"Passe na delegacia para pegar suas coisas, sua transferência será semana que vem e preciso que assine os documentos. Nossa relação profissional se encerra por aqui." Foi a mensagem que Sabo recebeu ao acordar, suas mãos esfregaram algumas vezes seus olhos, verificando se havia lido certo.
Suas mãos tremiam levemente com aquelas palavras, fora rápido demais, nem ao menos passara 24 horas da discussão que tiveram. Podia ouvir o baixo ressonar de Koala deitada na cama ao seu lado, enquanto sua mente entrava em pane sozinha.
"Certo, me desculpe" começou a digitar a resposta, mas logo a apagou, se repreendendo por pedir desculpas mais uma vez sem motivo algum. "Passarei hoje para buscá-las, não se preocupe..." em seguida clicou em enviar a mensagem, sentindo seu coração bater desesperado e angustiado.
A resposta veio logo em seguida, um curto "ok" seguido de um completo vazio. Seco, duro e sem rodeios, como se aquele fim não fosse impactante para ele, como se não significasse nada e esse fato foi o que mais doeu. Era assim tão fácil para Lucci simplesmente deixá-lo ir? Seu amor e sua necessidade pelo menor era tão pouca assim?
"E quanto a nós?", perguntou sentindo a incerteza rodear sua mente, não sabia se o final da relação profissional também implicava no fim da amorosa.
"Pensei que estivesse óbvio, Sabo. Não acho que temos mais o que manter depois de tudo o que você fez e falou".
Sabo deixou seus dedos pairarem pela tela, em dúvida se responderia algo ou não. Aquela última mensagem havia mexido consigo, novamente Lucci o colocava como culpado, como a causa do fim da relação deles.
Deveria respondê-lo? Falar qualquer coisa? Tentar mostrar seu ponto mais uma vez? Dizer que não era ele o único culpado daquilo?
— Sabo? Já acordou? — comentou Koala em um tom sonolento, sentando-se na cama e olhando para o loiro por longos segundos. — Aconteceu algo?
O maior não respondeu, apenas entregou o celular na conversa aberta para a amiga que leu sem pensar duas vezes. A expressão contrariada e irritada que se seguiu já indicava o que pensava daquelas poucas mensagens.
— Que grande babaca. Ele merecia um chute bem dado no meio das bolas. Quem ele pensa que é para falar assim com você? — murmurou a mulher deixando o celular de lado. — Se quiser companhia, posso ir com você buscar suas coisas, meu chefe me deixou de folga hoje para compensar o trabalho no feriado amanhã.
— Obrigado, eu... Acho que preciso fazer isso sozinho dessa vez.
— Certo, você quem sabe... Ei, sabe, podemos fazer algo para te relaxar e ainda esfregar na cara desse idiota o cara incrível que ele perdeu.
— O que se passa nessa mente fértil?
— O seu dia de princesa, claro. O que quer fazer primeiro: cabelo, unha, pele, rosto?
Sabo deu uma risada baixa e pensou um pouco sobre o que a mulher dissera, não achando a ideia tão ruim assim. Talvez soasse como uma afronta ao maior se mudasse algo em si a qual ele lhe dissera para manter.
E o fim de uma fase era sempre uma boa hora para mudanças significativas na aparência de alguém, como se realmente fosse um ponto final.
— Acho que podemos começar pelo cabelo.
— Ótima escolha, vamos tomar um café e comer algo para começarmos sua transformação de "levei um pé na bunda" para "sou linda, gostosa, perdeu, otário".
O maior deu uma risada alta com aquele comentário e concordou, ambos saindo do quarto e seguindo em direção a cozinha.
[...]
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Reamar
FanfictionAmores vem e vão, deixam suas marcas, algumas rasas outras profundas, ferem e machucam, às vezes curam e saram. Amar é se entregar e se arriscar, é perder-se para nem sempre ganhar. Amores são dolorosos, mas também são curativos, são opostos que se...