capítulo 31

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O apartamento tinha um aroma particular e doce, um cheiro de ervas frescas que inundava cada canto junto as pequenas risadas que a dupla na cozinha dava. 

— Sabo, pode pegar a farinha ali no armário? — pediu a mulher de fios castanhos enquanto limpava a mesa para usá-la para fazer as pizzas que comeriam aquela noite. 

— Claro, baixinha, eu pego para você — comentou Sabi bagunçando-lhe os cabelos em uma provocação por sua estatura baixa. 

— Você também não é lá o mais grande — rebateu Koala mostrando a língua e puxando uma cadeira para o loiro. — Pode usar, acho que deve estar alto para você também. 

— Eu alcanço, pode deixar — afirmou com convicção, abrindo o armário superior e vendo o pote de farinha na última prateleira. 

O loiro mordiscou o lábio ao notar que estava mais alto do que julgava, mas também não queria voltar atrás de sua palavra e dar abertura para a mulher ter motivos para rir de si. Iria se esforçar para não ter que utilizar a cadeira e mostrar que Koala tinha razão em seu comentário. 

Seus dedos tocaram no pote e com pequenos toques começou a puxá-lo mais para si até que metade estivesse para fora do armário. Sabo deu um sorriso confiante, crente de que conseguiria pegar a farinha sem ajuda, entretanto, quando foi retirá-la por completo, o pote escapou de seus dedos e girou no ar, caindo com tudo em sua cabeça e abrindo, fazendo o pó branco recobrir todo seu corpo. 

— Sabo... Você 'tá bem? — perguntou a mulher ao ouvir o som do pote cair no chão e voltou sua atenção para o loiro, tentando controlar a risada, mas foi impossível ao ver a cara totalmente branca do outro, assim como suas roupas. — Parece que alguém foi atacado pela farinha.

— Você viu? Ela tentou se suicidar assim que eu abri o armário — disse Sabo passando os dedos pelos seus olhos, tentando limpar-se. 

— Percebi... A vida dela estava realmente muito difícil de aguentar... 

— É difícil existir, até a farinha sabe disso. — Sabo tossiu e coçou o nariz, sentindo o pó entrar por todos os poros do seu corpo. 

— Vem cá, vou tirar o excesso e depois de colocarmos as pizzas no forno a gente pode tomar um banho, enquanto esperamos  — falou a mulher pegando um pano de prato limpo e o molhando para passar no rosto do maior. 

Sabo se aproximou de olhos fechados e abaixou levemente o tronco para que Koala o alcançasse. As mãos pequenas passaram o pano úmido em sua face, até que pudesse ver a pele do outro quase limpa. 

— Pronto, assim você parece menos com o Gasparzinho — brincou Koala colocando o pano em cima da bancada da pia.

— Obrigado, o que seria de mim sem você para me salvar da morte precoce? — comentou Sabi abrindo os olhos e se voltando para o pote no chão, notando que todo o conteúdo estava derramado completamente. — Foi mal por isso, acho que desperdicei sua farinha. 

— Tudo bem, Sabo, pensei que algo assim pudesse acontecer e deixei um pacote de reserva — pontuou a mulher abrindo a pequena despensa e tirando a farinha fechada e a colocando sobre a mesa. 

— Não sabia que tinha uma bola de cristal. Onde você a esconde, hm? — brincou Sabo se aproximando e abrindo o pacote, derramando uma parte sobre a madeira.

— Melhor que não saiba onde ela fica escondida — retrucou a mulher em um tom provocativo, dando risada ao ver o olhar alheio descer inconscientemente para seus seios e seu rosto se avermelhar ao perceber o que fazia. — Estava olhando algo, Sabo? 

— N-não, nada... Então, o que eu faço agora? — Sabo tossiu um tanto envergonhado de sua reação, mexendo na farinha com a ponta de seus dedos. 

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