capítulo 30

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Algumas semanas haviam se passado e Sabo podia se considerar um novo homem, talvez não completamente, mas boa parte de si havia se reconstruído e se redescoberto como uma pessoa livre e descompromissada, recolocando suas ideias de volta no lugar. 

Havia feito algumas novas descobertas sobre si, na verdade, uma quantidade razoável já era de seu conhecimento, mas só ficara trancafiado em seu peito durante o seu relacionamento com Lucci. 

Primeiro que ainda existia uma enorme vontade de justiça em seu peito e um anseio por mudar, ao menos um pouco, o mundo em que estava inserido, mas somente como um simples policial no meio de tantos outros não era tão fácil assim. 

Talvez precisasse expandir aquela ideia, alargar seus horizontes e perspectivas de futuro. Havia pensado seriamente em retomar os estudos, apesar de saber o quão desgastante poderia ser trabalhar e fazer faculdade ao mesmo tempo. 

Contudo, ter passado cada vez mais tempo com Koala e a vendo se dedicar tão arduamente naqueles dois âmbitos de sua vida o motivava a pelo menos tentar. 

Além do fato de que vez ou outra relembravam o passado em suas conversas e aquilo lhe dava uma nostalgia gostosa, uma saudade do que poderia ser, mas não foi por completo. 

Tinham ingressado juntos na faculdade de direito e rememorar esse momento o fazia se questionar do porquê havia trancado o curso. 

Claro, havia o fator trabalho que acabava por demandar muito de si, mas até que conseguia lidar com a situação no princípio, mas com o passar das semanas foi se tornando mais e mais complicado, principalmente depois que Lucci entrara em sua vida e seu tempo livre era tomado pelo moreno e pelo relacionamento que lentamente se tornava mais desgastante.

Também fora uma escolha sua, contudo, ainda podia se arrepender do passado. Quem sabe não conseguisse destrancar sua matrícula e retomar ao curso que passara tanto tempo sonhando em fazer? Ou, se não conseguisse, ao menos poderia prestar a prova mais uma vez, se conseguira anteriormente talvez conseguisse uma segunda vez. 

Tais pensamentos o empolgavam e o deixavam ansioso, mas de uma forma positiva, aquele anseio que fazia o estômago fervilhar em uma animação pelo futuro, um sinal de que havia uma enorme esperança florescendo dentro de si. 

Outro fato que descobrira sobre si era de que apreciava momentos leves e descontraídos, onde tudo o que importava era uma boa conversa e um copo de bebida, observar as estrelas ou quem sabe o pôr-do-Sol.

Lembrava-se de ter lido em algum lugar que quanto mais tristes estamos mais apreciamos o pôr-do-Sol. Onde fora que lera tal frase? 

Isso pouco importava naquele instante, mas para ele parecia totalmente o contrário: quanto mais feliz e leve estava, mais se sentia capaz em vislumbrar a real beleza de quando o Sol se põe a dormir. 

Talvez, se pudesse, viveria em um planeta, quem sabe um asteróide, tão, mas tão pequeno que fosse possível observar o pôr-do-Sol incontáveis vezes, apenas com o arrastar de uma cadeira. 

Quem sabe talvez não atravessasse as galáxias se agarrando em um meteoro e conhecesse outros planetas tão singulares que o fizessem ter saudade de casa... 

Ou talvez encontrasse uma astuta raposa que lhe cativasse e se tornasse eternamente responsável por tal ato. 

O loiro balançou a cabeça com um pequeno sorriso em seu rosto. Era dali que conhecia aquela frase, do Pequeno Príncipe que viajara lonjuras até chegar a Terra. 

Estava aí outro fato sobre si que havia abandonado com a vida adulta, aquele amor pela leitura, por se embrenhar em novos mundos, em novos horizontes e perspectivas, amava engendrar seu repertório cultural e conhecer coisas novas. 

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