Capítulo 26

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"Um zumbido começou. O meu olhar captou o momento quando seu sangue espirrou sobre minha pele. As suas últimas palavras saíram de forma assustadora... agonizante... Eu não sabia que seu corpo se dividia como partículas de um átomo carmesim até vê-lo caído na terra. Fragmentos de carne na minha pele me incomodavam tanto quanto saber de quem era. A morte realmente o tomou para ela..."

Como não é possível se aproximar do Jake, e não consigo nem pensar se a bomba que está nele realmente funciona, guardei a agulha em meu bolso tentando encontrar alternativas que não nos coloque em risco. Encará-lo era terrível, pois era possível ter uma ideia do que ele estava passando com os cortes abertos, hematomas e sangue em seu rosto.

— Por favor, (seu nome)... Não chore — Jake disse em um melancólico. — Isso é muito do que eu poderia suportar.

— O que fizeram com você...?— perguntei e quando chegou nos ouvidos dele, Jake fechou os olhos.

— Eu vou ficar bem — ele murmurou. — Por favor, não se preocupe comigo. Eu estou odiando saber que o motivo do seu sofrimento... sou eu. Ver esses machucados em seu rosto e não poder fazer nada está me deixando com raiva, eu estou me sentindo... impotente e... Eu deveria protegê-la — Existe tortura pior do que ver seu amado e não poder miseravelmente tocar nele?

— Eu estou em perigo, Jake... Mas não se sinta culpado — falei baixo olhando em seus oceanos. — As pessoas cometem loucuras quando estão apaixonadas... e não pense que eu me arrependo... Talvez esse seja o preço, não é?

— Eu só te peço para que continue a nadar, (seu nome) — É incrível como essa fase é tão pequena, mas causa um efeito enorme em mim. Talvez esse seja o final de tudo. Talvez é assim que acaba... e eu não quero desistir antes de chegar lá. — Mesmo que o caminho pareça insuperável as vezes... Eu preciso que você continue comigo, (seu nome).

— É claro que eu irei. Até porque quando eu começo alguma coisa, não costumo deixar tão fácil assim — Jake sorriu para mim, e esse foi o sorriso mais sincero que já recebi.

— Escute, (seu nome). É muito importante o que eu tenho para dizer — Jake disse. — Eu não estou sozinho, atrás daquele celeiro e em alguns arredores estão algumas pessoas... se eu der algum passo em falso eles irão atirar em tudo — arregalei meus olhos em choque.

— Era você na câmera?

— Sim, era. Mas não como gostaria — Jake relutou um pouco. — Essas pessoas não tem acesso alguns documentos importantes... e se eu não conseguir a tempo.. No momento, estou sem alternativas... — ele olhou para os lados.

— Entendi... Você quer que eu pegue para você — falei e ele me encarou. — Eu faço isso. Não se preocupe.

— Obrigado, (seu nome)... Por confiar em mim. Depois de tudo que eu te causei você permanece ao meu lado — ele sorriu. — Eu nem sei com te agradecer...

— Não se preocupe, Jake — falei. — Quando sairmos dessa juntos, você ter muito tempo para pensar sobre isso — estava calmo por tempo demais que me esqueci que não estamos sozinhos. Tiros começaram a ser disparados contra nós, e percebi que era das pessoas que estavam do outro lado. Como sabemos que se ultrapassar os limites extrapolados morreremos, mal deu tempo de se despedir e corremos cada um pro seu lado.

Estava difícil correr e desviar dos tiros, e com meus machucados eu não conseguiria ir muito longe. Uma bala pegou de raspão meu braço, me agachei por trás dos carros vendo os caras se aproximarem. A maldita emboscada também era pra nós, uma granada explodiu do outro lado, acertou um dos nossos carros fazendo com que as pessoas corressem. Eu não sabia o que fazer.

Entrei no carro, e Dener apareceu e conduziu o volante para sairmos dessa linha de fogo. Quando olhei para trás não encontrei o Jake. Explosivos eram soltos como fogos de artifícios contra nós. Tudo o que eu podia fazer era olhar essa confusão que me meti... E eu sabia exatamente para o que. Não é por ela. Não. Talvez seja... pela primeira vez na vida... que eu possa sentir a adrenalina do amor correndo como nicotina em minhas veias. Eu não precisava disso. Mas eu queria sentir... e dentre todos abismos dos olhos azuis... os oceanos foi quem me proporcionou isso.

Eu estava tão imersa em meus pensamentos que não percebi que Dener me fuzilava pelo olhar. — Por que você não continuou lá? Você deixou ele fugir! — ele gritou furioso. — Estávamos tão perto, se você tivesse usado o que eu te dei, ele não teria como escapar.

— Ele iria morrer! — gritei sentindo toda a raiva voltar novamente. Dener colocou as mãos em volta do meu pescoço, aquela sensação terrível surgiu como um furacão. Tentei gritar e me soltar dele, mas parecia que eu estava empurrando uma parede.

— Quem se importa!? Isso era o que planejei. Como eu gostaria de ter explodido aquele infeliz — gritou. — Aquele rato era pra ter saído do nosso caminho há muito tempo, você atrapalhou isso. Você sabia dessa armadilha... Eu falei que era pra você não cometer nenhum deslize. E, mais uma vez, você desacata colocando tudo a perder — ele sibilou e eu pude ver o ódio tomando conta de seu rosto. — Lucas!

Não. Não. Eu já estava perdendo as forças para lutar, meus pulsos foram presos novamente. Olhei nas mãos de Lucas um aparelho que dava choque. — Faça o que você bem entender. Já que não o temos, podemos nos virar com a namoradinha dele — um arrepio surgiu por todo meu corpo assim que o olhar gélido de Lucas cruzou com o meu. Eu já sabia o que viria a seguir. O mais difícil é saber que eu não poderia fugir.

Somebody To Love | Duskwood Onde histórias criam vida. Descubra agora