Meu Tudo - B. Rezende

Capítulo 25

ANA POV:

Alguns dias já tinham se passado desde que conheci seus amigos e nós dois assaltamos a geladeira no meio da noite para tomar sorvete de chocolate. Agora, ele já tem voltado aos treinos, depois de algumas sessões de fisioterapia, e se preparando junto com a equipe para a Liga, que começava muito em breve.

Eu também estava na correria. Com o final de semestre se aproximando, as provas e os trabalhos afogavam a gente e somente aos finais de semana eu estava tendo um tempo de folga, mesmo algumas vezes sendo assistente de uma das minhas professoras da faculdade no cursinho de inglês aos sábados, depois que pedi para ela uma ajuda para melhorar na matéria.

Por isso, Bruno e eu só estávamos saindo mais aos finais de semana e fazendo o possível para ao menos nos vermos ao longo da semana. Mas estávamos indo bem, porque conversávamos muito por mensagens e ligações ao longo da semana e tentávamos estar juntos a maior parte do tempo, seja só nós dois ou com os nossos amigos. 

E quando eu disse "tentar passar a maior parte do tempo juntos", Bruno levava isso muito a sério, porque justamente agora, meu celular tocava freneticamente às cinco da manhã.

- Eu disse que iria te ligar se você não estivesse acordada! - ele disse do outro lado da chamada.

- Quando você disse " Estou te convocando para uma caminhada amanhã, às cinco, esteja acordada!" era verdade? - ouvi a risada do Bruno.

- Era sim!

- Meu Deus, por quê eu resolvi sair com um atleta? - ainda era possível ouvir a risada dele.

- Você vem? Eu tô aqui embaixo!

- Tá, me espera que já desço!

Desliguei a chamada e fui no meu guarda roupa pegar uma caminhada na praia. Fui ao banheiro para fazer minhas higienes e me vestir. Sai, indo direto para a cozinha procurar algo para comer, mas fazer um café estaria fora de cogitação porque demoraria muito, então bebi uma água e comi uma banana enquanto ia para o meu quarto pegar uma meia e calçar o tênis.

Depois de tudo pronto, desci e vi Bruno sentado na calçada, próximo ao seu carro e mexendo no celular. Me aproximei lentamente, na intenção de dar um susto, mas ele percebeu e se levantou, me dando um beijo. Interrompi, tentando fazer a melhor cara séria que eu pudesse.

- Olha, Bruno! Eu queria te falar uma coisa: eu estive pensando sobre a gente e meio que não vai dar certo não! - ele também ficou sério e eu quis rir, mas mantive a pose, ainda sem acreditar que ele não havia entendido a brincadeira.

- Por quê? Eu fiz algo de errado?

- É claro que fez! - a cara de espanto dele foi ainda maior.

- Ana, olha... - o interrompi, rindo.

- Tô brincando com você, Bruno! Mas sério, caminhada às cinco da manhã num domingo enfraquece o relacionamento! - ele suspirou aliviado e se permitiu rir.

- Caralho, que susto! - me deu um abraço e eu retribuiu - Nem se eu prometer fazer um almoço bem maneiro pra gente e depois a gente passar a tarde toda dormindo juntinho? - beijou meu pescoço.

- Você esqueceu que cozinha não é seu ponto forte! - ele riu, com os lábios ainda no meu pescoço.

- Tem razão! Podemos comer fora ou  pedir algo, você que escolhe! - ri.

- Depois a gente decide, mas você vai me pagar uma água de coco com certeza! - vi o sorriso dele - Não quer deixar suas coisas lá em casa? A chave do carro nem nada?

- Não precisa, tá tudo aqui no meu bolso já!

- Tudo bem então! - Bruno sorriu e pegou a minha mão para irmos caminhando em direção à praia, que não era tão longe da minha casa, mas pelo menos uns 15 minutos nós tivemos que andar até lá. Pelo horário, só tinha algumas pessoas com o mesmo objetivo que Bruno e eu: fazer exercício físico.

Meu Deus! Quem diria que eu e exercício físico estariam na mesma frase!

- Tá pensando em quê? - Bruno me perguntou, percebendo que eu estava um pouco calada.

- Só  pensando que tinha que ser você mesmo pra me fazer sair da minha zona de conforto! - ouvi a risada dele.

- Desculpa por isso! É só que eu também queria passar mais tempo com você, a Liga tá chegando e você também tá planejando ir visitar seus pais então vamos ficar alguns dias sem se ver, vai ser até pior do que essas nossas semanas corridas!

- Tudo bem, Bruno! Depois que eu acordo, não ligo pra qual horário seja e também está sendo legal ver o dia amanhecer ao seu lado, mesmo eu está quase morrendo por ser sedentária! - nós rimos.

- Então quer dizer que não rola uma aposta de corrida?

- Não aposto nada! Você vai ganhar e vai ser até humilhante pra mim! - ele riu.

- Que isso, uma aposta é sempre divertida! 

- Você quer apostar o quê? - ele fez uma cara, que com certeza me estremeceu por dentro.

- Nem sei dizer, são tantas coisas! - dei um empurrão de leve em seu ombro e sai correndo - Ei! - ouvi ele gritando e me virei rindo, vendo que ele logo me alcançaria. Malditas pernas! - Roubar não vale! - riu, me abraçando por trás.

- Sério? Estava feliz achando que tinha ganhado de você! - fiquei de frente pra ele, com seus braços ainda em volta de mim.

- Tudo bem, eu deixo você ganhar! O que você quer? - fiquei pensando e ele riu da minha cara.

- São tantas coisas...! - repeti a frase dele e vi o seu sorriso sacana - Me contento por enquanto com um beijo!

- Só um? - assenti - Te algum lugar específico? - perguntou me olhando.

- Bom, considerando que estamos em público, pode ser na boca mesmo! - ele riu e aproximou seu rosto do meu, me beijando fervorosamente.

- E quando estivermos sozinhos? Vai querer um aonde? - perguntou sussurrando no meu ouvido, me arrepiando dos pés a cabeça.

- Não sei dizer se um beijo vai ser suficiente! - disse rindo e me afastando, voltando a caminhar.

- Ana, Ana! Não brinca comigo, hein! - ele comentou segurando a minha cintura e eu o puxei, vendo que Bruno também ria.

- Vamos, que você ainda tá me devendo uma água de coco!