Capítulo cinco

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Depois de me arrastar por alguns pontos turísticos de Berlim, Poncho me leva a um bar bem tradicional da cidade. É um lugar sensacional, que me parece bastante popular entre os jovens.

Depois de experimentar três tipos de cervejas diferentes, parecemos menos tensos por tudo que acabamos de viver.

— Você tá sendo muito elogiada lá por Nova York, estou verdadeiramente com medo de perder meu cargo pra você! — Poncho comenta em tom de brincadeira.

Solto uma risada.

— Você sabe que eu faria igual ou melhor. — Respondo em tom de brincadeira também.

Ele ri abertamente, mostrando os dentes.

— Essa é a razão do meu medo.

Seu comentário me deixa envaidecida. É algo que eu admiro nele. Sempre reconheceu o meu talento e nunca tentou me desmerecer de alguma forma.

Tá bom... Eu sei que é o mínimo que de espera numa pessoa, mas convenhamos que é uma qualidade cada vez mais difícil de encontrar.

— Deixe de ser bobo! — Falo após dar um enorme gole em minha cerveja. — Eu adoro o que faço. Gosto da parte administrativa da coisa, mas comandar o mercado, me fascina! Adoro poder participar de todas as etapas dos produtos, sabe? Desde a embalagem, até a publicidade.

— Não há pessoa melhor nisso do que você, Ani! — Poncho diz e eu vejo sinceridade em suas palavras. — Meu pai sabia disso desde sempre.

— Armando apostou muito alto comigo. Você sabe... Eu não estava preparada.

— Estava sim. Ele fez isso por nós dois... Nos preparou. Não podemos diminuir o que ajudamos a construir. A HER já era enorme quando assumimos, mas hoje ela é gigante! Trouxemos o olhar jovem que ela precisava.

Sorrio, toda orgulhosa.

— Somos uma boa dupla! — Finalmente me convenço.

Ficamos por vários minutos trocando figurinhas sobre a empresa.

Não, apenas isso não nos define. Mas é parte do que somos.

Agora que já estou embriagada o suficiente, me sinto confortável para perguntar:

— Como você veio parar aqui?

— Avião. Conhece? — Ele zomba de mim, sabendo que vou me irritar.

— Estupido! — Esbravejo.

Ele ri ainda mais.

— Do que exatamente quer saber?

— Quero saber exatamente o que te trouxe aqui.

— Ok... — Vejo que ele fica tenso. — Nunca me senti tão mal quanto naquela noite. Por minha causa você se machucou... — Ouço um suspiro. — Pelas coisas idiotas que eu falei... E você saiu do meu carro tão magoada. Eu queria ter ido atrás de você, Ani. Mas eu sabia que naquele momento eu só conseguiria piorar as coisas. Preferi deixar pro outro dia, mas então você não estava lá e foi como um balde de água fria. — Seus olhos estão mais escuros do que o normal. — Eu mal pude acreditar quando soube que adiantou o seu voo. Juro por Deus, tive vontade de entrar no primeiro avião que saísse de Nova York e vir atrás de você imediatamente. Mas muita coisa me impedia...

— Você não podia abandonar a Her...

— Não era só isso... Eu precisava entender o que realmente estava acontecendo.

— E você conseguiu entender?

— Não até eu olhar para você novamente.

Meu coração dispara e quase perco o ar.

Without youOnde histórias criam vida. Descubra agora