Capítulo 35

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RODOLFFO

Sim, a bolsa da Ju estourou, meus filhos vão nascer, minha nossa! Começo a ficar nervoso, mas pego ela em meus braços e saio em disparada até meu carro. Enquanto passamos pela sala, atraímos olhares muito curiosos em nossa direção, mas nem ligo quando minha mãe vem até a gente e tenta me parar pra perguntar o que esta acontecendo, coloco a Ju no banco do carona e vou correndo em direção do meu lado, meu pai que está na porta pergunta:

- O que aconteceu meu filho?

- A bolsa da Ju estourou, meus filhos vão nascer, vamos para o hospital.

- Ah que alegria filho, olha, me passa o número do médico dela. - ele vem até mim e falando.

- Por que pai?

- Pra eu avisar que vocês estão indo para o hospital,  ligarei e já já estarei lá.

- Obrigado pai, te mando já.

- Meu filho, vai dar tudo certo.

- Pai, por favor, não leva minha mãe com você,  não quero mais vê-la na minha frente.

- Tudo bem filho.

- VAMOS LOGO RODOLFFO! – grita Juliette de dentro do carro.

Entro no carro e vamos disparados, envio o número da médica para o meu pai e vejo que ele está logo atrás da gente, pelo visto ele nem entrou em casa, foi direto pro seu carro. Agradeço a ele por isso.

Juliette está se contorcendo do meu lado, quando paro num sinal, olho pra ela, ela está com a cabeça encostada no banco, de olhos fechados, se recuperando de mais uma contração. Seguro sua mão,  ela abre os olhos e me encara.

- Estaremos juntos sempre Bastiana, estarei do seu lado. – vejo ela me dar um sorriso fraco, me dói ver minha Bastiana assim, sem forças,  ela que sempre foi uma mulher forte e dura, agora percebo que mesmo na sua fraqueza ela é uma mulher forte, pois vejo nos seus olhos a felicidade.

Chegamos ao hospital, a médica já está do lado de fora, com um homem do seu lado segurando uma cadeira de rodas. Desço,  abro a porta da Ju,  ajudo ela a sair, ela senta na cadeira e a levam.

- Eu posso ir doutora?

- Vamos examiná-la, e arruma-la, já te chamo.

Entro, e fico na recepção,  logo em seguida chega meu pai.

- Vai da tudo certo filho.

- Eu sei pai, obrigado.

- Filho, me conta o que aconteceu.

- Pai, mais uma vez minha mãe armou contra mim e a Ju, a intenção dela em trazer a Sarah de volta era só essa. A Ju viu a Sarah me dando um selinho, aí ela ficou nervosa e estamos aqui. Por isso, não quero saber da dona Vera, por favor, não deixa que eu a veja, senão não sei do que serei capaz.

- Mas agora ela passou de todos os limites, tenho que ter uma séria conversa com ela.

- É pai, ela passou de todos os limites, onde já se viu, chamar a Sarah pra afrontar a Juliette é demais, por causa dela estamos aqui, juro para o senhor, se acontecer algo com a Ju ou com qualquer um dos meus filhos, eu juro que nunca mais quero olhar pra ela, se ela não sair do lugar, eu saio.

- Eu te entendo meu filho, eu vou ter uma conversa muito séria com ela.

- Obrigado por me apoiar.

- Não precisa agradecer, sou seu pai e te amo.

- Eu também,  mais ainda porque você está do meu lado e da minha esposa.

- Nossa filho, você não poderia ter escolhido melhor esposa.

- Eu sei, paguei por isso.

- Como assim?

- Pois é meu pai, começou apenas com a sua proposta besta. Eu casei com ela por sua causa.

- Não acredito que você fez isso Rodolffo!

- Fiz e me arrependo,  mas graças a Deus consegui conquistar a Bastiana depois de um tempo e hoje estamos aqui, mais apaixonados que tudo na vida e prestes a ter nossos bebezinhos.

- Rodolffo,  você teve coragem de fazer mesmo uma coisa dessas?

- Eu estou sendo sincero com o senhor, mas não podia imaginar que me apaixonaria perdidamente por essa mulher arretada. Ela conseguiu chegar num lugar onde ninguém jamais chegou, no meu coração e na minha alma, consegui enxergar a mulher forte e determinada que ela é, no fundo, eu agradeço a sua maluquice.

- Ah meu filho, que bom que isso aconteceu então.  – disse meu pai me abraçando.

- Pai, quero que você entenda que a minha mãe fez algo que poderia destruir a minha vida, a Ju hoje é dona dela, se eu a perder eu acho que morro. Pai, antes da Sarah sair do país, ela tirou um filho meu...

- Como assim Rodolffo,  por que você nunca nos contou isso?

