Capítulo 51

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ANA POV:

No fim da tarde, recebi uma mensagem do Bruno dizendo que ele estava embarcando para a Itália e que qualquer coisa acontecendo, eu não precisaria hesitar em falar com ele.

É óbvio que doía em mim me separar dele, mas doía ainda mais saber que eu o magoei quando não fui capaz nem de gerar um filho, ainda mais que Bruno sempre quis ser pai e não escondia isso. Eu me odiaria se o magoasse mais com isso e ainda mais poderia o magoar com as palavras que poderiam sair da minha boca, considerando que a minha cabeça não está no lugar.

- Boa noite, Ana! - uma enfermeira adentrou no meu quarto e eu a olhei - Vou tirar seu acesso, porque você já recebeu alta!

- Tudo bem! - estiquei meu braço e ela tirou a agulha de lá. Fiquei pressionando um pedaço de algodão enquanto ela terminava de ajeitar as coisas.

- Você pode passar lá no consultório do médico, que ele vai ter dar as últimas orientações antes de você ir! - assenti e a enfermeira me ajudou a levantar da cama. Antes de entrar no consultório do médico plantonista, liguei para Larissa e ela disse que logo viria com Davi para me buscar.

O médico me disse que por agora eu precisava ficar pelo menos dois dias de repouso e eu reclamei mentalmente, porque eu odiava ficar sem poder fazer. Peguei toda a papelada de atestados e remédios e saí do hospital, esperando meus amigos.

Com poucas palavras, respondi meus pais e os acalmei, para que eles não viessem pro Rio sem muita necessidade. Lari e seu namorado chegaram sem muita demora. Ao longo do caminho eles conversavam e tentavam me incluir no assunto, mas eu realmente não estava com ânimo pra nada e eu sabia que estava sendo chata, mas eu simplesmente não conseguia.

Cheguei em casa, agradeci eles por terem ido me buscar e também por terem ficado lá comigo, e depois fui tomar banho. Não quis comer nada e só me deitei, querendo que esse dia, essa dor acabassem o mais rápido possível. E eu até suportaria uma dor física, mas a dor que eu sentia era bem mais do que isso.

...

- Ana? - senti Larissa me cutucar e eu abri meus olhos com um pouco de dificuldade - Vou indo pra faculdade, quer que eu leve seu atestado? - me sentei.

- Quero sim! - ia me levantar, mas ela me impediu.

- Eu pego, relaxa!

- Um eu tenho que levar para o estágio! - ela concordou.

- Quer que eu deixe lá pra você?

- Não, eu já avisei o diretor e quando eu voltar, vou deixar lá! - Lari assentiu.

- Você vai ficar bem?

- Vou!

- Vê se fica quieta nessa cama, hein! - me alertou antes de sair do quarto e eu acabei rindo. Ouvi a porta da frente sendo fechada e esperei um pouco antes de levantar. Fui até o banheiro e fiz a minha higiene matinal e troquei a minha roupa, depois fui tomar meu café e vi que aquela pia estava uma zona.

Resolvi que antes de lavar tudo aquilo,  iria lavar umas roupas e arrumar meu quarto. Quando já estava quase na hora do almoço, fui encarar aquela pia de vasilhas. Pouco antes de acabar, ouvi batidas na porta e estranhei. Caminhei até a porta e abri e dei de cara com Davi.

- Ué, tá fazendo o quê aqui, criatura?

- Pra garantir que você vai comer, falei com a Larissa que ia vir comer aqui! - levantou duas sacolas e eu neguei com a cabeça, rindo de leve. Dei espaço e ele adentrou, antes de fechar a porta - Tá aprontando o quê?

- Dando um jeito nas panelas da pia! - ele me olhou, com os olhos semicerrados.

- E o repouso, dona Ana?

- Você sabe que eu odeio ficar parada!

- Tô nem aí, você trate de ficar deitado naquela cama e vá assistir uma série! - tirou a comida da sacola e um litro de suco. Comemos em silêncio e eu sentia o olhar dele me analisando - E aí? Como tá se sentindo hoje?

- Enquanto eu estava ocupada, tudo certo! Não quero ficar atoa... Você sabe que mente vazia é oficina do Diabo! - ele negou com a cabeça.

- Mas se você não seguir o repouso, vai ser pior! Existem recomendações médicas por um motivo! - ele disse, já tendo acabado de comer e foi terminar de lavar as panelas que antes eu limpava. Bufei e acabei de comer.

Fiquei ali na cozinha com ele até que Davi terminasse. Antes dele voltar ao trabalho, ouvi mais um sermão e então, mesmo odiando, fui para a minha cama. Suspirei profundamente e abri a conversa com Bruno no WhatsApp, encarando ali por uns cinco minutos, escrevendo e apagando o texto um  monte de vez, até que tomei coragem e mandei mensagem para ele, perguntando se tinha ido tudo bem na viagem e se ele já estava em Modena. Mas ele nem havia recebido a mensagem. Talvez só estivesse sem internet no momento.  

Bloqueei a tela, me odiando por ser bipolar. Eu disse pra ele que queria espaço e lá estava eu, tentando me aproximar aos poucos dele. Eu sabia o que eu queria, mas ao mesmo tempo eu tinha muito medo de magoar por não ser boa o suficiente.

Meu Tudo - B. RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora