Christopher?

Christopher:
Não, está tudo bem, acho que estou um pouco bêbado ainda. O álcool falou muito alto entre a gente ontem, não vai mais acontecer.

Eu disse, mas algo dentro de mim gritava que não seria assim.

Dulce:
Sim, não podemos deixar isso acontecer novamente. Eu me mataria se perdesse você de novo, principalmente se fosse por causa de um beijo.

Droga, ela estava certa, aquilo podia arruinar nossa amizade, o desconforto naquele momento era nítido entre nós dois, e não podia deixar isso acontecer de novo.

Christopher:
Sim, você está totalmente certa. Não vamos deixar mais isso acontecer.

Dulce:
Acho que vai ser o melhor.

Christopher:
Sim! E não vamos contar para Anahí ou Christian, nossa vida vai virar um inferno.

Dulce:
É melhor mesmo, Annie ontem já me encheu de perguntar do porquê estávamos tão próximos um do outro, imagina se ela tivesse visto?

Christopher:
Seria um desastre. Agora tenho que ir, Dul, prometi que sairia com a minha mãe hoje. Nos vemos à noite pra uma sessão de filmes?

Dulce:
Hoje não dá, marquei de sair com um carinha que conheci ontem, mas amanhã estou livre!

Eu li aquilo e senti meu rosto inteiro queimar de ódio, coisa que eu nunca havia sentido antes na vida. Não pela Dulce.

Christopher:
Ok, bom encontro, até amanhã.

Sem nem ver sua resposta, apenas bloqueei meu celular e o joguei longe, como assim ela tinha um encontro? E por que eu estava com ciúmes? Eu tinha que fazer algo, tinha que sair por aí pegando todo mundo, como fazia antes de namorar Carla. Era isso que eu ia fazer!

[...]

Como tinha dito, passei o dia todo fazendo coisas com a minha mãe. Ela ainda estava muito fragilizada por tudo que havia acontecido com meu pai, e eu queria dar o máximo de apoio possível a ela.

— Como está sua relação com Dulce, meu filho? — ela disse assim que nos sentamos na praça de alimentação do shopping para tomarmos um café. Havíamos feito compras e ido ao cinema hoje, tudo que dona Alexandra queria. Eu engoli seco com sua pergunta e a olhei.

— Está tudo bem, eu acho. Ainda é estranho tê-la de volta na minha vida, mas realmente parece que nada mudou entre a gente, continuamos muito próximos um do outro. — Vi minha mãe dar um sorrisinho de canto e sorri também.

— Bom, eu acho ótimo, eu sempre amei Dulce, ela é uma boa pessoa pra você. O que aconteceu foi um erro que ela não tinha culpa alguma.

— Eu sei, e eu entendo ela, não a julgo ou culpo, muito pelo contrário... — Eu realmente me sentia assim, se pudesse, eu matava Rafael com minhas próprias mãos.

— Sei que sente raiva, Christopher, mas isso não vai te levar a lugar nenhum. — arregalei os olhos espantado com o que minha mãe tinha acabado de falar.

— Como sabe que eu estava pensando nisso?

— Seu maxilar travou completamente, e eu sou sua mãe, te conheço perfeitamente bem pra saber que, de cabeça quente, você cairia em briga com aquele rapaz. — Uau, ela era boa.

— Ok, mas não me culpe, ele afastou nós dois, maltratou a Dulce e praticamente a torturou, se ele chegar perto dela novamente, eu não respondo por mim.

— Menino, tenha juízo. O universo devolve o que você planta, ele vai ter o que merece, o karma não falha. — Muitas vezes, eu me apegava a isso, sabia que tudo que vai, volta, e de certa forma aquilo me confortava.

Mudamos de assunto e continuamos a conversar sobre coisas rotineiras, inclusive sobre meu novo emprego, que começaria na segunda-feira.

Mais tarde, retornamos para casa, me arrumei e saí novamente com Christian, para outra festa. Eu não ficaria preso à Dulce, aquele beijo tinha que sair da minha cabeça de alguma maneira, e nada melhor que uma noitada pra isso.

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