- Não contei, porque eu fiquei muito mal, só soube depois do procedimento, me sentia culpado, achava que eu poderia ter evitado, mas depois entendi, que essa criança só não está aqui com a gente hoje, só e tão somente por causa da irresponsabilidade e egoísmo da Sarah,  eu achava que ela já tinha ido embora, não achava que minha mãe iria ressuscitar essa defunta lá do quinto dos infernos.

- Meu Deus Rodolffo, que mulherzinha é essa? Como teve coragem de fazer isso com o próprio filho? Eu sinto muito por tudo filho.

- Não precisa se desculpar, você não tem culpa, já tinha acontecido, se eu não pude fazer nada, vocês então... mas a dona Vera não tinha o direito de fazer ela voltar pra minha vida e com isso, poder destruir minha atual família.

- Eu sei, agora sim entendo tudo. Eu sinto muito por deixar chegar nesse ponto. Mas pode deixar que eu não deixarei mais sua mãe chegar perto da Juliette e nem de você pra fazer essas coisas.

- Obrigado!

Não sei quanto mais tempo ficamos na sala de espera, só sei que uma enfermeira logo veio ao meu encontro e de meu pai e falou:

- Boa noite, o senhor que é o marido da senhora Rios?

- Sim senhora.

- Sua esposa já esta indo para a sala de parto, o senhor gostaria de acompanhar o parto?

- Claro que sim, vamos.

Meu pai me puxou para um abraço e falou no meu ouvido.

- Boa sorte filho! Que meus netos nasçam cheios de saúde! Vá lá ver a sua família ficar completa. Sinto tanto orgulho de você Rodolffo.

- Obrigado pai. – nos afastamos, olhamos um para o outro com os olhos marejados, em seguida eu saio correndo atrás da enfermeira. Entro numa sala, não sei dizer qual, estou tão nervoso, se depender, não sei nem quem sou eu, vou colocando a roupa que me entregam pra entrar na sala de parto, fico pensando que em pouco tempo, terei a chance de ver os rostinhos dos nossos filhos, minha ansiedade está a mil, quero poder dar forças a Ju.

Chegou a hora de entrar naquela sala e fazer o meu papel, um papel que até meses atrás nem passava pela minha cabeça, mas agora, meu coração parece que vai sair pela boca. Entro e vejo a Ju deitada na maca, as pernas apoiadas pro alto e gritando, fazendo força e ofegante, toda suada, minha nossa, que sacrifício uma mulher passa pra colocar um bebê no mundo, mas no caso da Ju, dois bebês. Nesse momento me sinto culpado, mas logo, meus pensamentos de dissipam,  pois ouço um grito endereçado a mim, é Juliette gritando meu nome entre os dentes, meu Deus!

Corro em direção a ela, beijo sua testa e posso senti-la toda molhada de suor. Coloco minha mão sobre a dela, a seguro, porém o aperto que me vem em retribuição é algo que posso jurar que minha mão virou pó.

- Rodolffo... – a médica me chama. – você pode abraçar e apoiar a cabeça e as costas dela pra poder ajudar aqui?

- Claro. – ela já estava amassando a minha mão, chego um pouco por trás dela, apoio seu troco em meu peito e a faço ir um pouco pra frente. Mais um grito, dessa vez mais longo e ouço a médica dizer que está saindo. Mais um grito , outro aperto em minha mão, e o primeiro bebê sai, a plenos pulmões, ouço um chorinho forte, mas agudo, minha menininha nasceu, meus olhos se enchem logo de lágrimas,  a médica nos mostra, corta o cordão umbilical e entrega a uma enfermeira, fico acompanhando cada movimento, escuto esse chorinho e me sinto realizado, mais forte! Meus pensamentos são quebrados quando sinto outro grande aperto em minha mão.

- Vamos lá papai, tem mais um.

Claro, meu garotão! Vamos lá,  faço o mesmo procedimento, mas dessa vez sussurro em seu ouvido.

- Você está me fazendo o homem mais feliz desse mundo,  eu te amo Bastiana. – ela dá mais um grito forte e longo e logo escuto.

- Nasceu! – diz a médica. Só que está faltando algo, eu não escuto o chorinho forte. Isso já me acende um alerta.

Olho pra médica, vejo meu bebê, todo pequenininho e mole em seu braço. Parece que vejo tudo em câmera lenta, a enfermeira corta o cordão umbilical e sai rápido carregando meu filho nos braços, eu os acompanho com meus olhos, estou paralisado. Vejo a pediatra largar minha menina e ir em direção ao meu filho correndo, eu viro pra médica e pergunto:

- O que aconteceu com meu filho?! – vejo a Ju chorar, a médica olha pra mim, mas continua fazendo o que está fazendo. Mas em poucos segundos sinto minha alma voltar para o corpo quando ouço, um tossido fininho e seguido de um choro forte e desesperado! Agora consigo escutar os dois chorinhos mais importantes da minha vida.

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