Meus pensamentos nunca foram minha prisão. Foi assim por muito tempo, e não era nada voluntário como se pode perceber. Mas é impossível, agora, não fazer as comparações que imaginei com o que estou vivendo no momento. Acho interessante o fato de que quando comecei a entendê-la, pude perceber que nada do que dizia era por acaso, por exemplo, o nome do blog, ela o nomeou como RIZOMA.
Em uma de minhas muitas aulas de filosofia na faculdade, ouvi muito dizer sobre esse conceito 'Rizoma' por Deleuze, um filósofo francês e Guattari, também francês, filósofo e psicanalista. Eles pensavam a filosofia como um rizoma. Um rizoma, em sua mais simples definição diz do interior, do que não é visto na superfície e é exposto para todos verem, um rizoma é o que está nascendo e crescendo por baixo da terra, são as raízes, os caules horizontais que não são expostos, aparenta um crescimento diferenciado, polimorfo, horizontal, sem uma direção definida. Não há centro, hierarquia, ordem, profundidade. São os arcos essenciais, a verdade que antecede a multiplicidade da planta que vemos.
Deleuze apresenta em toda sua filosofia, a árvore-raiz que representa o pensamento inflexível, é simbólico ao modo sedentário de viver, na organização hierárquica das relações como quem diz: "muitas pessoas têm uma árvore plantada na cabeça". O rizoma sugere outra forma de pensamento, é um processo de ligação da multiplicidade por ela mesma, é uma maneira mais interessante de pensar.
"Um agenciamento é precisamente este crescimento das dimensões numa multiplicidade que muda necessariamente de natureza à medida que ela aumenta suas conexões. Não existem pontos ou posições num rizoma como se encontra numa estrutura, numa árvore, numa raiz. Existem somente linhas" – Deleuze & Guattari, Mil Platôs
É o que vejo na maioria das teorias, elas reduzem a multiplicidade a seu objeto e é apenas aquilo, o raso e o superficial que vemos e somos acostumados a pensar, mas o pensamento rizomático se move e se abre, se fecha, pulsa, constrói e desconstrói, ele explode em todas as direções. Existem somente as linhas, as conexões. É o completo pesadelo do pensamento linear, o rizoma não se fecha sobre si, é aberto para experimentações, é sempre ultrapassado e atravessado por outras linhas de intensidade. Cresce onde há espaço, floresce onde encontra possibilidades e cria seu próprio ambiente.
Penso que, basta sair do quarto para perceber as diversas linhas da vida se cruzando incessantemente, desrespeitando todos os outros métodos de fazer o pensar, o viver. Não podemos mais apostar todos os nossos recursos em pensamentos lógicos com um único sentido, não existe apenas uma única explicação. A filosofia nunca foi uma caixinha de saberes determinados, ao contrário, ela é a mistura de todos eles. As conexões se multiplicam, logo, a intensidade também.
Rafaella, por nomear seu blog com esse nome, depois de um tempo fez todo e completo sentido. É algo tão 'dela', tão enraizado e íntimo que nessa altura do campeonato me vejo como uma estudiosa. No entanto, agora que tenho acesso a seus olhos eu me descubro nos mesmos, me distraio completamente em você e tudo fica mais claro. Há muito mais do que posso ver, é preciso entender.
Pensei em tantas coisas para dizer nesse momento, e aqui agora vendo-a em minha frente tudo me fugiu. Abro e fecho minha boca algumas vezes e quando finalmente estava pronta para dizer algo minimamente coerente ouvimos os sinos. Seus olhos correram dos meus na mesma direção ao barulho, mas nada me tiraria a atenção naquele momento. Portanto, observei atentamente as linhas de seu rosto em perfil, seu vestido azul caindo por seu corpo, suas mãos que chamavam pela minha. Foi um espasmo inconsciente, um desejo de senti-la de verdade que fez com que desse dois passos adiante, eram como ímãs, meus dedos percorreram o interior de seu braço esquerdo se encaixando, por fim, em sua mão.
Era como no sonho em que me via completamente hipnotizada, nós duas descalças sobre à terra vermelha característica do Sul do Brasil, que entravam entre nossos dedos e coloria nossos pés uma vez já limpos. Assim como no sonho tive medo dela ir e sumir de vista, segurar sua mão me permitiu sentir a eletricidade compartilhada de nossos corpos ainda desconhecidos.
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Procura-se
FanfictionO que fazer quando se encontra um celular no metrô? Gizelly, uma jovem professora de literatura, pensou que o dono logo apareceria, mas depois de semanas sem noticias sua curiosidade para encontra-lo falou mais alto. O que será que encontrará nessa...