Capítulo quatro

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Como a Alemanha é fria!

Estou há duas semanas nesse país e me sinto como um pinguim.

As coisas não poderiam estar indo melhores em relação a nova filial. Vejo todos muito empenhados em fazer acontecer.

Eles me respeitam muito e acatam todas as minhas decisões.

Isso me faz sentir muito poderosa!

Quanto a Poncho? Bom, não o vi desde a noite do jantar na casa de seus pais. Por causa do meu pequeno acidente, não precisei voltar a HER e isso acabou antecipando minha viagem.

Todo o contato que tivemos depois disso, foi estritamente profissional.

Não vou negar que sinto saudades dele, mas entendo que tenha sido melhor assim. Depois de tudo que eu ouvi, preciso desse tempo antes de encara-lo novamente.

Sinto falta também dos meus finais de semana  em Nova York!

Não gosto dos programas alemães, eles não sabem se divertir como nós sabemos.

Hoje é sábado e estou trancada em meu quarto de hotel assistindo Netflix.

Não é algo que eu faria normalmente.

Mas não tenho amigos aqui e não me sinto confortável em sair com os funcionários da empresa. Sinto que preciso passar uma postura mais séria para eles.

Ouço uma batida na minha porta e imagino que seja as guloseimas que pedi no restaurante do hotel.

Me levanto da cama super animada, com meu pijama de coraçõezinhos.

Abro a porta e quase perco o ar.

— Poncho? — É o máximo que consigo dizer.


Estou em estado de choque.

Ele me olha daquele jeito enigmático de sempre e continua parado, com as duas mãos no bolso.

Isso leva alguns segundos, até que ele finalmente diz:

— Não vai me convidar pra entrar?

Não consigo calcular meus movimentos. Minhas pernas tremem e meu coração está acelerado.

Tento retomar ao menos um pouco da consciência e dou espaço para que ele entre.

— O que você tá fazendo aqui?

— Você veio sem se despedir.

— Poncho...

— E não atendeu as minhas ligações...

— Eu respondi todos os seus e-mails. — Tento me defender, como se fosse preciso.

— Profissionais.

Sim, era o que eu andava fazendo.

— É a ligação que temos, não vejo motivo pra ser de outra maneira. — Digo e percebo que a minha voz sai mais magoada do que eu previa.

— Você só pode tá brincando! — Ele diz, enquanto o ouço bufar.

— Afinal, o que você está fazendo aqui? Se veio pra bisbilhotar se estou fazendo um bom trabalho, perdeu a viagem.

Poncho sacode a cabeça, como se estivesse em negação.

— Será que você não enxerga um palmo á sua frente? Eu não estou aqui pela empresa, Ani!

Sinto meu coração disparar novamente.

— E está pelo que então?

— Droga, Ani! Estou aqui por você! — Ele me olha e sinto muita seriedade no que fala. — Estou aqui, porque você veio pra cá sem ao menos me escutar.

Without youOnde histórias criam vida. Descubra agora