O coração batia desesperado e frenético em sua caixa torácica, sua mente parecia que explodiria com tantos pensamentos e sentimentos. Sabo se encontrava entre a cruz e a espada naquele momento. Tinha certeza de que Lucci não ficara nem um pouco contente com sua partida, mas também não poderia ficar, não quando sua melhor amiga parecia tão assustada e desesperada pela chamada.
Era óbvio para si que naquele momento deveria optar pela mulher, não era uma questão de quem amava mais ou quem valia mais a pena, mas sim, uma questão de segurança. Koala não lhe ligaria tão transtornada se não fosse algo sério e urgente, conhecia a amiga e sabia o quanto ela era independente e resolvia seus problemas por si só.
Ouvir sua voz através do aparelho foi mais um indício de que tinha algo acontecendo e que não podia adiar. Talvez Lucci brigasse consigo mais uma vez por isso, mas tentou manter essa questão como uma preocupação futura.
— Pode esperar aqui uns minutos? — pediu Sabo assim que o motorista do uber estacionara na primeira parada da rota.
Sem ao menos esperar pela resposta, o loiro abriu a porta e correu em direção a casa. Sua mente era um completo turbilhão de suposições e pensamentos cada vez mais pessimistas e temerosos.
Sua mão girou a maçaneta destrancada e entrou na residência sem qualquer aviso. As batidas fortes de seu coração o impediam de pensar em tudo o que fazia com clareza. Seus olhos passaram pelo local e seus pés calçados pisaram nos cacos de vidro que estavam no chão.
Sabo sentiu sua cabeça dar uma volta completa ao perceber uma pequena mancha de sangue em alguns dos cacos, seu coração estava ainda mais temoroso do que nunca. Seus ouvidos logo captaram o som de gritos e xingamentos vindo dos quartos e Sabo se apressou para lá.
— Abra essa porta agora, Koala, ou eu vou colocá-la abaixo — grunhiu o enorme homem que batia enfurecido contra a madeira, o que fez o loiro tencionar o corpo e sentir a raiva subir por sua garganta de uma forma tão abrupta e amarga que o gosto da bílis se instalou em sua boca.
Dava para sentir o cheiro do álcool impregnado nele, assim como notar as nuances de sua embriaguez no tom embargado de sua voz. Sabo avançou a passos rápidos e a surpresa de sua presença repentina fez o outro recuar assustado.
O jovem policial aproveitou o momento em que o homem estava atordoado e tentando processar de onde ele surgira para bater em uma sequência ritmada contra a porta três vezes.
— Koala, sou eu, está tudo bem. Vou te levar para casa — anunciou Sabo e logo a porta se abria, revelando o rosto levemente inchado e avermelhado pelas lágrimas, além de pequenos cortes que pareciam recentes. Mesmo que não a tivesse tocado, era evidente que a mulher tremia, todo seu corpo parecia tenso e encolhido como uma forma de se proteger.
— Levá-la para casa? Ela já está na casa dela, garoto. Quem você pensa que é para vir no meu lar e tentar sequestrar minha filha?
— Sua filha? Você a trata pior do que tudo, como ainda tem coragem de chamá-la assim? E eu não a estou sequestrando, não distorça a situação — pontuou Sabo, sentindo os braços finos da mulher se envolverem em seu corpo de maneira trêmula, os leves espasmos dos soluços fazendo o seu próprio corpo vibrar. — Está tudo bem agora, vamos lá para fora e ir embora daqui. Eu não vou deixar mais nada de ruim te acontecer.
Sabo girou o corpo e se encaminhou para a saída com a mulher em seu encalço. Os braços do maior a envolveram protetoramente, enquanto a sentia voltar a chorar desatinadamente.
— 'Pra onde pensa que vão? Não deixar nada de ruim acontecer? Não fique se achando, moleque. Você foi uma das piores coisas que aconteceu na vida dela — mencionou o homem caminhando um tanto trôpego, sua mão tentando agarrar o pulso do loiro que, por instinto, se afastou.
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Reamar
FanfictionAmores vem e vão, deixam suas marcas, algumas rasas outras profundas, ferem e machucam, às vezes curam e saram. Amar é se entregar e se arriscar, é perder-se para nem sempre ganhar. Amores são dolorosos, mas também são curativos, são opostos que se...