Capítulo 2

5.3K 564 256
                                    

Pov Jennie

Rosé começa a gargalhar no instante em que conto tudo o que aconteceu no trabalho. A danada ri tanto que chega a colocar a mão na barriga.

- Jen - ela diz meu nome em meio ao riso. - Sua editora jamais teria cogitado você para a vaga se soubesse que só namorou uma vez e que continua com o buraco fechado.

Acabo rindo de toda a situação e chego a gargalhar conforme Rosé coloca os produtos da Sex Shop no chão emborrachado de seu Estúdio de Pilates.

- Esse bullet é bom para você - diz ao pegar um pequeno vibrador cilíndrico preto com um controle pequeno. - Pode estimular seu clitóris.

- Não quer escrever no meu lugar? - proponho ao apontar para o pinguim.

- Sou fisioterapeuta, amiga. Isso aqui é um sugador de clitóris.
Você o coloca em cima do seu botãozinho e em um minuto goza como nunca.
É delicioso e a Jisoo ama me ver gozando com um desses.
Jisoo é a noiva da Rosé. Elas se conheceram na faculdade e não se desgrudaram mais desde então.

- Esse consolo - ela pega o pênis enorme. - É ideal para quem já tem uma vida sexual ativa e ele tem as vibrações de acordo com a intensidade que você aguenta. É bem gostoso.

- Você é bem safada.
Rosé começa a rir e enfileira os tubinhos coloridos.

- Eu sou confortável com a minha sexualidade e você também deveria ser. Já conversamos sobre isso, Jen. Toda mulher precisa saber se fazer gozar antes de gozar com alguém.

Acabo me lembrando da vez em que tentei fazer um boquete e acabei vomitando. Minha pele fica arrepiada ao lembrar do meu ex-namorado e meu estômago fica embrulhado, quase me sinto com as mãos dele ao redor da minha cabeça me forçando a chupá-lo já que eu não queria transar e lhe dar prazer de outra forma.

- Lembrou dele, não é?
Rosé para de se divertir com os produtos que ganhei e se aproxima de mim, me envolvendo em seus braços de um jeito protetor.

- Já passou, Jen - diz e esfrega minha costas. - Aquele babaca nunca mais vai chegar perto de você.

Minha melhor amiga pode se divertir as minhas custas, mas ela sempre me protegeu como uma leoa desde o ensino médio quando nos conhecemos e os garotos ficavam zombando do meu aparelho. Rosie me colocou debaixo das suas asas e não hesitou ao dar um soco no rosto do garoto mais alto da turma para me defender do bullying e quando meu namoro se tornou abusivo, ela também não temeu sair de casa de madrugada e me buscar na rua depois que fui jogada para fora do apartamento dele as três da manhã.

- Eu sei que já passou - digo me fazendo de forte e respirando fundo. - É que as vezes coisas que não tem nada a ver me fazem lembrar dele e eu me sinto pequena e indefesa de novo.

- Você é forte. Pode ser pequena mesmo, mas é a garota mais forte que eu conheço e tenho certeza que vai tirar de letra essa matéria sobre vibradores.
A confiança dela em mim é comovente e eu a abraço, feliz por ter comigo uma irmã de outra mãe.

- Estamos ficando sentimentais - ela fala com voz rouca. - E a gente nem bebeu ainda.

- É segunda-feira, se eu chegar em casa bêbada, A Lisa vai falar para o Bambam, que vai contar para os meus pais, que vão querer me dar outra palestra sobre os malefícios do álcool.

- Às vezes me esqueço que você mora com um cão de guarda.

- Moro no andar de cima.
Minha amiga começa a rir e tenta me explicar sobre os lubrificantes e géis para sexo oral. Entendo o básico, mas não acho que terei a oportunidade de testar tão cedo. Uma boca jamais se aproximou da minha bacorinha.

* Desço do Uber na frente de casa e vejo Lisa molhando o jardim com um regador de plástico verde. Ela é daquele tipo que curte cuidar das plantas e também se intrometer na vida alheia.

- Oi, Jennie - fala assim que eu abro o portão de ferro branco. - Sabe que pode economizar bem mais se andar de ônibus ou bicicleta, não é?

Ah, sim, além de cuidar das plantas e ser uma intrometida de marca maior, Lisa é gerente de banco e educadora financeira com milhões de seguidores nas redes sociais.

- Estava cansada para vir de ônibus.
Ela sorri, como se não acreditasse na facilidade que eu tenho para gastar. Em alguns pontos, Lisa tem razão porque eu sei que se comprasse menos comida japonesa chegaria ao final do mês com algum dinheiro e não completamente zerada como sempre acontece.

- Fui promovida - falo ao me sentar nos degraus da escada que leva para sua casa. - O aumento é mínimo, mas ainda conta, não é?

- Claro que conta - ela sorri e ajeita os óculos de armação preta em cima do nariz reto e bonito. - Parabéns, Jen.
Ela sorri e eu me vejo correspondendo ao seu sorriso porque além de engomadinha e intrometida, Lisa é muito bonita com seus olhos cor de avelã e cabelos negros, além da pele branquinha como leite.

- O que vai fazer agora?
Meu sorriso esmorece quando percebo a natureza da pergunta.

- Ah, vou escrever sobre... sobre produtos femininos.

Ela balança a cabeça, como se não compreendesse o que eu estou dizendo e eu me levanto, não querendo que faça mais perguntas sobre meu novo cargo no trabalho.

- Foi bom falar você, Lis.
Começo a me dirigir para a escada lateral que leva ao segundo andar quando ele me chama.

- Chegou a conta de luz - diz e tira um papel branco e amarelo do bolso. - Subiu em quarenta reais sua fatura em relação ao mês passado.

Claro que a beleza dela meio que se perde com esse comportamento irritante de quem adora ser uma mão de vaca de primeira.

- Talvez tenha a ver com o fato de sempre deixar a luz da varanda acesa.

- Sinto-me melhor com a luz acesa - confesso ao pegar a conta da mão dela, meus dedos esbarrando nos seus.

- Está segura aqui, Jennie. É uma ótima vizinhança.

- Não tenho medo de assalto. É que vi um filme horroroso de terror e não quis deixar a casa sem um local bem iluminado.
Lisa tenta disfarçar, mas começa a rir.

- Não veja mais esses filmes.
Ergo os dois polegares e faço um sinal indicando que vou subir.
Lisa volta a regar o jardim, seus ombros largos se destacando na camiseta branca que usa.

Morar aqui foi uma forma de eu pagar pouco pelo aluguel, mas também o jeito certo dos meus pais me deixarem sair de casa e viver minha própria vida. Claro que o fato do Lisa ser a melhor amiga do meu irmão mais velho as vezes é meio chato, principalmente quando eu e Rosé exageramos na balada.

Deixo as fofocas de Lisa de lado quando entro em casa e coloco a sacola da luxúria em cima da mesa. E agora, como vou me virar para escrever algo que impressione Momo e que não demonstre que sua nova colunista de amor e sexo é totalmente virgem?

___________________________________

Espero que gostem! Até o próximo capítulo ❤

𝘼 𝙫𝙞𝙧𝙜𝙞𝙣 𝙞𝙣 𝙩𝙧𝙤𝙪𝙗𝙡𝙚 •Jenlisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora