Capítulo 24

406 33 7
                                    

Sabe a sensação de ácido corroendo seu corpo por dentro lentamente? Seu músculo incapaz de se defender tenta suportar a dor nefasta que toma conta de todo sistema nervoso. Recobro minha consciência, meus olhos avaliam todo o local começando pelas paredes que tinham um toque metálico, o espaço estava vazio e um silêncio assustadoramente pairava sobre mim. Percebo que minhas mãos estão amarradas assim que tento meche-las, meus pés mal tocavam no chão. Olho para cima e identifico duas correntes prendendo meus pulsos, sangue escorre pelo meu nariz e boca. Não preciso de um espelho para deduzir meu aspecto horrível.

— Vejo que a senhorita é audaciosa para no dia seguinte depois de ter explodido um departamento pisar os pés em uma delegacia — imediatamente reconheci o homem que entrou na sala com quem eu falei da penúltima vez. Só que dessa vez, ele trazia uma sombra de perigo e medo para o ambiente. — Pensei que você fosse inteligente para saber que ratos como você não consegue ir longe o bastante.

— Explodir departamentos policiais é o meu hobby — ri. — Eu estava apenas analisando a minha próxima vítima.

— Eu espero que você tenha aproveitado muito, pois isso não será mais possível, porque você vai apodrecer junto com aquele maldito — Dener pediu para trazer alguns equipamentos e foi para o canto da sala organizar um carrinho. Tudo que eu posso fazer é balançar as minhas mãos. No entanto, isso não me ajuda em nada além de fazer aparecer marcas roxas e dor para o meu pulso.

— Tudo que você fizer comigo será usado contra você. Ah, e com certeza eu vou cobrar — ameacei que o fez vim até mim e me dar um soco no rosto, eu estava completamente vulnerável aqui.

— Eu não sei se você percebeu, mas você nunca irá sair daqui — Dener passou a mão em meus cabelos e uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto.— Está vendo aquela câmera ali? Suas imagens são temporárias e ninguém mais tem acesso a elas a não ser eu e minha equipe — ele sorriu de canto. — Ninguém acreditará em nenhuma palavra que sair de sua boca.

Tento pensar em alguma coisa inteligente, mas sem sucesso. Minha mente fica perambulando em qualquer coisa que não seja essa situação grotesca. Penso no Jake e onde ele está agora ajuda a esquecer a dor repugnante que está grudado em meus ossos.

— Não me faça eu usar isso contra você porque eu vou gostar — olho para sua mão para identificar um estilete brilhante e afiado. — Quem eram aquelas pessoas?

— Do que você está falando?

— As pessoas que tiraram a oportunidade de salvar aquele maldito — Dener começou a rir. — Ah, eu não acredito que você não sabe. Você é tão patética que acredita em todas as mentiras dele, que ele te ama. Ele diz que se importa e confia em você, mas não te contou nada sobre o passado dele. Me diz, (seu nome), isso é amor? — antes que eu pudesse responder meus olhos se encontraram com aqueles nebulosos orbes que me davam medo.

— Parece que o destino resolveu me dar outra chance — ele sibilou sombrio.— E dessa vez você não tem aquele cara para te defender — ele sussurrou no ouvido de Dener que passou o estilete para ele.

— Ah, que pena. Eu adoraria que ele estisse aqui para ver o seu deplorável estado. Você pensou mesmo que poderia explodir nosso departamento sem ter uma punição!? Você até que foi inteligente ao atirar nas câmeras, mas esqueceu que as imagens dela ficaram salvas. Ah, pobrezinha — Dener ironizou.

— Eu vou fazer o seu rosto ficar igual ao meu por causa daquela maldita explosão — Olhei para Lucas que tinha a metade do seu rosto dilacerado.

— Não, não... Por favor, eu imploro — Quando eu penso que as coisas vão melhorar, Lucas traçou o estilete até a metade do meu rosto. Uma linha fina de sangue escapa e sinto o gosto metálico no meu paladar. Grito no mesmo instante que a dor chega no meu sistema nervoso. — Tudo isso só comprova o nosso pensamento que vocês são tão desprezíveis ao ponto de tentar contra a vida de outra pessoa — até mesmo realizar uma coisa simples como falar se tornou difícil. O ar estava rarefeito, sentia como se meu rosto fosse submetido a alta temperatura.

— E você acha que nos importamos com o que vocês pensam? — Dener sibilou. — Nós temos todo o tempo para você bancar que não sabe de nada e nos dar lição de moral.

— Dizem que todas as cicatrizes são de batalhas, não é? Agora você pode olhar para ela todo dia e lembrar dessa que você certamente perderá — Lucas sorriu brincando com o estilete. A dor está me impedindo de ficar lúcida. — Você está pronta para nós dizer ou quer que eu tatue seu corpo aqui mesmo?

— Eu... eu já disse que não sei de nada — olho para qualquer lugar que não seja eles, e encaro a câmera que mesmo com meu olhar desfocado, percebo um pequeno brilho no fundo e imagino que seja os caras da equipe deles.

— Ah, eu vejo — ele sussurrou. — Abaixo da sua clavícula ficaria perfeito — ele cravou o estilete percorrendo até a metade dos meus seios. Uma nova onda de dor surgiu e tudo o que eu desejava era sair daqui o mais rápido possível.

Como se isso não bastasse, Lucas acertou um soco bem nos cortes... A dor era tanta que chegava a ser surreal. Observei a sua mão ensanguentada. Quando o Dener ordenou para que ele continuasse, um agente entrou na sala com uma carta em mãos. Imediatamente reconheci o olho desenhado e um gelo percorreu na minha espinha.

" Olá, (seu nome).
Perdoe a minha ausência, gostaria de explicar o que ocorreu enquanto estive fora. Me encontre neste endereço amanhã.
Estarei te esperando ;)"

— Bingo! Dessa vez ele não vai ter como escapar. E eu tenho certeza que ele vai gostar da surpresa — não, de novo não. Ele vai ser pego se eu não fazer alguma coisa. Estou incapacitada de ajudá-lo, algumas lágrimas escapam dos meus olhos, e por um instante me lembro de algo. Pode não ser o Jake, não é?

Somebody To Love | Duskwood Onde histórias criam vida. Descubra agora