Frustação e incapacidade sobressaindo pelas bordas. É isso que estou sentindo no momento.
A realização do fracasso que demorei alguns dias para pensar e arquitetar, apareceu simplesmente não precisando de devidos esforços. Fiquei parada, sentindo meus batimentos naquela sala enorme que não era tão conhecida por mim. Minha respiração se tornava espaçada. Por que quanto mais eu prático e planejo algo, mais perto da imperfeição se torna?
Se bem que isso não chega nem perto do fato de ser presa e não poder fazer nada. Mas eu realmente prefiro essa hipótese do que caminhar sem ter base de nada, com incertezas. Minha mente tentava clarear uma idealização do que poderia ter acontecido, mas isso era só hipóteses para pouco tempo. Jake poderia ter fugido?Alguém poderia ter chegado antes de mim? Ou até mesmo o próprio governo ficou sabendo da minha invasão, e decidiu tomar devidas providências? Aquele sangue seria do Jake?
Essas especulações só me levavam para um maldito labirinto, onde os caminhos se tornavam apertados e sem saída no final. Tentei controlar minha respiração, para poder voltar para fora. Senti o meu rosto esquentar, levei minha mão para identificar um rastro de lágrima escorrendo. Permitir elas escorrerem para lavrar o sentimento de falha do meu sistema, assim ficarei mais neutra possível.
Já na metade do caminho sobre meus passos vacilantes, observei como uma miragem embaçada um homem sair de um pequeno corredor que passou despercebido por mim, até o presente momento. Alcancei minha arma imediatamente e mirei para o lugar em que ele estava. Não me assustei porque com certeza é o Phil. Portanto, a figura de cabelos pretos me acertou, um sorriso estampou em minhas feições se tornado amigáveis. Mas logo desapareceu ao notar que no lugar em que devia estar aqueles fascinantes oceanos ou aquela tatuagem, orbes escuras e tenebrosas me encarava. Um arrepio percorreu em minha espinha.
— Que porra é essa? — O cara perguntou olhando o seu local de trabalho completamente destruído. Esse daí deveria ser promovido por eu ter feito isso e só agora ele aparecer.
— Esse lugar estava decadente, então resolvi fazer uma reforma do meu jeito... Começando pelas paredes. Não precisa me agradecer — Prontamente pressionei o gatilho de minha arma, mas nada aconteceu. Fiquei sem tempo de reação para tentar pegar munição, pois ele perigosamente avançou, caindo sobre mim. Senti uma pontada em minha cabeça após o baque que concedeu uma vantagem para ele.
— Quem é você? — ele voltou a repetir com suas mãos em volta do meu pescoço me sufocando.
Bati em seus braços na tentativa falha de diminuir o aperto sobre mim. Com o baque do meu corpo contra o chão, a faca que estava em minha cintura caiu apenas alguns centímetros de distância atrás dele. Desesperadamente estiquei meu braço o máximo que consegui e a peguei entre meus dedos. Enfiei a faca em sua perna fazendo com que ele se afastasse. — Sua vadia! — ele gritou depois retirá-la e quantidades de sangue começou a sair.
Me arrastei para longe, passei as mãos sobre meu pescoço sentindo minha respiração se acalmar um pouco. Quando fiz menção de levantar, ele puxou meus cabelos com força fazendo com que caísse para trás. Logo ele voltou a estar por cima de mim, dessa vez ele acertou um tapa em meu rosto e a aderência fez minha pele queimar. — Você verá com que está se metendo.
A fumaça já estava nos sufocando, entretanto isso não fez ele sair de cima de mim. Começou a bater minha cabeça contra o chão, senti meu rosto molhado, mas diferente de momentos atrás, o líquido tinha cor e cheiro de ferro. Com certa dificuldade, levei minhas minhas mãos em seu rosto, conseguiu acertar um de seus olhos que o fez parar. Lascivamente o cara pegou uma de minhas mãos e algemou contra a barra de metal da porta.
Onde está o Phil quando se precisa dele?
O local estava dando indícios que ia desabar quando pedaços de tijolo começaram a cair perto de mim.
Tentei me soltar, mas minhas forças estavam praticamente nulas. Ele começou a digitar algo em seu celular, assim que terminou o guardou imediatamente. Como uma luz no fim do túnel, gritei o mais alto que consegui na esperança que o Phil pudesse me ouvir. — O que você está fazendo? — ele sussurrou tampando minha boca. — Não queremos barulho.Aproveitei que sua mão ainda estava sobre minha boca, e a mordi sentindo um gosto de sangue. Sorri satisfeita. O seu rosto se transformou em uma expressão de cólera. O fogo estava muito perto que minha pele estava sentindo como se estivesse em mim. — Eu quero ver esse sorriso quando sua cara estiver toda queimada — falou e pude entender o que estava planejando. O desespero me consumiu quando começou a me arrastar para perto. Tentei lutar o máximo que eu já nem sabia de onde tirava tanta força.
— Não! Não! — lágrimas escorriam sobre mim. O fogo estava tão perto que me forcei a fechar os olhos. Senti as pontas do meu cabelo queimar e um cheiro desagradável surgiu.
Resignada a sentir essa dor, me forcei abrir os olhos ao perceber que o seu peso não estava mais sobre meu corpo. Me afastei do fogo imediatamente. Phil estava diante do homem depositando vários socos em seu rosto, quando pensei que ele não ia mais parar, deu uma chave de braço. Alguns segundos após o homem se debater loucamente e sem progresso, desmaiou. Ele me ajudou a levantar e caminhar passando um de meus braços sobre seus ombros.
Encarar a morte com os próprios olhos é devastador.
— Daquele lado vasculhei por tudo, mas não encontrei nada. E pelo jeito você também não — Acenei fracamente em negação, sentindo fortes dores sobre meu corpo. — Vamos sair daqui antes que não de tempo — em troca o que recebi no lugar de Jake, foi gelo para aliviar tudo que estava sentindo. Atrás de nós, quando estávamos na porta o departamento explodiu e tudo estava sendo consumido pela chamas.
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Somebody To Love | Duskwood
RomanceTalvez não foram só aquelas palavras bonitas e aqueles fascinantes oceanos que conquistaram o coração de S/N. Será que enfrentar o perigo pode definir o que é amor? Depois de tudo aquele laço criado será desfeito? "Minha pele pode ser rasgada, meu...