Capítulo 50

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Christopher Uckermann

— Sim, rapaz. De cinco semanas. Ainda era muito recente, creio que ela não sabia. E pelo que percebi, você é o parceiro dela, certo? — o médico disse e eu estava apenas paralisado ali.

— S-sim, sou. Meu Deus, íamos ter um filho... — meus olhos se encheram de lágrimas e eu abracei Clara, que ainda estava grudada a mim.

— Filho, se acalma, tudo acontece por um motivo, Dulce vai precisar de você quando acordar, essa notícia vai chocá-la, sabe como ela é com crianças. — Fernando disse, tentando me acalmar. Ele tinha razão, eu precisava me manter em pé e forte, Dulce iria precisar de mim.

— Doutor, por quanto tempo ela vai ficar sedada? — meu sogro perguntou e eu retomei a consciência.

— Não sabemos ainda, seu Fernando. Tudo depende de como o corpo dela vai reagir à cirurgia. Ela ainda terá que passar por mais algumas, mas já não corre risco de vida mais. Porém, não sabemos ao certo se ela terá alguma sequela como paralisia, por exemplo, ou algum dano cerebral. — assenti, engolindo seco, e vi Fernando fazer o mesmo. — Agora, ela precisa urgentemente da transfusão de sangue, quem é a pessoa que irá doar para ela?

— Sou eu, doutor. — Cláudia disse chegando mais perto de nós. — Me perdoe a demora, tive alguns...imprevistos. — a olhei e franzi o cenho. Cláudia me encarou e negou com a cabeça, me oferecendo um olhar gentil, como forma de me acalmar.

— Certo, vamos lá? — ela assentiu e seguiu com o médico, enquanto eu e Fernando voltamos a nos sentar, na esperança de algum milagre a ser feito.

— Christopher? — meu sogro disse quebrando o silêncio, e eu virei para olhá-lo melhor. — Sei que você ficou mal por ter perdido um filho, mas saiba que na hora certa, chegará até vocês. Talvez seja muito cedo ainda, talvez agora você não queira entender, mas futuramente, tudo ficará mais claro. — assenti, limpando meu rosto, e segurei em sua mão.

— Obrigado, Nando. — ele sorriu fraco e acariciou minha mão. — Sabe, eu e Dulce estávamos brigados, e por um motivo tão besta... Ela acabou acreditando em algumas mentiras que contaram a ela, nós íamos conversar e esclarecer tudo, quando o acidente aconteceu... Se ela piorar, não sei como eu vou sobreviver, eu a amo, e nunca tive a chance de falar isso para ela.

— Ela vai acordar, filho, vocês ainda têm muito o que viver. — suspirei e apenas concordei, ficando em silêncio, mas tomando um susto assim que Anahí entrou, acompanhada de Christian e minha mãe.

— Cadê minha melhor amiga? Cadê a Dulce? Christopher, me diz que é mentira! — eu passei Clara para o colo de Fernando e abracei Anahí, enquanto ela chorava compulsivamente, e eu a acompanhava. Christian abraçou nós dois e tentou nos acalmar, sem sucesso.

— Cláudia foi fazer a transfusão de sangue agora, Dulce está sedada mas a primeira cirurgia foi um sucesso. Ela provavelmente terá que passar por mais algumas... — Eu disse quando paramos de chorar.

— Ucker, o que aconteceu? — Annie murmurou, entre suas lágrimas.

— Tudo o que sabemos é o que passou na TV, Annie... — ela balançou a cabeça e passou a mão no rosto, respirando fundo. — Ela estava grávida... de cinco semanas. — Christian arregalou os olhos quando eu falei, e Anahí me encarou totalmente travada. — Nosso bebê não resistiu ao impacto...

— Ucker, eu sinto muito. — Christian disse me abraçando e eu deitei a cabeça em seu ombro. — Ela sabia?

— Provavelmente não... — Anahí soltou um pigarro e me olhou.

— Ela sabia. Foi um dos motivos que ela quis ir nessa viagem com as crianças, Sarah entrou mesmo na cabeça dela, e mesmo eu falando a ela para que vocês dois conversassem, Dulce estava assustada e precisava pensar com calma.

— O-o que? E-ela foi viajar sabendo que estava grávida e não me contou? — uma raiva súbita tomou conta de mim e eu já não sabia o que pensar.

— Entenda o lado dela, Ucker, não é culpa da Dulce o que falaram pra ela. Seu psicológico ainda é fraco, essas coisas abalam ela... — Anahí disse e eu respirei fundo.

— Annie tem razão, Christopher. Você, mais do que ninguém, sabe o que a Dulce passou, como tudo foi difícil pra ela, se acalma. — passei a mão no cabelo e olhei para seu Fernando, que estava paralisado ouvindo aquela conversa.

— Eu preciso ficar sozinho... — dei a volta neles e saí, escutando Anahí me chamar, mas sem dar muita importância.

Fui andando até uma praça próxima dali e me sentei, observando todas aquelas pessoas que ali passava. Pessoas felizes, com suas famílias, com quem elas amavam. As imagens de Dulce vieram diretamente na minha cabeça, o que aconteceria se ela tivesse esclarecido as coisas comigo quando Sarah contou todas aquelas mentiras? Ou como seria se ela tivesse me falado que estava grávida? Ou até se eu mesmo já tivesse dito a ela o quanto a amava, porque não era pouco...

Fiquei ali sentado por aproximadamente vinte minutos, pensando em tudo, e quando me senti mais calmo, resolvi voltar ao hospital, já que eu precisava estar lá por todo mundo.

Fui caminhando lentamente, quando do outro lado da rua, avistei Sarah, com uma expressão preocupada, e falando no telefone. A menina falava baixo, mas parecia estar irritada com quem que estivesse do outro lado da linha.

Atravessei a rua, me posicionei onde ela não poderia me ver, e fiquei ali tentando ouvir algo.

Mas ela está no hospital... Tá vendo o que você fez? A culpa disso é sua! Se acontecer algo de grave com a Dulce, eu juro que te entrego. — O que!? A observei desligar o telefone e caminhar em direção ao hospital. Essa era a hora de eu tirar essa história à limpo.

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