Capítulo 49

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Christopher Uckermann

Eu já estava a quarenta minutos esperando por Dulce. Aquela demora me deixava cada vez mais ansioso, e a duvida de saber se ela havia desistido de nós dois atormentava minha cabeça. E se ela tivesse fugido de novo? O que eu iria fazer? E se ela viu que não gosta de mim assim como eu gosto dela? Esse pensamento partiu meu coração lentamente.

- Ei, bonitão, acorda! - Bruna disse me despertando daquela avalanche de sentimentos. - Se algum superior te ver viajando desse jeito, vão brigar com você.

- Desculpa, você está certa. - suspirei e passei a mão no rosto.

- O que foi? Problemas no paraíso? - a olhei de canto e apoiei minha cabeça na minha mão.

- É, Dulce e eu tivemos uma briga, ela estava vindo para cá, para que a gente pudesse conversar, mas já faz quase uma hora. E se ela desistiu, Bru? O que eu vou fazer? - Bruna pousou sua mão na minha e fez um leve carinho ali, ela era uma boa amiga, e eu tinha a certeza de que ela e Dulce se dariam bem.

- Calma, Ucker, pode ter acontecido alguma coisa! Você tentou ligar no celular dela?

- Claro! Mas cai na caixa postal e... - parei de falar quando algo na TV me chamou atenção. Um acidente.

"Confirmamos agora um acidente grave em uma das principais avenidas da Cidade do México, onde um caminhão acabou batendo em um carro no cruzamento com uma das ruas, fazendo com que o veículo capotasse. As informações, até o momento, são de que a motorista do carro, uma jovem de 24 anos, foi levada às pressas ao hospital, já desacordada, após perder muito sangue. O caminhoneiro, que causou o acidente, fugiu do local."

Minhas mãos tremiam, meus olhos estavam cheios de lágrimas e eu já não conseguia pensar em mais nada. No jornal, a foto de Dulce estampada como a vítima do acidente, seu carro totalmente destruído e ambulâncias a resgatando.

Comecei a chorar compulsivamente até ouvir meu celular tocar, e o nome de Fernando aparecer na tela.

- A-alô. - Eu atendi de imediato, em meio às lágrimas.

- Christopher, filho, você soube? - Fernando também chorava muito, e era possível ouvir um choro de criança ao fundo, provavelmente era Clara.

- E-eu acabei de ver no noticiário. Não pode ser verdade isso, Fernando, não pode ser. - apertei os olhos e funguei, tentando controlar a minha respiração.

- Eu também não queria acreditar nisso, filho. Deus já tirou Blanca de mim, não pode ser que eu vá perder minha filha da mesma maneira... - ele murmurou e eu retomei a consciência. Fernando era um homem de idade, que precisava de todo o apoio, já que sua saúde também já não estava tão forte.

- Fernando, onde ela está? Em qual hospital? E onde você está? Está sozinho? - saí atropelando as palavras já que estava nervoso, mas mesmo assim, queria ajudá-lo.

- Estou no Hospital de Jesús Nazareno, onde Dulce está internada. Clara está aqui comigo, e Cláudia está vindo.

- Certo, em dez minutos eu estou aí. - desliguei o telefone antes mesmo de ele me responder, comecei a pegar minhas coisas sob o olhar atento de Bruna, como se eu tivesse me esquecendo de algo.

- Ok, vamos, eu levo você. - ela disse pegando as chaves da minha mão. - E não adianta reclamar, enquanto você estava no telefone, conversei com nossa chefe, ela me liberou para te acompanhar. Você não está em condições de dirigir, assim seriam dois acidentes e não precisamos disso. - assenti, limpando as lágrimas do meu rosto e a abracei de lado.

- Obrigado, Bru! Vamos? - ela concordou e saímos, praticamente correndo, daquela sala.

O caminho até o hospital demorou uma eternidade, e aquilo só me deixava ainda mais angustiado. Dulce, meu amor, você precisa ser forte, você vai sair dessa, eu tenho fé, era tudo que eu conseguia pensar.

Assim que cheguei na recepção, encontrei Fernando chorando, com Clarinha em seu colo, que assim que me viu, veio correndo até minha direção.

