Capítulo quinze

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Por Poncho:



Anahí continua me encarando de uma maneira que parece incapaz de dizer uma palavra.

Sinto algo dentro de mim se quebrando. É como se tivesse a certeza de que tem algo de errado.

— Eu preciso que me diga... — Quase suplico num tom de voz ainda mais alto.

Seus olhos se enchem de lágrimas e como se pudesse sentir o mesmo que a mãe, o choro da criança invade os meus ouvidos.

— Oh, não! — Anahí balança-o em seu colo, na tentativa de acalma-lo. — Não chore querido, está tudo bem!

O menino ignora suas palavras, levanta a cabecinha de seu ombro e ergue em minha direção. Seus olhos extremamente vermelhos pelo choro me encaram. Meu coração se parte em milhares de pedaços.

É só um bebê! E eu estou nitidamente o assustando.

— Escuta... — Anahí diz finalmente, mesmo que hesitante. — Não é o melhor momento e nem lugar para essa conversa. Eu preciso cuidar dele, antes de mais nada... Podemos nos ver amanhã?

Avalio rapidamente a situação e concordo.

— Que tal amanhã na minha casa?

Anahí apenas concorda e anda apressadamente até a saída. Me deixando numa situação na qual é impossível não pensar em tudo que acaba de acontecer.

É como um daqueles quebra-cabeças de mil peças, que é preciso ser a porra de um gênio para montar. Nada faz sentido!

A ansiedade me consome. O que parece ser um pouco idiota da minha parte, porque a Anahí ter um filho não é algo que muda a minha vida, pra começo de conversa. Mas mesmo assim, o desconforto parece inevitável.

Sinto que perdi uma parte importante da história dela e isso me corrói.

Não somos mais noivos.

Não somos se quer amigos.

Nos tornamos dois desconhecidos.

Mas nem isso diminui o que sinto.

Deixo Nic aos cuidados de minha mãe no hospital, não preciso pedir, ela mesmo insiste para isso.

Ás 19:26 respiro fundo ao ouvir a campainha tocar. E ao contrário de algumas noites atrás, não estou surpreso por saber quem está atrás da porta.

— Oi. — Digo ao abrir a porta.

— Oi Poncho!

Anahí parece exausta.

Não que ela esteja feia ou algo do tipo. Acredite, isso é impossível, mas sua feição denúncia seu cansaço.

— Entre! — Dou espaço pra que ela possa entrar e fecho a porta em seguida. — Senta um pouco.

— Não é necessário, acho que vai ser uma conversa rápida.

A encaro, tentando decifrar o que aquilo pode significar.

— Tudo bem. — Suspiro. — Confesso que me surpreende eu ainda não ter ouvido que isso não é da minha conta ou alguma coisa do tipo.

Tento quebrar o gelo.

É pra soar como uma piada, mas ela visivelmente não entende assim.

— Não, você não ouviu. — Anahí diz firmemente, olhando em meus olhos. — Eu não te diria isso, porque é da sua conta...

— É claro que você não me deve satisfação de nada, Ani. Não quero ser invasivo, mas é que é no mínimo estranho que ninguém saiba que você tem um filho e...

Without youOnde histórias criam vida. Descubra agora