O filho de Poncho está doente! Aos poucos a ficha vai caindo.Tento ser a pessoa mais imparcial do mundo e conforto Armando.
— Não se preocupe com mais nada agora, a empresa está em boas mãos. — Digo tentando parecer convicta.
O que, de fato, não é uma mentira.
Mas o que eu tento não demonstrar é o quanto estou abalada com o que acabo de saber.
Não conheço essa criança, pelo menos não pessoalmente. Já vi inúmeras fotos do garoto, e o que sempre me deixou impressionada é o quanto ele é parecido com Nicole.
No fundo, eu sempre desejei que fosse somente na aparência.
Mas isso não importa, porque não conhece-lo não muda em nada o que estou sentindo agora.
O incômodo no peito me parece desesperador.
Ele é apenas uma criança.
Poderia ser o Sam... Poderia ser o meu filho!
Desde que a reunião acabou, sinto que estou em modo automático. Penny me acompanha até a minha nova sala e me ajuda em tudo que é necessário.
Confesso que me sinto estranha nessa posição. CEO da Her New York...
É algo que jamais cheguei a desejar. Esse lugar sempre foi dele.
Eu nunca fui a protagonista aqui, sempre estive mais para coadjuvante. E veja bem, não é que isso tenha sido sempre algo que me incomodava, mas em algum momento eu percebi que onde eu estava era o máximo que conseguiria chegar.
E pensar nisso, era o que realmente me incomodava.
Poncho com esse jeito super protetor, achava que realmente estava me fazendo bem. Ele acreditava que eu não era forte o suficiente para enfrentar os altos e baixos dessa vida de negócios.
Lembro de como me doeu perceber o quanto o olhar dele sobre mim mudou a partir do momento em que éramos um casal.
Juro que sentia falta até das suas broncas!
Eu deixei de ser a mulher que ele admirava na vida profissional, e passei a ser somente sua namorada (e posteriormente noiva).
Eu o amava! Sempre amei...
Mas ele me apagava...
Eu não era mais a Anahí Puente. Uma MULHER, vinda de classe média e inteligente para caralho a ponto de chegar tão longe. Simplesmente me tornei a noiva de Alfonso.
Era como se eu não tivesse mérito por nada! Como se todos aqueles anos de estudo, estágios e trabalho duro não me valessem de nada.
Impressionante como estar de volta me desperta todas essas emoções, que eu preferia esquecer.
Não é um dia fácil. É difícil tentar entender tudo em tão pouco tempo. A forma com que os americanos fazem negócios é muito diferente dos espanhóis.
Saio exausta da empresa e sinto uma enorme vontade de correr pra casa e abraçar o meu filho, daquele jeito que o deixa desesperado, gritando para que eu o solte logo. Mas penso por um segundo, e resolvo desviar o caminho.
Paro em frente ao prédio de Poncho e penso em desistir. Parece um pouco invasivo da minha parte, afinal é o lugar onde atualmente ele mora com o filho e consequentemente com Nicole.
Mas respiro fundo.
Sinto que preciso disso... vê-lo de perto, abraça-lo e dizer que logo tudo estará bem.
O porteiro faz com que eu espere por uns dez minutos e isso só aumenta minha ansiedade. Será que ele não quer me receber? Ou será que Nicole atendeu e deu uma bronca no pobrezinho?
Ele desliga o telefone e me olha.
— Senhorita Puente, pode subir!
Sorrio, um pouco sem graça e balanço a cabeça.
Em menos de três minutos chego a enorme cobertura em que Poncho mora.
Não tenho nenhum tipo de dificuldade, porque conheço perfeitamente o caminho.
Quando saio do elevador, o vejo encostado no batente da porta. Seus braços estão cruzados na frente de seu corpo e logo de cara consigo notar o quanto ele parece mais magro do que eu me lembro.
— Confesso que não esperava por essa visita.
Nos encaramos e dou alguns passos em sua direção.
Estou bem na sua frente.
— Oi Poncho... — Começo buscando palavras, mas a verdade é que o seu estado está me deixando de coração partido. — Me desculpe por vir sem avisar, se não for uma boa hora...
— Você já sabe... Não sabe? Você não estaria aqui se não soubesse.
Apesar do que diz, sua voz não é agressiva. Seu tom é baixo e parece cansado.
— Eu sei... Poncho, eu precisava ver você. — Confesso sem medo de parecer uma tola.
Ele abre os braços ao redor de seu corpo.
— Está vendo Anahí. Aqui estou... Derrotado!
A dor está em todos os lugares: Na sua voz, no seu olhar, em cada gesto.
Sem pensar, o abraço.
Poncho demora consideravelmente, mas retribui.
Ele me aperta em seus braços.
De repente sua respiração parece descompassada, levanto a cabeça e percebo que ele está chorando.
Tenho vontade de chorar com ele, mas seguro as lágrimas.
Limpo seu rosto com minhas mãos.
— Ei, olhe para mim! — Peço num sussurro e ele atende. Seus olhos estão úmidos e avermelhados. —Vai ficar tudo bem! — Forço um sorriso.
<Notas da Autora>
Poncho sofrendo 💔
Tivemos várias teorias nos comentários do capítulo anterior. E alguma que li batem com o futuro da história. Porém, muitas surpresas ainda virão!
Tenham ótimo domingo! 🧡
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Without you
FanfictionAlgumas pessoas vivem pela fortuna. Algumas pessoas vivem apenas pela fama. Algumas pessoas vivem pelo poder, sim. Algumas pessoas vivem apenas para jogar o jogo [...] Algumas pessoas querem tudo. Mas eu não quero absolutamente nada, se não for você...