Capítulo 29

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Dulce Maria

Saber que Christopher estava com ciúmes de mim me trouxe uma pequena ponta de felicidade que eu com certeza não esperava sentir. Tudo entre nós dois estava estranho, e eu simplesmente não sabia como agir.

Na quarta-feira, resolvi que chamaria Christopher para fazermos alguma coisa. Estava com saudades dele e realmente não tinha nada para fazer. Além disso, teria um jogo de futebol no estádio, e eu queria muito ir.

Dulce:
Chris? Está ocupado hoje?

Christopher levou pelo menos umas duas horas até me responder, o que me deixou ansiosa por aquilo, e não me deixou trabalhar direito. Eu ainda tentava entender minha mudança repentina de sentimentos por ele, e principalmente tentava entender o que eu realmente sentia.

Christopher:
Oi, baixinha! Tipo, agora? Estou trabalhando.

Me assustei quando meu celular vibrou, mas fiquei feliz de ver seu nome em minha tela.

Dulce:
Não, mais tarde. O que acha de darmos uma volta?

O "digitando" na tela parecia que estava levando uma eternidade, eu não sabia que estava tão ansiosa assim.

Christopher:
Hoje eu não posso, Dul, tenho compromisso com o pessoal do escritório, me perdoa, pequena.

Não pude evitar de ficar frustrada lendo aquilo, mas eu entendia, até porque ele tinha acabado de começar o novo emprego, tinha que manter a média com todo mundo.

Dulce:
Ah, tudo bem, Chris. Eu entendo.

Christopher:
Mas eu prometo que, no fim de semana, eu sou todo seu.

Sorri com sua mensagem e suspirei. Me repreendi no mesmo momento e até estranhei aquela felicidade repentina.

Dulce:
Certo, eu posso sobreviver até lá.

Christopher:
Tente não morrer de saudades, eu tentarei o mesmo.

Dulce:
Idiota. Agora tenho que ir, Chris, até depois.

Christopher:
Até, pequena.

Bloqueei meu celular e voltei a me concentrar, dessa vez pra valer, em meu trabalho. A reunião de pais e mestres do colégio estava chegando, e eu gostava sempre de adiantar esse assunto.

O restante do dia foi extremamente tranquilo. Algumas situações isoladas com as crianças, mas nada de urgente. Eu amava meu trabalho, amava lidar com esses pedacinhos de gente, eles eram especiais.

No fim do dia, quando estava indo para casa, recebi uma ligação de Anahí. Não falava a dois dias com a minha melhor amiga, e já sentia sua falta.

— Você lembrou que eu existo? — eu disse ao atender, antes mesmo de dizer "alô".

Eu? Você que tá grudada em Christopher, nem quer saber de mim mais. — rolei os olhos e sorri. Eu estava mesmo mais próxima dele, era a saudade.

— Certo, me desculpe por isso. Como você está?

Bem, e conhecendo um carinha novo. Acho que esse é o homem dos meus sonhos. — franzi o cenho ouvindo ela falar sobre ele, era impressionante como Anahí se jogava de cabeça em tudo que fazia.

— Annie, conhece o cara a dois dias e já tá querendo casar? Você está maluca? Bêbada? Acho que seu único neurônio queimou, vamos ter que te levar no hospital. — ela riu e eu sorri, amava o jeito que minha amiga levava a vida, mas também me preocupava com isso.

Não, Dul, só estou empolgada sobre ele. Não vou fazer nenhuma besteira, te prometo isso.

— Bom, parabéns pelo mínimo. Só tome cuidado, Annie, eu não quero que você passe pelo que passei. — eu disse e suspirei em seguida, não desejava aquilo pra ninguém.

Eu sei, meu amor, prometo tomar cuidado, ok?

— Tudo bem, fico mais tranquila assim. — e eu sabia que Anahí iria se cuidar, ela não era nem um terço ingênua do que eu era. — O que acha de darmos uma volta no shopping, hein? Estou me sentindo meio inquieta hoje.

Você sabe que eu não perderia a oportunidade de fazer umas comprinhas, querida. — ri e assenti, Anahí não perderia mesmo. — Passa aqui em casa para me buscar?

— Claro, me espere em uma hora. Acabei de chegar, vou tomar um banho e me arrumar.

Beleza, te espero. Beijinhos.

— Beijinhos. — desliguei o telefone e entrei em casa, sendo recebida por um abraço aconchegante do meu pai. Conversei um pouco com ele mas logo subi, Anahí odiava atrasos e eu escutaria muito se me atrasasse.

[...]

— Finalmente, achei que ia me deixar esperando a vida toda. — Anahí disse assim que entrou no carro, me fazendo revirar os olhos.

— Annie, eu atrasei cinco minutos.

— Mesmo assim. — balancei a cabeça e comecei a dirigir. — Fiquei surpresa com seu convite hoje, o que deu em você?

— Não sei, eu e Christopher havíamos combinado de nos vermos essa semana e ainda não deu, acho que foi mais frustração.

— Ah, eu sou sua segunda opção, fofa! Sorte que te amo. — ela disse irônica.

— Sem drama.

— E cadê ele hoje? — ela perguntou, sabendo que eu odiava chantagem emocional e não sabia lidar com isso, por mais que fosse brincadeira.

— Disse que ia sair com um pessoal do escritório, não sei direito.

— Ele quer se enturmar, normal. E você tá com ciúmes por que, dona Dulce Maria?

— E-eu não estou. — menti.

— Está sim, até gaguejou. — ela disse rindo. — Eu vivi por esse momento.

— Anahí, cala a boca. — estacionei o carro perto da entrada e logo saímos.

Estava caminhando até a porta quando vi, sentado em um dos restaurantes que ficava do lado de fora do shopping, Christopher. E aquela mulherzinha que estava com ele nos stories.

Meu sangue ferveu, além do ciúmes que sentia, Christopher mentiu para mim, e pra sair com uma qualquer. Fechei o punho tentando controlar minha raiva e notei que Anahí me observava de braços cruzados e com um sorriso no rosto.

— Eu realmente vivi por esse momento. — ela me despertou dos meus pensamentos.

— Do que você está falando?

— Cá está você, em pé no meio da rua, toda tensa, olhando o cara que você gosta sair com outra, quase furando a própria mão com as unhas de tanto que fechou esse punho, e quase tão vermelha quanto seu cabelo antigo. Estou amando ver. — assim que ela falou, abri minha mão e relaxei meu corpo, eu não tinha nada com Christopher, não podia ficar assim.

— Não estou com ciúmes, estou com raiva, ele mentiu pra mim. — tentei me justificar mas não sei se foi o bastante.

— Sim, claro, eu sei bem. — o tom de sarcasmo de Anahí me pegou e eu finalmente despertei totalmente daquele turbilhão de sensações.

— É isso, agora vamos. — a peguei pela mão e a puxei para dentro do shopping, dando mais uma olhada para o desgraçado do meu melhor amigo, que dessa vez, fez contato visual comigo, e pareceu sem jeito ao me ver.

Tentei ao máximo me tranquilizar o restante da noite, mas era impossível. Minha mente viajava até Christopher, e cada vez que isso acontecia, eu sentia ódio. Além disso, Anahí estava se divertindo com a situação, o que me irritava ainda mais. O mais estranho para mim, estava sendo perceber o que aquilo realmente significava, e eu não conseguiria fugir mais.

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