Capítulo Doze

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O filho de Poncho está doente! Aos poucos a ficha vai caindo.

Tento ser a pessoa mais imparcial do mundo e conforto Armando.

— Não se preocupe com mais nada agora, a empresa está em boas mãos. — Digo tentando parecer convicta.

O que, de fato, não é uma mentira.

Mas o que eu tento não demonstrar é o quanto estou abalada com o que acabo de saber.

Não conheço essa criança, pelo menos não pessoalmente. Já vi inúmeras fotos do garoto, e o que sempre me deixou impressionada é o quanto ele é parecido com Nicole.

No fundo, eu sempre desejei que fosse somente na aparência.

Mas isso não importa, porque não conhece-lo não muda em nada o que estou sentindo agora.

O incômodo no peito me parece desesperador.

Ele é apenas uma criança.

Poderia ser o Sam... Poderia ser o meu filho!


Desde que a reunião acabou, sinto que estou em modo automático. Penny me acompanha até a minha nova sala e me ajuda em tudo que é necessário.

Confesso que me sinto estranha nessa posição. CEO da Her New York...

É algo que jamais cheguei a desejar. Esse lugar sempre foi dele.

Eu nunca fui a protagonista aqui, sempre estive mais para coadjuvante. E veja bem, não é que isso tenha sido sempre algo que me incomodava, mas em algum momento eu percebi que onde eu estava era o máximo que conseguiria chegar.

E pensar nisso, era o que realmente me incomodava.

Poncho com esse jeito super protetor, achava que realmente estava me fazendo bem. Ele acreditava que eu não era forte o suficiente para enfrentar os altos e baixos dessa vida de negócios.

Lembro de como me doeu perceber o quanto o olhar dele sobre mim mudou a partir do momento em que éramos um casal.

Juro que sentia falta até das suas broncas!

Eu deixei de ser a mulher que ele admirava na vida profissional, e passei a ser somente sua namorada (e posteriormente noiva).

Eu o amava! Sempre amei...

Mas ele me apagava...

Eu não era mais a Anahí Puente. Uma MULHER, vinda de classe média e inteligente para caralho a ponto de chegar tão longe. Simplesmente me tornei a noiva de Alfonso.

Era como se eu não tivesse mérito por nada! Como se todos aqueles anos de estudo, estágios e trabalho duro não me valessem de nada.

Impressionante como estar de volta me desperta todas essas emoções, que eu preferia esquecer.

Não é um dia fácil. É difícil tentar entender tudo em tão pouco tempo. A forma com que os americanos fazem negócios é muito diferente dos espanhóis.

Saio exausta da empresa e sinto uma enorme vontade de correr pra casa e abraçar o meu filho, daquele jeito que o deixa desesperado, gritando para que eu o solte logo. Mas penso por um segundo, e resolvo desviar o caminho.

Paro em frente ao prédio de Poncho e penso em desistir. Parece um pouco invasivo da minha parte, afinal é o lugar onde atualmente ele mora com o filho e consequentemente com Nicole.

Mas respiro fundo.

Sinto que preciso disso... vê-lo de perto, abraça-lo e dizer que logo tudo estará bem.

O porteiro faz com que eu espere por uns dez minutos e isso só aumenta minha ansiedade. Será que ele não quer me receber? Ou será que Nicole atendeu e deu uma bronca no pobrezinho?

Ele desliga o telefone e me olha.

— Senhorita Puente, pode subir!

Sorrio, um pouco sem graça e balanço a cabeça.

Em menos de três minutos chego a enorme cobertura em que Poncho mora.

Não tenho nenhum tipo de dificuldade, porque conheço perfeitamente o caminho.

Quando saio do elevador, o vejo encostado no batente da porta. Seus braços estão cruzados na frente de seu corpo e logo de cara consigo notar o quanto ele parece mais magro do que eu me lembro.

— Confesso que não esperava por essa visita.

Nos encaramos e dou alguns passos em sua direção.

Estou bem na sua frente.

— Oi Poncho... — Começo buscando palavras, mas a verdade é que o seu estado está me deixando de coração partido. — Me desculpe por vir sem avisar, se não for uma boa hora...

— Você já sabe... Não sabe? Você não estaria aqui se não soubesse.

Apesar do que diz, sua voz não é agressiva. Seu tom é baixo e parece cansado.

— Eu sei... Poncho, eu precisava ver você. — Confesso sem medo de parecer uma tola.

Ele abre os braços ao redor de seu corpo.

— Está vendo Anahí. Aqui estou... Derrotado!

A dor está em todos os lugares: Na sua voz, no seu olhar, em cada gesto.

Sem pensar, o abraço.

Poncho demora consideravelmente, mas retribui.

Ele me aperta em seus braços.

De repente sua respiração parece descompassada, levanto a cabeça e percebo que ele está chorando.

Tenho vontade de chorar com ele, mas seguro as lágrimas.

Limpo seu rosto com minhas mãos.

— Ei, olhe para mim!  — Peço num sussurro e ele atende. Seus olhos estão úmidos e avermelhados.  —Vai ficar tudo bem! — Forço um sorriso.






<Notas da Autora>

Poncho sofrendo 💔

Tivemos várias teorias nos comentários do capítulo anterior. E alguma que li batem com o futuro da história. Porém, muitas surpresas ainda virão!

Tenham ótimo domingo! 🧡

Without youOnde histórias criam vida. Descubra agora