Capítulo dezessete

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Por Anahí:

Esse não está sendo um dia fácil na empresa, e o peso da responsabilidade parece maior do que nunca. Mais uma vez tento me concentrar nos meus afazeres quando recebo a mensagem: Armando Herrera quer me ver em seu escritório. Meu coração dispara.

Sei que essa conversa é inevitável.

Chego ao escritório de Armando, ele já está sentado atrás de sua enorme mesa de madeira, com uma expressão séria no rosto. É difícil ver Armando assim; ele sempre foi uma figura paterna para mim, caloroso e acolhedor.


— Entre, Anahí! — Ele pede, sua é voz grave, mas controlada.


Fecho a porta atrás de mim e me sento na cadeira em frente à mesa dele. O silêncio entre nós é palpável, carregado de tensão e algo a mais que reconheço como decepção.


— Eu imagino que você saiba por que eu queria falar com você... — Ele começa, seus olhos estão fixos nos meus.

Concordo e sinto um nó se formar na minha garganta.

— É claro... Sei que deve estar muito decepcionado comigo.

Armando suspira profundamente, passando a mão pelos cabelos grisalhos. Está tão nervoso quanto eu.

— Anahí, eu sempre te vi como a filha que nunca tive. Sempre acreditei em você, em sua integridade e honestidade, acima de qualquer coisa. Jamais passou pela minha cabeça que você pudesse nos esconder uma coisa dessas. Um neto!

— Eu... eu não queria magoar ninguém! — respondo, com a voz trêmula. — Eu descobri essa gravidez num momento muito difícil pra mim. Sei que isso não justifica coisa alguma, mas eu simplesmente não tive coragem de enfrentar tudo o que essa mudança significaria na minha vida. —  Confesso. — Não é algo que eu me orgulhe, mas não foi algo planejado para enganar ninguém. As coisas simplesmente aconteceram e viraram uma enorme bola de neve. Quando me dei conta do que tinha feito, tive medo de procurar por vocês e enfrentar às consequências.

— Medo? — Ele repete. A sua voz sobe um pouco. — Você não achou que merecíamos saber? Que deveríamos ter a chance de conhecer Samuel desde o início? Ele é parte desta família, Anahí. Meu neto! E nós perdemos tanto tempo com ele por causa do seu silêncio.

As lágrimas começam a se acumular em meus olhos. Odeio estar tão fragilizada na frente de Armando.

— Eu sei que errei! Nada que eu possa dizer agora vai diminuir o dano que eu causei.

Armando respira fundo novamente, parece tentar controlar sua raiva e decepção.

— Nunca vou entender os seus motivos. Ainda estou muito decepcionado e incrédulo com tudo isso. — Armando despeja. — Mas você é como uma filha pra mim e para Ruth e eu sei que os filhos nos decepcionam mesmo. A vida é assim. — Abaixo a cabeça imaginando o quanto Ruth deve está triste com toda essa história. — Olhe para mim! —  Ele pede e eu volto a levantar o olhar. — Isso não muda o quanto amamos você! E Deus! Você sabe o quanto sonhamos com isso.

As palavras dele, embora dolorosas, trazem um pequeno alívio ao meu coração.

— Eu sei que pedir desculpas não é suficiente, mas me desculpe, de verdade. Eu nunca quis magoar ninguém. — Falo com a voz embargada. — Especialmente a família de vocês.

Ele fica em silêncio por um momento, parecendo avaliar minhas palavras. Finalmente, ele se levanta e vem até mim, colocando a mão no meu ombro.

— Querida, eu não estou bravo com você, mas sim desapontado. Acredite, queremos Sam em nossas vidas, e queremos você também. Nós ainda somos uma família e você... Bom... Você faz parte dela desde pisou a primeira vez em nossa casa. — Um sorriso quase aprece em seu rosto. — Acredite, embora a mágoa seja grande, não é maior do que a felicidade que estamos sentindo.

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⏰ Última atualização: May 17 ⏰

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