Capítulo dezesseis

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Por Poncho:

Anahí me encara e eu posso jurar que vejo dor em seu olhar.

— Não. Você não merece nada disso. — Responde entre soluços. — Mas eu estava confusa e frágil demais para pensar nas consequências.

— Me desculpe, mas eu não sei se um dia vou conseguir entender isso. — Repondo com honestidade.

— Não espero que entenda. — Ela limpa seu rosto. — Eu não vim aqui pra falar sobre nós dois... Se você não puder me perdoar nunca por isso, eu vou sobreviver... Estou aqui por você e pelo Sam. Você merecia saber que ele é seu filho. E por ele, eu preciso saber como vai ser daqui pra frente.

Mesmo diante do meu estado, o que ela acaba de dizer me surpreende. Não esperava que ela fosse tão direta assim num momento como esse.

— É claro que você não precisa me responder nada agora. Entendo que você tenha dúvidas e precise de um tempo... Ou quem sabe um exame de DNA...

Sua última frase me tira do sério.

Mesmo sabendo que há poucos minutos eu deixei claro que tinha dúvidas.

— Eu não quero a porra de um DNA! — Minha voz sai mais alta do que prevejo. Percebo que ela se assusta e me recrimino imediatamente. Então modero o tom — Você sabe o que eu quero? Eu quero uma máquina do tempo! Quero ver você grávida... Quero ver meu filho nascer...

— Não torne tudo ainda pior do que já é!

— Eu quero vê-lo! — Exijo, olhando em seus olhos. — Não quero perder mais nada. Você está me entendendo? Eu preciso disso!

— Você vai! Mas não é o momento... Está tarde... Ele com certeza já está pronto para dormir. Não sei se é uma boa ideia!

— Sabe o que não é uma boa ideia? Esconder um filho de um pai. — Retruco. — Que se dane! Eu preciso vê-lo, ainda que dormindo. Acredite em mim, eu não vou conseguir respirar se não fizer isso ainda hoje!

Anahí parece contrariada. Eu diria até com medo.

É claro que não é o tipo de reação que eu gostaria de estar causando nela.

Consigo ter um pouco de consciência, mesmo que com as emoções afloradas.

— Por favor, Anahí! — Peço mais controlado. — Eu não farei mal algum a ele. Só preciso vê-lo! Ele nem vai perceber que eu estive lá...

Anahí hesita, mas após segundos de silêncio, concorda com a cabeça, parecendo convencida.

— Tudo bem... Eu acho que podemos fazer isso.

Uma emoção que não sei explicar toma conta de mim.

Nunca me senti tão ansioso.

Saímos do meu apartamento em direção ao outro lado da cidade, onde os pais de Anahí moram. Ela insiste pra que eu vá no carro dela, porque argumenta que eu não estou em condições de dirigir.

Preciso admitir que ela tem razão.

Um acidente agora não ajudaria em nada!

Nic está no hospital e precisa de mim.

E agora... Bom... Agora eu tenho outro bom motivo para tentar me manter inteiro pelo maior tempo possível.

Porra!

Isso é loucura!

Em todo o percurso há um silêncio quase constrangedor.

Mas é necessário!

Without youOnde histórias criam vida. Descubra agora