capítulo 22

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As pequenas e quase imperceptíveis olheiras eram a prova da noite mal dormida de Sabo. Havia passado boa parte da madrugada acordado, a adrenalina e todos os sentimentos negativos que passara quando fora para a casa da amiga não o permitiram dormir bem. Além de sua preocupação evidente com o bem-estar da mulher, averiguando todo instante se ela estava dormindo, se estava confortável em sua cama.

A de cabelos castanhos havia decidido ao acordar que iria com o loiro à delegacia para relatar o ocorrido e tomar as medidas legais necessárias. Depois de se alimentarem, ambos seguiram para o local e o maior ficou pelas redondezas enquanto ela era atendida por seus colegas de trabalho. 

Havia visto de relance Lucci passar por si. A expressão de irritação ficava bem evidente em seu rosto sempre sério. Sabo mordiscou a parte interna da bochecha, um tanto confuso com o que deveria fazer naquele momento. O moreno estaria com muita raiva de si? Como deveria iniciar uma conversa para se resolverem? Se conversassem, chegariam em algum acordo para ficarem bem? Essas e outras questões rodeavam sua mente e Sabo se sentia tonto com as incertezas. 

— Sabo, você está bem? — questionou Koala ao notar a ansiedade se tornando aparente nas ações do loiro. — Tem algo te incomodando? 

— Hm? Não, eu estou bem — respondeu de súbito, o tom de sua voz deixando evidente que era uma mentira, o que fez a mulher erguer a sobrancelha em dúvida. — Vou ficar bem. 

— Você não precisa guardar seus problemas para si. Sou sua amiga, você pode confiar em mim e falar o que está acontecendo... Eu sempre vou te ajudar a achar uma solução — afirmou Koala, sua mão segurando a do maior, dando um leve aperto para confortá-lo e passar a sensação de que ela estava ali por ele, assim como ele estava por ela. 

— Eu sei... Eu só... É algo que eu preciso resolver sozinho... Eu confio em você — pontuou, seus dedos correspondendo a pressão da mão dela sobre a sua. — Agora é você quem precisa de mim, Koala. Então, vamos resolver isso primeiro. 

— Mas depois você irá me contar o que aconteceu? Eu não gosto de te ver assim 'pra baixo. Você fica bem mais charmoso quando está sorrindo — comentou em um tom leve de brincadeira como uma forma de animá-lo, os dedos de sua mão encostando nos cantos dos lábios do outro, os erguendo levemente. 

— Eu irei te contar assim que der... — disse Sabo, um pequeno sorriso se delineando em seu rosto com o comentário da menor. — Desse jeito está bom? 

— Está excelente — falou Koala abaixando levemente a mão, retribuindo o sorriso. — Espero que consiga resolver logo... Mesmo se só quiser um ombro para chorar, eu estou aqui, não se esqueça disso. 

— Não vou me esquecer. Eu... — O loiro parou de falar ao notar que Lucci havia se aproximado de onde estavam, o olhar incisivo recaindo sobre si e movendo a cabeça para o lado, indicando para que o seguisse. — Eu já volto, meu... Chefe está me chamando. Você fica bem sozinha? 

— Claro, pode ir. Eu me viro por agora. Obrigada por ontem e por hoje. 

— Não foi nada. Teria feito mil vezes se fosse necessário. 

Sabo se despediu brevemente da mulher e seguiu para a sala de Lucci, seu coração batendo temeroso em seu peito, podia sentir seu corpo tencionar e tremer levemente em nervosismo. Sua respiração ficou mais pesada e ele engoliu em seco ao entrar no local e encostar a porta. 

Nenhum deles disse nada por longos segundos, o que deixou o estômago do menor ainda mais ansioso, revirando-se naquela tensão de uma briga iminente. 

— Não tem nada para me falar, Sabo? — A voz soando grave reverberou no corpo do loiro, fazendo seu estômago se embrulhar mais ainda e sua cabeça dar indícios de tontura. — Espero que tenha se divertido ontem a noite com a sua ex. Pelo jeito você prefere ter um lugar para se enfiar. 

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