- Tio Chris, me diz que ela vai ficar bem? Eu estou assustada. - A sobrinha de Dulce disse chorando, o que me partiu o coração.

- Ela vai ficar ótima, meu amor, não conhece sua tia? Ela é forte, consegue tudo que quer. Ela vai voltar pra gente, tá bom? - ela assentiu e agarrou ainda mais meu pescoço, não querendo soltar.

- Fernando, como está? - eu me aproximei do meu sogro e o abracei, com Clara entre nós.

- Poderia estar melhor. Não sei o que eu vou fazer se perder minha filha, Christopher. Dulce é minha bebê, ela não pode ir assim.

- Você não vai perdê-la, Nando. Não se preocupe... O que os médicos disseram? - ele respirou fundo e passou a mão no rosto, desviando seu olhar do meu.

- Ela perdeu muito sangue, vai precisar de doação, Cláudia irá doar. Ela também está passando por uma cirurgia de emergência agora, não sei ao certo o que aconteceu na hora, mas Dulce bateu a cabeça, e isso pode se agravar... - assenti e dessa vez, eu respirei fundo, tentando não pensar o pior. Estava procurando pensar ao máximo no positivo, que ela sairia dessa, mesmo com notícias tão ruins. - E essa moça? Quem é? - por um momento, esqueci que Bruna tinha entrado comigo, e simplesmente ignorei sua presença ali.

- Essa é a Bruna, uma amiga do trabalho. Ela me trouxe porque eu estava muito nervoso...

- Muito prazer, sr. Fernando. Sinto muito pela Dulce, mas logo ela se recupera e estará 100% saudável. - ela disse abraçando meu sogro.

- Obrigado, querida. Dulce vai gostar muito de saber que você ajudou a trazer esse aqui. Eu bem sei as loucuras que ele pode cometer no trânsito, ainda mais nervoso desse jeito. - revirei os olhos e Clarinha me abraçou ainda mais forte, como se tivesse levado um susto.

- Calma, meu amor, o tio tá aqui com você. - sussurrei em seu ouvido e ela assentiu, dizendo que não queria me perder também. Aquilo foi de partir o coração.

- Christopher não estava em condições de pegar um carro. Acho que se ele estivesse sozinho, nem do elevador tinha saído, ele ficou transtornado. - Bruna disse como se eu não tivesse ali escutando, e eu preferi apenas não responder.

- Eu imagino, Christopher sempre fez de tudo pela minha Dulce, num momento como esses não seria diferente... - sorri fraco olhando para ele e assenti, sentindo o choro preso em minha garganta. Aquilo era uma total verdade: eu faria de tudo pela Dulce, moveria montanhas, daria minha própria vida a ela se eu pudesse, só pra vê-la bem e feliz.

- O amor deles é valioso e forte demais, é lindo de ver... - Bruna disse sorrindo e eu não consegui mais segurar minhas lágrimas, então apenas, chorei em silêncio. - Bom, eu preciso ir, tenho que voltar ao trabalho. Ucker, não se preocupa com suas coisas, eu te cubro enquanto puder.

- Valeu, Bru! Mesmo, obrigado por tudo... - segurei em sua mão e a beijei carinhosamente, Bruna era uma amiga e tanto.

- Não precisa agradecer. Precisa apenas mandar energias positivas para minha nova melhor amiga acordar e ficar bem, isso é o que importa. - sorri fraco e Fernando também, enquanto se sentava ao meu lado. - Agora eu já vou mesmo, qualquer coisa me liguem que eu venho correndo. E por favor, me mande notícias.

- Pode deixar. - ela acenou e saiu da recepção, me deixando sozinho com meu sogro e minha sobrinha.

- Parentes de Dulce Maria Saviñon? - Escutamos um médico chamar antes mesmo que pudéssemos dizer algo. Nos levantamos e respiramos fundo, indo em direção à ele. - Dulce está sedada. A cirurgia correu bem, mas infelizmente não conseguimos salvar o bebê, eu sinto muito. - bebê?

- D-dulce estava grávida? - eu disse num murmúrio, em completo estado de choque, não podia ser...

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