Este livro nasce da experiência de ter convivido com um sem-número de pessoas vítimas de um amor mal concebido ou doentio. Ainda que a psicologia tenha avançado na temática dos vícios como, por exemplo, o abuso de substâncias, o jogo patológico e os transtornos de alimentação, no âmbito do vício afetivo há um inegável vazio. O amor é um assunto difícil e escorregadio e, por isso, assusta. Uma grande porcentagem dos pacientes psicológicos ou psiquiátricos consulta devido a problemas derivados de uma dependência afetiva extrema que os impede de estabelecer relações amorosas adequadas. O vício afetivo tem as características de qualquer outra adição, mas com certas peculiaridades que ainda precisam ser estudadas mais a fundo. Não existem campanhas de prevenção primária ou secundária, nem tratamentos muito sistematizados contra o mal do amor.
Em termos psicológicos, sabemos muito mais da depressão do que da mania. Ou, dito de outra forma, a ausência de amor nos preocupou muito mais do que o excesso afetivo. Por razões culturais e históricas, o vício afetivo, à exceção de algumas tentativas orientais, mais espirituais do que científicas, passou despercebido. Não nos impacta tanto o amor desmedido quanto o desamor. Superestimamos as vantagens do amor e minimizamos as desvantagens. Vivemos com a dependência afetiva à nossa volta, a aceitamos, a permitimos e a patrocinamos. Do ponto de vista psicossocial, vivemos em uma sociedade cúmplice dos desmandos do amor.
Quem não sofreu alguma vez os efeitos do apego amoroso irracional? Quando o amor obsessivo dispara, nada parece detê-lo. O senso comum, a farmacoterapia, a terapia eletroconvulsiva, os médiuns, a regressão e a hipnose fracassam em uníssono. Nem magia, nem terapia. A dependência afetiva é o pior dos vícios.
Esta obra pode ser inscrita na categoria de divulgação científica, auto-ajuda ou superação pessoal. Está organizada em três partes, onde são expostos seis princípios básicos da independência afetiva. Na primeira ("Entendendo a dependência afetiva"), é dada uma visão geral sobre o assunto, são esclarecidos conceitos, e o leitor é introduzido numa compreensão amigável e útil do tema. Sem essa aproximação, seria difícil assimilar as outras seções. Na segunda parte ("Prevenindo a dependência afetiva"), procuro oferecer algumas ferramentas para promover a independência afetiva e ainda assim seguir amando. É dirigida a qualquer pessoa deseje melhorar o seu relacionamento ou criar um estilo de afeto que seja mais imune à dependência afetiva.
De toda maneira, pode ser igualmente útil para quem rompeu ou quer terminar relações disfuncionais; nessa parte são postulados três princípios. A terceira parte, "Vencendo a dependência afetiva", é a mais extensa. Seu conteúdo aponta estratégias para se desligar de relações inadequadas e não falhar nessa tentativa.
A seqüência foi organizada partindo de casos estudados durante vinte anos de exercício profissional e com base na moderna terapia cognitivo-afetiva, cujos preceitos sigo, e, mais uma vez, são postulados três princípios terapêuticos. Depois de ler a primeira parte, pode-se seguir para a segunda ou para a terceira. A ordem será definida pela necessidade do leitor.
Continuando com a posição assumida em Desfolhando margaridas, este livro mantém uma postura realista frente ao tema do amor. Ressalta a relevância de alguns"autos" fundamentais, como o auto-respeito e o autocontrole; assinala os problemas do auto-engano e promove estilos independentes, como a exploração, a autonomia e o sentido de vida. A premissa que guiou sua elaboração é que amar somente se justifica quando podemos fazê-lo de forma limpa, com honestidade e liberdade. Cada idéia persegue a meta otimista de que, sim, é possível amar sem dependências. E, o que é mais importante, vale a pena tentar. Este livro é dirigido a todas as pessoas que querem fazer do amor uma experiência plena, alegre e saudável.
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Amar ou depender?
Научная фантастика"Amar ou depender?" é um guia para os primeiros passos em direção a uma vida amorosa saudável, plena e feliz. Neste livro, o psicólogo Walter Riso identifica quando uma relação torna-se doentia, conceituando a dependência afetiva e expondo o limite...