Capítulo 47

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Dulce Maria

Eu estava uma fera com Christopher por ele estar me ligando tanto, meu celular já havia travado muitas vezes e naquele momento só me restava atender, controlar meus instintos de voltar correndo pros braços dele e não chorar (provavelmente o mais difícil de todos).

— Christopher, para de me ligar, por favor. — eu disse assim que atendi, tentando permanecer o mais calma possível, já que alguém poderia entrar no meu quarto a qualquer momento.

Como que eu vou parar de ligar se minha namorada não me atende? Ou me diz pelo menos onde está? — como eu imaginei, ele estava puto.

— Uckermann, eu estou bem, achei que meu pai havia te dito isso. — ele respirou fundo e eu senti minha pele arrepiar.

Dulce, do que adianta eu saber que você está bem fisicamente se eu posso ter causado uma confusão mental em você? Como você acha que eu vou dormir a noite sabendo que você fugiu de mim assim? — Droga. — Eu preciso que você converse comigo, Dul, e assim vamos esclarecer tudo que estiver se passando na sua cabeça. Eu não sei o que a irmã de Rafael te disse sobre Carla e eu, mas não consigo entender como você pode acreditar. — como ele sabia disso? Anahí!

— Anahí é uma boca aberta, isso sim. E não importa, eu não posso duvidar de uma mulher, e se ela for vítima?

Está esquecendo que a mulher em questão é minha ex louca que te odeia? — Agora pronto.

— Agora virou louca, né?

Dulce Maria, como e por que você está do lado dela quando eu estou tentando te defender?

— Não preciso de defesas, Christopher, preciso da verdade, e de um tempo pra organizar meus pensamentos. Eu volto na segunda-feira cedinho, conversamos à noite... — ele suspirou do outro lado da linha e meu coração se apertou, odiava magoar Christopher e eu o conhecia o suficiente pra saber que ele estava com aquele cenho franzido e os olhos sem brilho.

Tudo bem, vou respeitar seu tempo e vou te esperar. Só, por favor, não tome nenhuma decisão precipitada... — ele murmurou e eu tive que segurar as lágrimas para não caírem.

— Fica tranquilo, só não quero... errar. De novo.

Eu entendo, você sabe que entendo. Se cuida, pequena. Estou com saudades.

— Também estou, Chris, até segunda. — desliguei o telefone e me permiti chorar, doía em mim essa dúvida, e doía ainda mais saber que eu estava machucando Christopher com isso, mas o que eu poderia fazer? Pelo menos ele me entendia...

Como eu estava no meu horário de descanso, resolvi fazer algo que eu não fazia a muito tempo: escrever no meu diário. O alcancei na minha mala, me acomodei na cama e respirei fundo.

"Querido diário,

A quanto tempo não nos vemos. Na verdade, muitas coisas se passaram, algumas ótimas, outras nem tanto, mas vou tentar voltar a te escrever, eu sei que era importante para mim.

Bom, eu realmente estou atingindo o meu limite com essa história que Sarah me contou, justamente por não saber em quem acreditar. Será que estou fazendo mal por estar com essa dúvida?

Por um lado, Carla nunca foi flor que se cheire, na verdade, ela é uma das piores pessoas que eu já conheci na minha vida, e saber que agora ela está com Rafael, me deixa em dúvidas se essa história dela com Christopher era realmente verdade.

Mas se não fosse, Sarah me contaria isso à troco de que? Ela e Rafael nunca foram os melhores amigos do mundo, e confesso que achei levemente estranho quando ela me abordar pra conversar sobre. E aquele papo de 'eu gosto de você e não quero te ver em outro relacionamento assim'? Será que eu fui ingênua de acreditar nela?

E Christopher... Ah, Chris... Eu estou sofrendo tanto com essa dúvida, se você soubesse. Claro que você sabe, eu senti na sua voz hoje que você também estava sofrendo, mas o que eu podia fazer? Eu precisava da verdade, e jamais viraria as costas para uma vítima, essa não sou eu.

Mas parando pra pensar, Carla traía ele a rodo, tanto que ele pegou ela no flagra duas vezes, a última sendo a mais decisiva, que levou ao término.

Será que era isso?

Carla está magoada porque Christopher terminou com ela, e agora que estamos juntos, quer que nós dois nos separe para que ela tente algo com ele. Faz sentido? Bom, na minha cabeça levemente atormentada faz, já que ela me odeia, e como está com Rafael, ela saberia muito bem como me atingir.

Meu Deus, eu fui tão burra! Não pode ser que eu esteja considerando não acreditar no homem que faz meu coração acelerar freneticamente e que faz de tudo por mim, não pode ser.

Bom, tenho que ir, mas trago atualizações.

XOXO."

Guardei meu diário de volta e peguei meu celular, já discando o número de Christopher, ele precisava saber o que se passava na minha cabeça, certo?

E eu tentei uma, duas, três, inúmeras vezes, e nada de ele me atender.

Resolvi então ligar para Christian, que com certeza saberia onde ele estava.

Alô?

— Christie, o Christopher está com você? — ouvi gemidos no fundo da ligação e Christian suspirou.

— Sim, ele está. Está bêbado e chorando. — oh meu Deus, o que foi que eu fiz?

— Christian, me deixa falar com ele.

Melhor não, Dul, ele está magoado. Disse que você não acreditou nele e que ele jamais mentira pra você, ele não para de falar isso. Christopher está apaixonado por você, Maria, está com medo de te perder.... — ele disse me repreendendo, e eu podia entender, afinal eu era uma grande idiota nesse momento.

— Ele não vai me perder... — murmurei.

Então, eu acho bom você fazer algo, porque eu nunca vi Christopher tão mal assim, nunca havia visto ele beber tanto. — e o prêmio da maior estúpida do mundo vai para Dulce Maria. — Dul, sabemos que você tem traumas e dúvidas, é totalmente compreensível você se retrair e pensar demais, mas você está dando voz pra mulher que literalmente traiu o Christopher por cinco anos, que dizia que ele era muito pegajoso e grudento, ele está achando que tudo é verdade. Você tem cicatrizes, mas ele também tem. — respirei fundo e deixei algumas lágrimas caírem, eu não queria causar isso nele, e muito menos acreditar em tudo que me diziam, eu era uma idiota.

— Eu sei, você está certo, eu volto logo e conversarei com ele. Só o diga que está tudo bem, por favor.

Vou dizer, prometo. Agora eu tenho que ir, ele precisa de mim.

— Cuida bem dele, até mais.

Até. — Christian se despediu e desligou o telefone.

A culpa de ter feito uma escolha ruim finalmente me bateu, e eu já não conseguia controlar minhas lágrimas que insistiam em cair. Mas não por muito tempo, já que minha hora livre estava acabando e eu precisava ficar com as crianças.

Só esperava que Christopher me entendesse e que nossa conversa fosse amigável, de resto, eu podia suportar, só não podia perdê-lo.

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