Capítulo 17

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Era uma sensação agoniante saber que seu segredo estava nas mãos de outra pessoa e que pela enorme demanda que tinham no final do ano não conseguia conversar direito com Lucci. O moreno vez ou outra estava ausente resolvendo outros assuntos e quando estava lá apenas tinha tempo para dar um breve selar no loiro antes de se ocupar com outras coisas.

Tal fato deixava o jovem policial ansioso e de uma forma negativa, não tinha nenhum norte sobre o que fazer naquele momento e sabia que o mais prejudicado em questão profissional seria o moreno, além de todo aquele segredo girar em torno do mais velho, não podia tomar as decisões sobre sem consultá-lo ou pedir a opinião dele sobre o assunto.

Havia reencontrado o policial outras vezes, mas não ocorreu nenhum atrito entre eles ou qualquer comentário sobre o assunto, apenas uma troca de olhares que indicava que o loiro estava ali na palma de sua mão e que algum deslize de sua parte poderia colocar em risco o que tanto tentava esconder.

Sabo estava em seu próprio quarto, andando de um lado para o outro do cômodo, não conseguia tirar aquela ideia de sua mente nem a agonia desesperada de seu peito. Estava apenas com uma calça de moletom velha e surrada e nada que olhasse tirava sua atenção de seus pensamentos acelerados.

A batida na porta o fizeram parar abruptamente e se dar conta de que estava há muito tempo naquele estado. 

— Sabo, já 'tá pronto? O Law e o Kid já chegaram 'pra gente ir. — O mais alto se adiantou para o armário, vasculhando por entre suas roupas as que havia comprado junto do irmão para aquele evento. Pensar sobre o que deveria ou não fazer sobre o segredo de seu relacionamento com Lucci o havia tirado completamente do foco. — Posso entrar? 

— Só um minuto... — pediu Sabo retirando a calça o mais rápido possível para uma mais apresentável, dando leves pulos pelo quarto para tentar se vestir de forma mais veloz que podia. Naquela correria acabou por tropeçar na peça e dar um chute contra o móvel, o que o fez sentar na cama e choramingar pela dor. 

— 'Tá tudo bem aí? — questionou Ace abrindo a porta do quarto de forma abrupta ao ouvir o som de batida. — É moda usar a calça até as coxas? Vai fazer sucesso na virada. 

— 'Tô bem, eu só me distrai e perdi a hora... — explicou, suas mãos puxando a roupa para cima de forma desajeitada. — Não quis atrasar vocês. 

— Relaxa, se arruma na tranquilidade, ainda temos tempo. Você vai usar essa camisa de manga comprida? Pela previsão do tempo vai fazer calor — afirmou o sardento se direcionando para o guarda roupa do irmão, pegando uma camisa de manga curta e jogando para o loiro. — Aqui, vista essa. Parece um pouco com a minha.

— Quer que a gente vá como par de vaso, é? — brincou Sabo dando um sorriso levemente trêmulo, sua mente ainda não estava completamente ali. 

— Quero, vai que confundem a gente e podemos trocar de lugar que nem fazíamos na escolinha — afirmou Ace se jogando na cama alheia e deitando ali. — Quer me contar o que está te incomodando? 

— Você sabe que ninguém acreditava que éramos a mesma pessoa só porque a mãe nos vestia com roupas idênticas, não sabe? — comentou Sabo abotoando a camisa que o mais velho lhe sugerira. — É só... Algo do trabalho... Que eu não consigo resolver sozinho. 

— Claro que sei, não era tão burro assim, só fingia que sim 'pra ser mais fácil.  Algum crime insolucionável? 

— Que desculpinha mais mequetrefe... É... Algo assim, tem uma solução, eu acho, mas não está no meu escopo.

— Adoro o fato de que você usa uma palavra como "mequetrefe" e logo depois "escopo" que eu não faço ideia do que significa, mas vou chutar que seja algo como não está no seu alcance... Se é isso, não tem porque se preocupar tanto, não cabe a você tomar as decisões, então pensar muito nisso só vai te deixar mal. Aproveite hoje para distrair sua mente e se divertir um pouco. 

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