Capítulo 43

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ANA POV:

A noite ficou completamente estranha depois que eu descobri que o meu namorado ia jogar em outro país e nem sequer me avisou disso. Todo mundo ali falava, mas parecia que só eu e Bruno ficávamos calados, concordando ou negando com a cabeça quando se dirigiam a nós em algum assunto.

A verdade é que eu queria sair dali e ir para qualquer lugar sozinha e chorar. No momento, eu realmente não queria lidar com tudo aquilo e muito menos conversar com o Bruno sobre. Estava chateado com ele e a minha cabeça estava a mil.

- Podemos ir embora? - ele me perguntou e e eu assenti, me levantando junto dele. Foi bastante demorado se despedir de todos, porque sempre alguém queria falar uma coisa ou outra, nos prendendo, mas suspirei aliviada quando entramos no carro - Você ainda vai querer ir lá pra minha casa? - ele me perguntou, dando partida.

- Pode ser! - disse ajeitando o cinto e encostando a minha cabeça no vidro do carro, observando a rua passar como um borrão e depois disso, ficamos em um completo silêncio. Nem ao menos o rádio ele ligou hoje.

Chegamos no apartamento do Bruno ainda sem trocar nenhuma palavra. Fui para o quarto e peguei alguma roupa minha que tinha ali mais leve para dormir, mas antes que eu entrasse no banheiro, a voz dele invadiu o quarto:

- Você quer conversar agora?

- Amanhã... Você nem se importou de me falar sobre isso antes, então mais algumas horas não vão te fazer mal! - comentei e entrei no banheiro, sem ao menos olhar para o Bruno.

Tirei minha roupa e entrei debaixo do chuveiro e deixando as minhas lágrimas caírem assim como a água caia em meu corpo. Era óbvio que eu estava chateada. Por ele ter escondido isso o tempo todo de mim e porque agora a gente ia ter que decidir o que fazer daqui pra frente.

Ele escolheu jogar lá e eu vou ficar aqui e eu sabia e tenho certeza que o Bruno sabia o que teríamos que fazer. Não iríamos conseguir manter essa relação à distância.

...

Levantei bem cedo e percebi que o Bruno já nem estava mais deitado ali do meu lado. Fui até o banheiro fazer a minha higiene matinal e logo caminhei até a cozinha, mas também não o encontrei ali, só que o café já estava posto. Resolvi tomar um pouco de café somente e percebi que o Bruno estava na varanda sentado.

Respirei fundo antes de ir até lá. De relance vi que ele tinha os olhos vermelhos e observava o dia amanhecendo e eu fiquei pensando desde que horas ele estava ali, só que dessa vez resolvi falar.

- Tá acordado tem muito tempo?

- Não dormi direito, então sim, estou acordado há muito tempo! - disse se virando pra mim e nossos olhares se encontraram. A cara dele era péssima e eu doía em mim saber que ele tinha ficado a madrugada toda chorando.

- Quantos anos você vai ficar pra lá?- disse desviando o olhar.

- Dois, pelo menos! - engoli seco. Era muito tempo - Ana, a gente pode continuar isso! Eu só viajo no próximo mês, antes do início da temporada lá da Itália!

- E como a gente vai fazer isso, Bruno? Você vai ter pelo menos dois jogos na semana e eu vou trabalhar a semana toda também, não sei se vamos conseguir continuar com isso, quer dizer, eu odiaria ter que ter você só em uma tela, porque praticamente não conseguiríamos nos ver muito!

- Eu sei que é uma ideia egoísta, mas e se você fosse comigo? Você termina a faculdade e vai pra lá comigo!

- E passar o resto da minha vida sendo sustentada por você, Bruno? E largar tudo meu pra ir morar em outro país com você? Se essa relação não der certo, a única que vai sair prejudicada na história sou eu!

- Ana, por favor! Não tô dizendo pra você não seguir fazendo as coisas que você ama... Talvez lá você consiga até escrever um livro, pelo menos até você se acostumar com a língua e a cultura! Tem muita oportunidade lá!

- Não, Bruno! A minha resposta é não! Isso é muito arriscado pra mim agora! - eu segurei o choro - A gente sabia desde o início que tínhamos vidas bem diferentes e esse é o ponto em que a gente não pode mais seguir juntos. Você fez a sua escolha e eu a minha!

- Que droga, Ana! Eu pago aquela recisão e fico aqui, mas não me deixa! - ele começou a chorar e segurou o meu rosto e eu acabei não resistindo e também chorei.

- Não, não vou deixar você desistir do que você realmente quer pra ficar aqui por minha causa! Eu entendo que lá foi a melhor oportunidade pra você e eu quero te ver brilhar ainda mais! Me desculpa, mas tudo que eu tenho e tudo que eu sou está aqui no Brasil e eu não posso abrir mão disso agora! - ele assentiu e ficou me olhando, antes de juntar nossos lábios num beijo doce e delicado. Quando o beijo acabou, ficamos com as testas coladas por um tempo.

- Eu te amo muito, como eu nunca amei ninguém! - ele disse e meu coração se apertou.

- Eu também te amo e vou estar sempre torcendo por você! - dei o meu melhor sorriso e me afastei - Eu vou trocar de roupa e vou embora, é melhor! - Bruno assentiu e se ajeitou na cadeira, cabisbaixo.

Fui para o quarto novamente, tentando controlar as teimosas lágrimas que caiam e abri o guarda roupa. Escolhi qualquer coisa aceitável e troquei de roupa. Eu ainda tinha um monte de coisa minha na casa do Bruno e ele na minha, mas no momento não estava nem um pouco afim de juntar nada. Tudo que eu queria era me trancar no meu quarto e quem sabe nunca mais sair.

Fui no banheiro, lavei meu rosto e ajeitei mais ou menos meu cabelo. Voltei para o quarto e peguei a minha bolsa, procurando meu celular e desejando que algum Uber já estivesse por aí e que aceitasse a minha corrida.

Não consegui nenhum bendito, mas o Davi me salvou ao ver a minha mensagem logo e dizer que iria mais cedo lá em casa só pra me e dar carona. Dei o endereço do apartamento do Bruno e fiquei ele esperando me avisar que já estava lá em baixo.

Aproveitei para ajeitar a cama e voltei para a varanda, encontrando Bruno no mesmo estado.

- Vem! - puxei ele pelo braço, o fazendo se levantar.

- Pra onde?

- Vem deitar um pouco, Bruno! Você precisa dormir! - eu disse e ele relutou.

- Não quero!

- Larga de agir como criança e vem! - puxei ele novamente e guiei até o seu quarto. Bruno se deitou e eu o cobri. Deixei ele ali e fui na cozinha guardar as coisas do café da manhã e também lavar alguns copos que estavam ali.

Depois disso tudo, ainda fiquei um tempo na sala sentada, até por fim Davi me ligar. Voltei para o quarto do Bruno e ele ainda estava acordado.

- Estou indo embora! Outra hora eu pego o restante das minhas coisas! - ele se sentou na cama.

- Eu vou te levar em casa!

- Não precisa, o Davi tá me esperando! - ele bufou.

- Então é isso?

- É isso!

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Olá, amores!
Nem ia conseguir atualizar hoje porque estava resolvendo alguns assuntos da faculdade, mas acabei desenrolando mais cedo do que eu pensava!

Espero que estejam gostando da leitura e comentem bastante ♥️

Meu Tudo - B. RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora